Nos dias 13 e 14 de junho de 2025, o Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR), com apoio da FAPERJ, sediou no Rio de Janeiro o ciclo de debates “Formação Médica: Desafios e Caminhos para o Presente”. O encontro teve como objetivo central refletir sobre soluções estruturais para a melhoria da qualidade da formação médica no Brasil, reunindo lideranças do Ministério da Educação, Ministério da Saúde, secretaria municipal de saúde, universidades públicas e particulares, associações profissionais e estudantes. Estiveram presentes mais de 150 convidados, estando na plateia reitores e dirigentes das principais escolas médicas do estado do Rio de Janeiro, compondo uma audiência qualificada e ativa.
A expansão desordenada dos cursos de medicina — marcada pela predominância de instituições privadas e por decisões judiciais que fragilizam o controle de qualidade — foi um dos principais temas abordados. Debatedores destacaram a urgência de políticas públicas que articulem regulação efetiva, diretrizes curriculares atualizadas, instrumentos de avaliação robustos e planejamento estratégico.
Dados e regulação: pilares de mudança
A necessidade de dados públicos consistentes sobre a qualidade da formação médica foi consenso entre os participantes. Sandro Schreiber (Presidente da Associação Brasileira de Educação Médica – ABEM) destacou a importância de avaliações contínuas tanto para estudantes quanto para egressos. Ulysses Teixeira (INEP) apresentou o Enamed, o novo exame que visa medir o desempenho dos alunos e a capacidade das instituições, tendo potencial para padronizar indicadores nacionais, ainda que permaneça limitado ao campo cognitivo, deixando de abordar aspectos atitudinais.
A proposta de um exame de proficiência, dissociado de uma avaliação das IES, ao final da graduação foi questionada por Denise Herdy, que alertou para os riscos de aprofundamento das desigualdades educacionais se soluções superficiais forem priorizadas em detrimento da transformação estrutural.
Planejamento da força de trabalho em saúde
Mário Scheffer apontou a falta de articulação entre graduação, residência e especialização como reflexo da ausência de um plano estratégico para o setor. Felipe Proenço apresentou o Programa Agora Tem Especialistas, ressaltando a importância de políticas indutivas para suprir a ausência de especialistas em regiões periféricas e distantes dos centros urbanos, a exemplo do que já ocorre na Atenção Primária.
O secretário municipal de saúde Daniel Soranz demonstrou, com dados do município do Rio, que investir na formação de profissionais impacta positivamente o desempenho clínico e a eficiência do sistema de saúde. Nesse sentido, a proposta da ABEM para novas Diretrizes Curriculares Nacionais — que reforça o perfil generalista e o compromisso com o SUS — foi recebida como avanço necessário.