Com liderança do pesquisador Fernando Bozza, consórcio internacional recebe fomento para ampliar estudos clínicos em países de baixa e média renda
O consórcio internacional de pesquisa clínica ISARIC (International Severe Acute Respiratory and emerging Infection Consortium) acaba de receber um fomento de até 16,5 milhões de libras — cerca de 127 milhões de reais — para fortalecer a resposta global a doenças infecciosas emergentes. Entre os principais nomes à frente da iniciativa está o pesquisador brasileiro Fernando Bozza, do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR) e da Fiocruz, que é atual presidente do Conselho Executivo do consórcio desde setembro de 2024.
Criado em 2011, o ISARIC atua como uma rede internacional colaborativa, composta por cientistas de 140 países. Seu objetivo é gerar evidências científicas robustas para melhorar o cuidado a pacientes durante surtos infecciosos e
preparar sistemas de saúde ao redor do mundo para responder de forma ágil e coordenada às próximas ameaças sanitárias.
Em abril, foi confirmado para o consórcio o fomento oferecido pela Wellcome Trust, pelo governo britânico (Foreign, Commonwealth and Development Office) e pela Fundação Bill & Melinda Gates. A nova iniciativa mira especialmente no fortalecimento de pesquisas clínicas em países de baixa e média renda.
“Enquanto estivermos despreparados para lidar com surtos de doenças infecciosas, epidemias e pandemias continuarão a ameaçar e impactar milhões de vidas ao redor do mundo”, afirma o Dr. Fernando Bozza. “Esse financiamento permitirá o avanço da qualidade e da capacidade de pesquisa clínica, especialmente nos locais onde os recursos são mais escassos.”
O apoio financeiro terá duração de cinco anos e irá acelerar estudos sobre doenças como dengue, infecções respiratórias virais e Ebola. O consórcio, que se tornou referência durante a pandemia de covid-19 ao reunir o maior banco de dados clínicos de pacientes infectados — com cerca de 1 milhão de registros —, também tem histórico de atuação em epidemias como Zika, febre amarela, varíola dos macacos e peste bubônica.
Além de presidir o ISARIC, Bozza lidera pesquisas em doenças infecciosas e terapia intensiva no IDOR e na maior rede hospitalar da América Latina, a Rede D’Or. Sua trajetória inclui mais de 250 publicações científicas revisadas por pares, e sua equipe multidisciplinar trabalha com modelos estatísticos e de aprendizado de máquina para avaliar, por exemplo, a efetividade das vacinas contra a covid-19 no Brasil.
Bozza também é o idealizador e primeiro presidente da Rede Brasileira de Pesquisa em Terapia Intensiva e atua para consolidar iniciativas colaborativas na América Latina. Sua liderança no ISARIC reforça o papel estratégico de cientistas brasileiros no enfrentamento de emergências sanitárias globais e no fortalecimento da infraestrutura científica dos países do sul global.
17.06.2025