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Cirurgia de próstata: entenda quando é necessário fazer o procedimento

A cirurgia de próstata é um procedimento fundamental no tratamento de diversas condições prostáticas, em especial o câncer de próstata — um dos tipos de câncer mais prevalentes entre os homens no Brasil. Compreender quando a cirurgia é indicada, como ela é realizada e quais são os impactos no paciente é essencial para a tomada de decisões informadas e para o sucesso do tratamento.

Quando é necessária a cirurgia de próstata?

A cirurgia é indicada principalmente em duas situações:

Câncer de próstata localizado

Quando o tumor está confinado à glândula prostática, a prostatectomia radical — remoção completa da próstata, das vesículas seminais e, em alguns casos, dos linfonodos regionais — é considerada o tratamento de escolha com potencial curativo. Essa abordagem visa eliminar completamente as células malignas e aumentar significativamente as chances de cura, sobretudo em pacientes com expectativa de vida longa.

Sintomas urinários graves causados por aumento benigno da próstata (hiperplasia prostática benigna – HPB)

Em casos de crescimento benigno da próstata com impacto significativo na qualidade de vida — como obstrução urinária importante, retenção urinária recorrente, infecções urinárias frequentes ou falha do tratamento medicamentoso —, a cirurgia pode ser necessária. A intervenção tem como objetivo aliviar os sintomas e prevenir complicações renais ou infecciosas.

Prostatectomia radical: o que é e como funciona

A prostatectomia radical é o procedimento cirúrgico mais utilizado no tratamento do câncer de próstata localizado. Envolve a remoção total da glândula prostática, das vesículas seminais e, eventualmente, de linfonodos pélvicos, a depender do risco de disseminação. A técnica tem como foco a erradicação do tumor, respeitando margens de segurança, e a preservação das estruturas envolvidas na continência urinária e na função sexual, sempre que possível.

Cirurgia aberta: É a técnica tradicional, realizada por meio de uma incisão de aproximadamente 8 a 10 cm na parte inferior do abdômen. Por ser mais invasiva, está sendo cada vez menos empregada, mas ainda é indicada em casos específicos, como em pacientes com anatomia desfavorável ou quando há contraindicações para procedimentos minimamente invasivos.

Videolaparoscopia: Executada por meio de pequenas incisões (geralmente entre 0,5 e 1 cm), através das quais são introduzidos instrumentos e uma câmera. A laparoscopia proporciona menor sangramento, recuperação mais rápida e menor dor pós-operatória, quando comparada à cirurgia aberta.

Cirurgia robótica: Considerada uma das técnicas mais avançadas, a prostatectomia robótica oferece maior precisão cirúrgica por meio de braços robóticos controlados pelo cirurgião. Essa tecnologia permite uma dissecção mais delicada dos tecidos, contribuindo para melhor preservação dos nervos responsáveis pela ereção e da musculatura envolvida na continência urinária. Os resultados funcionais e oncológicos são, em muitos casos, superiores.

Em todas as técnicas, a cirurgia inclui a retirada da próstata, das vesículas seminais e, quando indicado, dos linfonodos pélvicos.

Recuperação e efeitos colaterais

Após a cirurgia, o paciente costuma permanecer internado por dois a três dias. O uso de sonda vesical é necessário por aproximadamente uma semana, até a cicatrização da anastomose entre a uretra e a bexiga. A recuperação total pode levar de quatro a seis semanas, dependendo do tipo de cirurgia e das condições clínicas do paciente.
Os principais efeitos colaterais são:

Incontinência urinária: geralmente temporária, melhora com o tempo e pode ser minimizada com fisioterapia pélvica.

Disfunção erétil: pode ocorrer devido à proximidade dos nervos responsáveis pela ereção. Em muitos casos, é reversível, especialmente com o uso de técnicas de preservação nervosa.

Ejaculação retrógrada ou ausente: ocorre porque as vesículas seminais e os ductos ejaculatórios são removidos, tornando a ejaculação seca mas sem afetar demais sintomas.

A cirurgia de câncer de próstata deixa impotente?

Um dos principais receios dos pacientes é a possibilidade de impotência sexual após a prostatectomia. De fato, a função erétil pode ser afetada, pois os nervos eretores estão localizados junto à próstata e podem ser lesionados durante a cirurgia.
Entretanto, a disfunção erétil não é inevitável. Com as técnicas atuais — especialmente a robótica e a laparoscópica com preservação nervosa —, muitos homens conseguem recuperar a função sexual parcial ou totalmente. O tempo de recuperação varia de alguns meses até dois anos e depende de fatores como a idade, o grau de preservação nervosa, a saúde vascular e o grau de invasividade do tumor.
É importante frisar que, apesar da infertilidade e da ausência de ejaculação após a cirurgia, a capacidade de atingir o clímax sexual geralmente é preservada.

Outras considerações sobre o tratamento cirúrgico

Tempo até a cirurgia: realizar a prostatectomia radical em até 60 dias após o diagnóstico (via biópsia) pode reduzir o risco de progressão tumoral e recidiva.

Tratamento multimodal: além da cirurgia, o tratamento pode incluir radioterapia, terapia hormonal e, em casos selecionados, quimioterapia, conforme o estadiamento e as características histológicas do tumor.

HPB e outras abordagens: em casos de hiperplasia prostática benigna, a cirurgia convencional é menos comum. Técnicas minimamente invasivas, como a ressecção transuretral da próstata (RTUP), enucleação a laser (HoLEP) ou embolização das artérias prostáticas, são preferidas e igualmente eficazes.

A cirurgia é sempre necessária?

Não. A cirurgia não é obrigatória em todos os casos. Em pacientes com câncer de próstata de baixo risco e crescimento lento, pode-se optar pela vigilância ativa, monitorando o tumor com exames periódicos (PSA, toque retal e biópsias seriadas), sem necessidade de intervenção imediata.
Outras opções terapêuticas incluem:

  • Radioterapia externa ou braquiterapia
  • Terapia hormonal (hormonioterapia)
  • Ablação por ultrassom focalizado de alta intensidade (HIFU), ainda em estudo no Brasil

A escolha do tratamento deve ser individualizada, considerando fatores como idade, comorbidades, expectativa de vida, estágio do tumor e preferências do paciente. O diagnóstico precoce amplia as opções de tratamento e melhora o prognóstico

Revisor científico
Dra. Fernanda Frozoni Antonacio
Oncologista Clínica
Rede D’or – Hospital Vila Nova Star e Hospital São Luiz Itaim

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