Estudo calcula como as descargas podem espalhar vírus pelo banheiro a partir da saída do vaso sanitário.

A pandemia do novo coronavírus tem trazido à luz diversas pesquisas em diferentes áreas com a finalidade de entendermos melhor o comportamento do vírus e como lidar da melhor maneira para sua contenção. É visto que a principal via de transmissão do vírus são por gotículas de saliva, e alguns sintomas como diarreia e vômito mostram que o vírus pode sobreviver no sistema gastrointestinal. Em março, um grupo da universidade de Sun Yat-Sen, na China, descobriu que há possibilidade de contaminação por Sars-CoV-2 pela via fecal-oral, o que se vê em outras classes de vírus, como norovírus e rotavírus; ou seja, é um canal comum de transmissão para a maioria dos vírus.

Os banheiros são usados por grande parte da população para suas necessidade diárias, mas estes podem ser perigosos especialmente nesta pandemia global. Por isso, modelos de como bloquear essa via de transmissão foram estudados em um artigo publicado na Revista Physics of Fluids. Segundo a pesquisa, vasos sanitários devem ser tópico extenso de pesquisas, pois há uma alta variedade de vírus nestes ambientes, o que seria uma fonte de contaminação. Por isso, os pesquisadores construíram um modelo para estudar o processo de descarga de vasos sanitários comuns.

As modelagens de descarga compararam dois processos, um que tem entrada única (imagem à esquerda) e outro com entrada anular (imagem à direita), como na figura abaixo: 

Referência: Phys. Fluids 32, 065107 (2020); doi: 10.1063/5.0013318

Quando compararam os processos de descarga de ambos modelos, os pesquisadores encontraram semelhanças e diferenças. Eles dizem que é plausível supor que o fluxo de ar de alta velocidade expulse partículas de aerossol da bacia para regiões mais altas do ar acima do vaso sanitário, resultando no espalhamento do vírus em ambientes fechados, causando riscos à saúde humana. 

O artigo ressalta que as conclusões encontradas no estudo são alarmantes e devem ser levadas em conta, algumas delas seguem aqui: 1) muita movimentação de partículas de aerossol, que significa forte turbulência, foi encontrada nos dois métodos de descarga; 2) uma velocidade que aponta para cima pode chegar a até 5 metros por segundo, que é capaz de jogar aerossol para fora do vaso sanitário; 3) 40% a 60% das partículas podem subir acima do assento do vaso sanitário atingindo mais de um metro do solo; e 4) nas mesmas condições de teste, a descarga anular causa maior propagação do vírus.

O artigo conclui que olhando para tais resultados, alguns procedimentos deveriam ser adotados ao utilizarmos banheiros. Primeiro, baixar a tampa do vaso sanitário pode impedir a transmissão do vírus, também limpar o assento do vaso sanitário antes de usá-lo elimina partículas de vírus depositadas na superfície do local. Por fim, partículas do vírus podem estar presentes no acionador de descarga e na maçaneta da porta, por isso é importante lavar as mãos após dar a descarga.

Por Luiza Mugnol Ugarte

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