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Ovário policístico pode virar câncer?

A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é uma condição endócrina comum entre mulheres em idade reprodutiva, afetando de 6% a 16% da população feminina. Muitas mulheres se preocupam com a relação entre SOP e câncer, levantando a questão: a presença de ovários policísticos pode aumentar o risco de desenvolver câncer?

O que é a síndrome dos ovários policísticos (SOP)?

A SOP é caracterizada por uma combinação de sintomas hormonais e metabólicos que incluem:

  • Irregularidades menstruais – ciclos longos, ausência de menstruação (amenorreia) ou períodos escassos (oligomenorreia).
  • Hiperandrogenismo – aumento dos hormônios andrógenos (hormônios masculinos), que pode levar a sintomas como excesso de pelos (hirsutismo), acne e queda de cabelo.
  • Cistos ovarianos – visualizados em exames de imagem, esses pequenos cistos resultam da falta de ovulação.

Embora a SOP não seja um câncer, pesquisas indicam que ela pode estar associada a um risco aumentado de determinados tipos de câncer devido ao desequilíbrio hormonal característico, principalmente o estrogênio sem a contraposição da progesterona.

Ovário policístico pode causar câncer?

Estudos mostram que mulheres com SOP podem ter um risco elevado de certos tipos de câncer, especialmente:

  • Câncer de endometrio : É o tipo de câncer mais relacionado à SOP, pois mulheres com ciclos menstruais irregulares e anovulatórios (ausência de ovulação) apresentam níveis de estrogênio mais altos e de progesterona mais baixos. Sem progesterona para equilibrar o estrogênio, o endométrio pode se espessar excessivamente, aumentando a possibilidade de transformação maligna ao longo dos anos. Estima-se que a incidência de câncer endometrial seja até três vezes maior em mulheres com SOP.
  • Câncer de mama: A relação entre SOP e câncer de mama ainda é incerta, mas alguns estudos sugerem que as mulheres com SOP podem ter um risco levemente aumentado, possivelmente devido a distúrbios hormonais.
  • Câncer de ovário: O risco de câncer de ovário em mulheres com SOP é menos evidente, mas algumas evidências indicam uma ligação, particularmente em mulheres que não têm filhos, uma vez que a ausência de gravidez e a ovulação contínua aumentam os fatores de risco.

Esses riscos, no entanto, é importante frisar que não é uma relação direta e, portanto, não significam que todas as mulheres com SOP desenvolverão câncer. A relação é influenciada por vários fatores, incluindo predisposição genética, estilo de vida e fatores ambientais.

Prevenção e monitoramento

Mulheres com SOP devem ser acompanhadas regularmente para controlar os sintomas da síndrome e reduzir o risco de complicações, incluindo câncer. Estratégias de prevenção incluem:

  • Mudanças no estilo de vida: A adoção de uma alimentação balanceada e prática regular de atividades físicas pode ajudar a controlar o peso e a reduzir a resistência à insulina, uma condição frequentemente associada à SOP que também pode contribuir para o risco aumentado de câncer.
  • Medicamentos hormonais: Anticoncepcionais hormonais são frequentemente prescritos para regular o ciclo menstrual, diminuindo a exposição prolongada ao estrogênio e, assim, reduzindo o risco de hiperplasia endometrial e câncer de endométrio.
  • Acompanhamento médico regular: Exames de imagem, como ultrassonografias, e testes hormonais podem monitorar a condição e possibilitar uma intervenção precoce em caso de alterações significativas.

Diagnóstico e Exames

O diagnóstico de SOP é feito pela combinação de sinais clínicos, exames laboratoriais e ultrassonografia:

  • Exames hormonais: Avaliam os níveis de andrógenos, estrogênio e outras substâncias que ajudam a identificar o desequilíbrio hormonal.
  • Ultrassonografia pélvica: É fundamental para visualizar os ovários e identificar a presença de cistos. Em mulheres com SOP, os ovários podem ter uma aparência típica, com múltiplos pequenos cistos dispostos em uma borda periférica.

Em resumo, a SOP em si não é uma condição precursora de câncer, mas o desequilíbrio hormonal associado pode aumentar o risco de certos tipos de tumores. O diagnóstico precoce e o controle dos sintomas são essenciais para a saúde de mulheres com SOP, ajudando a reduzir o risco de complicações a longo prazo.

Revisão médica:

Dra. Fernanda Frozoni Antonacio

Oncologista Clínica

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