Publicado em:
Maior grupo hospitalar do país, a Rede D’Or é a primeira empresa de capital fechado a ser eleita Empresa de Valor desde que o anuário “Valor 1000” foi lançado, em 2001. A premiação coroa uma trajetória marcada pela evolução consistente de resultados, sobretudo ao longo dos anos de crise. O grupo figura no time das companhias que mais cresceram no ranking das mil maiores no período de sete anos. E pela quinta vez consecutiva, desde 2015, ocupa a primeira colocação no setor de serviços médicos. Em 2010 também venceu como Hospital São Luiz.
Nos últimos quatro anos, cerca de 3 milhões de pessoas perderam o plano de saúde devido à crise econômica e ao desemprego no país. Ainda assim, a Rede D’Or conseguiu, em 2018, aumentar o lucro líquido em 22,5% e alcançar R$ 11 bilhões de receita líquida – mais do que o dobro da segunda colocada no ranking do setor, o Hospital São Paulo. Nos primeiros semestres deste ano, a performance segue forte, com alta de 25% na linha da receita e de 15% no lucro líquido.
Uma das razões que colocam a Rede D’Or na posição de liderança é a sua capacidade de se antecipar às tendências de mercado. Em 2010, cinco anos antes de os investidores entrarem no setor hospitalar, a Rede D’Or já buscava recursos junto ao BTG para aquisição do Hospital São Luiz – transação que contribuiu significativamente para o grupo de origem carioca ter presença nacional. Atualmente, a Rede D’Or tem 44 hospitais distribuídos em sete Estados do país.
Diante das perspectivas de envelhecimento da população e da mudança no modelo de remuneração que tende a ser cada vez mais baseado em performance, a companhia começou há alguns anos a diversificar seu negócio. Além dos hospitais, que são sua principal fonte de receita, o grupo também é dono de uma rede com mais de 40 clínicas oncológicas, laboratórios de medicina diagnóstica e uma corretora com cerca de 2 milhões de usuários de planos de saúde corporativos.
Esse último negócio vai gerar sinergias com a mais recente transação da Rede D’Or que, neste mês, adquiriu 10% da Qualicorp, empresa com 2,4 milhões de usuários, sendo que a maior parte é de planos de saúde por adesão. A aceitação do mercado foi imediata: num só pregão, o papel da Qualicorp fechou com alta de 36,6%.
Com as novas frentes em ascensão, Heráclito Brito, atual presidente da Rede D’Or, vai assumir em janeiro a holding do grupo que abarca todos os negócios. Paulo Moll, vice-presidente e um dos filhos do fundador da companhia, Jorge Moll, assume o posto. Outra característica da Rede D’Or é a sua estrutura corporativa enxuta, à qual os gestores creditam o sucesso da companhia. Nos últimos cinco anos, os custos corporativos mantêm-se no mesmo patamar. Para a família Moll, controladora da empresa com uma fatia de 59%, a empresa deve crescer, mas os executivos devem ter o olhar do dono. Os demais sócios da Rede D’Or são o Carlyle e o GIC (fundo soberano de Cingapura).
Chama atenção como a Rede D’Or reagiu rapidamente ao descredenciamento (parcial ou total) de 17 de seus hospitais para a Amil, a segunda maior operadora de planos de saúde, em abril. O grupo hospitalar firmou parcerias com a Bradesco e a SulAmérica que criaram modalidades de seguro saúde em que a maior parte da rede de prestadores de serviço, como os hospitais, é da Rede D’Or. Com isso, o grupo hospitalar ganha uma fatia dos clientes perdidos com a Amil e as seguradoras conseguem concorrer com as operadoras verticalizadas que oferecem produtos mais baratos.
Para atender à demanda dos novos seguros saúde, a Rede D’Or fechou a aquisição da Perinatal, uma das principais maternidades do Rio – ativo que também era disputado pela Amil. As aquisições não são a principal alavanca de expansão da companhia que está priorizando o crescimento orgânico. O grupo vai investir R$ 8 bilhões na construção de novos leitos até 2023. Na visão da Rede D’Or, a oportunidade de crescimento “mora ao lado”, ou seja, nas praças em o grupo já tem hospitais: Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Pernambuco, Bahia e Maranhão.
Fonte: Valor Econômico