Um dos principais nomes da anatomia patológica da América Latina vai liderar projeto para diagnósticos e tratamentos mais precisos
As doenças não se desenvolvem da mesma forma em todas as pessoas, bem como a eficácia de um medicamento não é igual em cada paciente. Compreender a razão dessas diferenças – e, assim, prever o comportamento de uma enfermidade, estabelecer diagnósticos mais precisos, indicar tratamentos mais adequados e até mesmo determinar a probabilidade de uma doença se desenvolver – é o objetivo da chamada medicina personalizada. O que parece próprio de filme de ficção científica vem se tornando, cada vez mais, realidade e, no Brasil, um dos principais nomes da América Latina em anatomia patológica, estará à frente do projeto que vai consolidar esse conceito de medicina na maior operadora independente de hospitais do Brasil.
Coordenador médico do setor de patologia do Grupo Oncologia D’Or, Fernando Augusto Soares vai liderar o recém-inaugurado e mais moderno laboratório de anatomia patológica no Brasil. Localizado próximo ao Hospital São Luiz Jabaquara, a unidade deverá realizar cerca de 7.000 exames por mês, com o tempo de entrega do diagnóstico de três dias úteis e beneficiará todas as unidades da Rede D’Or São Luiz. Com um time especializado e muito experiente, o laboratório vai permitir a realização de diagnósticos precisos e determinantes, principalmente, para o tratamento do câncer.
Equipamentos de última geração permitirão, por exemplo, consultas virtuais entre as equipes que coordenarão o serviço de patologia nos outros estados em que a Rede está presente, sendo responsáveis pela integração do serviço. O laboratório faz parte do projeto da Rede em ampliar o acesso da população aos tratamentos oncológicos, tornando o grupo referência do setor no país. No projeto como um todo serão investidos mais de R$ 3 bilhões.
Fernando, que também é professor titular de Patologia Geral na Universidade de São Paulo, explica que os avanços tecnológicos na medicina permitem, crescentemente, a leitura de forma detalhada do códi genético do indivíduo. Com isso, gera-se a possibilidade de prever de maneira probabilística a susceptibilidade a doenças, bem como a forma específica que a enfermidade se desenvolverá naquele paciente.
Membro do Standing Committee da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a classificação dos tumores, o coordenador do Grupo Oncologia D’Or conta o exemplo do diagnóstico de câncer de pulmão, para mostrar como o laboratório deverá abrir novos horizontes e ampliar o sucesso dos tratamentos oferecidos na rede. "Há menos de dez anos, quando um patologista tinha uma biópsia de pulmão, as opções diagnósticas eram restritas a duas: o carcinoma de não pequenas células ou o carcinoma indiferenciado de pequenas células. Com apenas esses dois diagnósticos se cobriam 95% dos casos. Hoje, a participação do patologista passou de simplesmente separar em dois grandes grupos de tumores para ser absolutamente específico em nível molecular, o que permite nortear a terapia personalizada", explica.
Justamente, o novo laboratório pretende ampliar o papel da anatomia patológica nos hospitais, e, desse modo, consolidar o conceito de medicina personalizada, uma vez que os testes preditivos dirão se o tumor analisado terá resposta ao tratamento. "Os patologistas não estarão apenas no laboratório, mas também integrados ao corpo clínico, dando o apoio que for necessário tanto no centro cirúrgico quanto nos consultórios", destaca Fernando.