A cirurgia robótica se mostrou uma excelente opção de tratamento cirúrgico para alguns tipos de câncer com vantagens em relação às cirurgias convencionais
Muitos foram os avanços no tratamento do paciente oncológico nos últimos anos. Para 2020, as expectativas do Instituto Nacional do Câncer, o Inca, eram de 625 mil casos novos no Brasil, sendo esperados 309.750 em homens e 316.280 em mulheres. Entre os tipos de neoplasias malignas mais frequentes, o câncer de pele não melanoma (177 mil casos) ocupando a primeira posição, seguido por câncer de mama nas mulheres (66 mil), próstata nos homens (66 mil), por cólon e reto (41 mil), traqueia, brônquios e pulmões (30 mil) e estômago (20 mil).
E embora os casos de câncer estejam aumentando no País, e as expectativas não sejam otimistas, visto que muitas pessoas deixaram seus exames de rotina de lado por conta da pandemia em 2020, a mortalidade pela doença demonstra queda. A partir desse cenário e com um olhar esperançoso, vemos um incremento nos casos de cura e um aumento da expectativa de vida para os pacientes diagnosticados com tumores em estágios mais avançados, metastáticos, além da melhora da qualidade de vida durante o tratamento.
Por isso, há um grande investimento em pesquisas clínicas em oncologia, muitas drogas desenvolvidas nos últimos anos, novas classes de medicamentos, como a imunoterapia, que leva a ativação do sistema imune do paciente contra as células tumorais. Isso, na prática, representa melhores resultados dos tratamentos sistêmicos contra a doença.
Outro ponto que quero destacar no cuidado desses pacientes é a evolução da cirurgia. Grandes avanços ocorreram nos últimos anos, e dentre esses avanços, está a cirurgia robótica. Essa técnica é atualmente empregada no tratamento de vários tipos de câncer, inclusive em cirurgias de grande porte, por apresentar vantagens em relação aos tratamentos convencionais.
O uso da robótica na oncologia e os seus desafios
A cirurgia robótica se mostrou uma excelente opção de tratamento cirúrgico para alguns tipos de câncer com vantagens em relação às cirurgias convencionais, sejam elas abertas (laparotomia) ou por vídeo (laparoscopia). Geralmente utilizamos esse tipo de operação no tratamento do câncer de pulmão, de próstata e de alguns outros tumores do trato geniturinário, bem como em alguns cânceres ginecológicos, e câncer de orofaringe. Mas é importante destacar que os casos devem ser analisados individualmente.
E é nesse contexto que temos o robô Da Vinci. Ele possui quatro braços, um deles com uma câmera e os outros três ficam livres para portar os objetos, como pinças cirúrgicas. O robô é controlado pelo cirurgião, que opera a partir de um console e movimenta, de maneira precisa, os braços do robô. O monitor exibe as imagens em 3D, com ampliações em até 15 vezes.
Vejo muitas vantagens nessa modalidade cirúrgica. Afinal, com ela, o cirurgião opera a uma pequena distância do paciente, com controle do robô e uma visão em 3D, o que permite uma precisão milimétrica. Além da correção de pequenos tremores de mãos dos cirurgiões, que podem ocorrer em cirurgias convencionais, e ainda, de movimentos em 360 graus e melhor ergonomia.
O paciente também sai melhor do procedimento, com menor morbidade cirúrgica, melhor recuperação pós-operatória e ainda, menor tempo de internação hospitalar. Destaco também que a cirurgia por robótica deve ser realizada por cirurgião experiente, bem familiarizado com a técnica, para que o tratamento seja adequado e eficaz.
Grandes hospitais de Brasília, como o DF Star já fizeram a aquisição do robô Da Vinci e muitos cirurgiões empenharam-se no aprendizado e no aperfeiçoamento da técnica. Sem dúvidas, a cirurgia robótica é um grande avanço no tratamento dos pacientes oncológicos do Brasil.
Leia o artigo completo de Ana Carolina Salles, médica oncologista clínica, aqui.