Pericardiocentese: quando é indicada e como é feita
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A pericardiocentese é um procedimento médico utilizado para retirar o excesso de líquido que se acumula ao redor do coração, na região chamada de saco pericárdico. Esse líquido pode causar pressão sobre o coração, dificultando seu funcionamento e levando a sintomas graves.
O coração é envolvido por uma membrana chamada pericárdio, que age como um “saco protetor”. Dentro desse espaço, há normalmente uma fina camada de líquido que reduz o atrito entre o coração e as estruturas vizinhas.
O acúmulo de líquido no pericárdio pode evoluir rapidamente para situações graves, como insuficiência cardíaca ou choque. Por isso, procurar atendimento médico ao apresentar falta de ar, dor no peito ou inchaço é fundamental. Continue lendo e entenda quando a pericardiocentese é indicada e como é feita.
O que causa o excesso de líquido ao redor do coração?
Entre as principais causas para o acúmulo de líquido ao redor do coração estão:
- Infecções – motivadas por vírus, bactérias, fungos e parasitas;
- Cânceres;
- Doenças autoimunes como lúpus, febre reumática, artrite reumatoide etc.;
- Insuficiência renal;
- Trauma – ferimentos penetrantes no tórax, complicações pós-cirúrgicas, pós-intervenção por cateterismo, acidentes;
- Medicamentos;
- Hipotireoidismo grave;
- Radioterapia torácica;
- Sem causa definida, o que pode responder por até 50% dos casos.
O que é a pericardiocentese?
Dr. Mário Issa, diretor da Divisão de Cirurgia do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, que atua em diversas unidades da Rede D’Or (Anália Franco, Villa Lobos, Guarulhos, Alphaville) e também realiza cirurgias na unidade Vila Nova Star, descreve a pericardiocentese como um procedimento que retira o excesso de líquido acumulado na cavidade pericárdica.
“A quantidade normal varia de 15 a 50 ml, porém um acúmulo acima desse valor pode ser denominado derrame pericárdico, com ou sem repercussão hemodinâmica”, explica.
O acúmulo de líquido pode ainda afetar o funcionamento do coração e, em alguns casos, pode provocar alterações na circulação e na pressão arterial.
Quando a pericardiocentese é indicada?
A principal indicação da pericardiocentese é quando ocorre o tamponamento cardíaco, ou seja, um acúmulo anormal de líquido, sangue ou pus nesse espaço, comprimindo o coração e prejudicando seu funcionamento adequado.
No caso de tamponamento cardíaco, a pericardiocentese deve ser realizada de maneira emergencial. “Derrames expressivos ou sintomáticos, também devem ser esvaziados, antes da ocorrência do tamponamento cardíaco”, destaca Dr. Mário Issa, complementando que quando há suspeita de causas graves, a drenagem pericárdica deve ser acompanhada de uma biópsia de pericárdio, para auxílio no diagnóstico (pericardite purulenta e neoplasias).
Alguns sinais sugerem que a pericardiocentese pode ser necessária. De acordo com o cardiologista, as manifestações clínicas mais frequentes são:
- Dispneia (falta de ar);
- Sensação de dor ou pressão no peito;
- Palpitações;
- Tosse;
- Inchaço de membros inferiores;
- Fadiga ou fraqueza;
- Tontura e desmaio, dependendo do volume retido e da limitação ao ciclo cardíaco com queda de pressão arterial.
Como a pericardiocentese é feita?
O procedimento é realizado sob anestesia local e sedação, se a condição clínica do paciente permitir. “Guiado por um aparelho de ecocardiografia, uma punção subxifoide com uma agulha direcionada à cintura escapular esquerda”, descreve Dr. Mario Issa.
Em outras palavras, com a ajuda de um aparelho de ultrassom do coração, o médico insere cuidadosamente uma agulha logo abaixo do peito, direcionando-a para o lado esquerdo a fim de alcançar o líquido ao redor do coração.
“Após atingir a cavidade pericárdica, imediatamente o líquido será drenado. Através dessa agulha, pode-se introduzir um cateter de fino calibre, para que se drene de forma contínua e ao mesmo tempo se faça um monitoramento da quantidade de líquido drenado ao longo do dia”, adiciona Dr. Issa.
O tempo médio de duração desse procedimento é muito rápido, em torno de 30 minutos.
Principais riscos ou complicações da pericardiocentese
Em geral, a pericardiocentese é um procedimento seguro, mas envolve alguns riscos. De acordo com o Dr. Mario Issa, os riscos mais comuns são arritmias cardíacas devido à manipulação, e a complicação mais temível é a perfuração de alguma cavidade cardíaca, com piora do tamponamento, necessitando de toracotomia emergencial.
Após o procedimento é absolutamente necessário acompanhamento com cardiologista, especialmente se sua origem foi cardíaca. Na maioria dos casos, a recuperação é rápida, mas é essencial seguir as orientações médicas e realizar exames de acompanhamento por métodos de imagem (ecocardiograma ou tomografia computadorizada).
A pericardiocentese é um procedimento seguro e eficaz, quando realizada por profissionais experientes em centros especializados, garantindo cuidado de alta qualidade e recuperação mais rápida para os pacientes.
Se você sente sintomas como falta de ar, dor ou pressão no peito, palpitações, tosse persistente, inchaço nas pernas, fadiga, fraqueza, tontura ou desmaios, agende uma consulta com um cardiologista D’Or.