Tamponamento cardíaco: o que é, sintomas, causas e tratamento
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O coração é envolto por uma membrana chamada pericárdio, que funciona como uma espécie de “saco protetor”. Dentro dele, existe uma pequena quantidade de líquido que ajuda a reduzir o atrito entre o coração e as estruturas ao redor. O tamponamento cardíaco acontece quando há acúmulo anormal de líquido, sangue ou pus no pericárdio, comprimindo o coração e dificultando o seu funcionamento.
Essa é uma condição grave e potencialmente fatal, que exige diagnóstico rápido e tratamento imediato.
Neste texto, vamos explicar o que é o tamponamento cardíaco, quais são seus sintomas, principais causas e como é feito o tratamento. Reconhecer os sinais e procurar ajuda médica imediata pode salvar vidas. Continue lendo e saiba mais.
O que é o tamponamento cardíaco?
“O tamponamento cardíaco é uma condição grave em que há acúmulo de líquido ou sangue ao redor do coração. Esse líquido se acumula no espaço entre o pericárdio (a membrana que envolve o coração) e o próprio coração, comprimindo-o externamente e impedindo que se encha e bombeie sangue de forma adequada”, explica Dra. Nara Kobbaz, cardiologista especialista em insuficiência cardíaca e transplante cardíaco da Rede D’Or Brasília.
O tamponamento cardíaco é uma emergência médica em que o excesso de líquido no pericárdio impede que o coração se encha adequadamente de sangue a cada batimento. Como consequência, o coração não consegue bombear sangue de forma eficaz para o corpo, o que pode levar a uma queda brusca da pressão arterial e risco de choque circulatório.
“O tamponamento pode ser agudo, quando surge rapidamente, ou subagudo, quando o líquido se acumula de forma mais lenta”, complementa a cardiologista, que também atua na UTI Cardiológica e como cardiologista assistente da equipe de Transplante Cardíaco do Hospital do Coração do Brasil, da Rede D’Or Brasília.
Sintomas do tamponamento cardíaco
Os sintomas de tamponamento cardíaco podem variar de acordo com a velocidade do acúmulo do líquido, porém os mais comuns podem incluir:
- Falta de ar;
- Palpitações;
- Tontura;
- Dor;
- Sensação de pressão no peito;
- Inchaço nas veias do pescoço.
“Nos casos graves, pode haver queda acentuada da pressão arterial, desmaios, confusão mental e até mesmo morte súbita. Esses sinais são emergenciais e exigem atendimento médico imediato”, ressalta Dra. Nara Kobbaz.
Causas do tamponamento cardíaco
Diversas condições podem levar ao acúmulo de líquido no pericárdio. Entre as principais causas de tamponamento cardíaco estão:
- Infarto;
- Câncer;
- Infecções;
- Insuficiência renal;
- Doenças autoimunes;
- Complicações de cirurgias cardíacas;
- Traumas no tórax.
“O controle adequado de doenças cardíacas e inflamações do pericárdio, aliado ao acompanhamento periódico com o cardiologista, ajuda a reduzir significativamente o risco de tamponamento”, destaca Dra. Nara.
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Não existe uma forma de prevenção absoluta, mas tratar corretamente doenças como pericardite, insuficiência renal e alguns tipos de câncer pode reduzir o risco. Em pessoas com fatores de risco, o acompanhamento regular é fundamental.
Diagnóstico e tratamento do tamponamento cardíaco
“O diagnóstico é baseado na avaliação clínica e no exame físico, mas o ecocardiograma (um ultrassom do coração) é fundamental para identificar o líquido ao redor do coração e demonstrar como ele compromete o enchimento e o bombeamento do sangue”, explica Dra. Nara Kobbaz.
A Dra. Nara destaca que o tratamento do tamponamento cardíaco é sempre uma emergência e o líquido precisa ser retirado o quanto antes para aliviar a pressão sobre o coração. “Isso geralmente é feito por meio de uma punção com agulha, chamada pericardiocentese, ou por cirurgia em casos mais graves”, descreve.
Os métodos de tratamento do tamponamento cardíaco são:
- Pericardiocentese
Procedimento em que uma agulha é introduzida no pericárdio para remover o excesso de líquido. Proporciona alívio rápido dos sintomas e estabiliza o paciente.
- Cirurgia (janela pericárdica ou pericardiectomia parcial)
Indicada quando o líquido volta a se acumular ou quando a causa é grave, como tumores ou sangramentos persistentes.
- Tratamento da causa
Além de drenar o líquido, é essencial tratar o problema de origem, como infecção, câncer, insuficiência renal ou complicação cirúrgica.
“Após a drenagem, o paciente precisa de acompanhamento médico para investigar a causa do tamponamento e prevenir novas recidivas. Dependendo da doença de base, pode ser necessário tratamento prolongado”, orienta Dra. Nara.
Com diagnóstico e tratamento rápidos, muitos pacientes conseguem se recuperar bem. No entanto, quando não é identificado a tempo, o tamponamento cardíaco pode levar à insuficiência circulatória grave e morte.
“Quando o tamponamento cardíaco é tratado rapidamente com pericardiocentese guiada por ecocardiograma, a taxa de sucesso é de cerca de 97%, com menos de 1% de risco de complicações graves. Nos casos em que a causa não é maligna, a mortalidade em um ano fica abaixo de 15%, permitindo boa recuperação da maioria dos pacientes. Já quando o tamponamento está relacionado a câncer, o prognóstico é mais reservado com mortalidade em um ano de até 76%”, aponta a Dra. Nara Kobbaz.
De acordo com a cardiologista, se o tamponamento não for tratado a tempo, pode evoluir para choque circulatório, parada cardíaca e morte. Por isso, o diagnóstico precoce e o início imediato do tratamento são fundamentais. Reconhecer os sintomas e procurar atendimento médico sem demora pode ser decisivo para salvar a vida do paciente. Caso você apresente algum dos sinais descritos neste texto, procure ajuda médica imediata! Para prevenir esse tipo de complicação, agende uma consulta com um cardiologista D’Or e mantenha seu check-up em dia.