A Onco-BCG é um tipo de imunoterapia intravesical utilizada como tratamento adjuvante no câncer de bexiga. O nome deriva da substância que compõe o medicamento: uma forma atenuada da bactéria Mycobacterium bovis, a mesma utilizada na vacina BCG contra tuberculose. Embora possa parecer incomum usar uma bactéria nesse contexto, essa estratégia tem se mostrado altamente eficaz para controlar determinados tumores, especialmente aqueles que ainda não invadiram as camadas mais profundas da bexiga.
O câncer de bexiga acomete cerca de 11,3 mil pessoas por ano no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), sendo o tabagismo o principal fator de risco associado ao seu surgimento. Quando a doença é identificada em estágios iniciais, ela permite tratamentos menos invasivos e com melhores chances de controle.
É nesse cenário que a Onco-BCG se destaca: como parte de um tratamento voltado a reduzir o risco de o tumor voltar ou se tornar mais agressivo. Sua aplicação diretamente na bexiga permite uma ação local precisa e direcionada
Para que serve a Onco-BCG?
A Onco-BCG é indicada principalmente para o tratamento do câncer de bexiga não músculo-invasivo, ou seja, aquele restrito às camadas superficiais da bexiga e que não atingiu o músculo da parede vesical.
Após a remoção do tumor por meio da ressecção transuretral (RTU), a Onco-BCG é utilizada para diminuir as chances de recidiva (o tumor voltar) e de progressão (o câncer avançar para camadas mais profundas).
Esse tipo de imunoterapia é eficaz porque ajuda o organismo a destruir células tumorais residuais que podem ter permanecido após o procedimento inicial. Em muitos casos, o uso adequado da Onco-BCG também pode evitar a necessidade de cirurgias mais complexas, como a retirada parcial ou total da bexiga.
Como funciona a Onco-BCG?
A Onco-BCG age por meio de um mecanismo de imunoterapia, estimulando o próprio sistema imunológico a reconhecer e combater células cancerígenas. Quando introduzida na bexiga, a substância provoca uma resposta inflamatória controlada na mucosa vesical. Essa inflamação atrai células de defesa para o local, intensificando a eliminação de células tumorais que podem ter permanecido após a cirurgia.
A administração é feita por instilação intravesical, um procedimento no qual a medicação é introduzida na bexiga por um cateter fino inserido pela uretra. Após a instilação, o paciente deve reter a solução por cerca de duas horas, permitindo que a substância atue sobre toda a superfície da bexiga.
O tratamento normalmente inclui uma fase inicial, chamada fase de indução, com aplicações semanais durante algumas semanas. Conforme a resposta individual e orientação médica, pode-se seguir para uma fase de manutenção, que dura meses ou até anos, com aplicações mais espaçadas ao longo do tempo.
Durante todo o processo, é essencial seguir corretamente as orientações médicas, incluindo cuidados de higiene ao urinar, já que a substância pode permanecer ativa na urina por algumas horas. O acompanhamento frequente com o urologista permite avaliar o resultado do tratamento e monitorar possíveis efeitos adversos.
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Quais são os efeitos colaterais?
Embora a Onco-BCG seja geralmente bem tolerada e apresente excelente eficácia, alguns efeitos colaterais podem ocorrer. Entre os mais comuns estão febre baixa, cansaço, ardência ao urinar, aumento da frequência urinária, desconforto pélvico e dores musculares ou articulares.
Em situações menos frequentes, podem surgir efeitos mais intensos, como inflamação mais acentuada da bexiga (cistite severa), obstrução urinária, reações sistêmicas ou, raramente, infecção disseminada por BCG. Esses quadros são incomuns, mas requerem avaliação médica rápida.
Por isso, qualquer sintoma persistente ou intenso, especialmente febre acima de 38,5 °C por mais de 48 horas, deve ser comunicado ao médico imediatamente.
Existem contraindicações?
Sim. Há condições em que o uso da Onco-BCG não é recomendado, pois podem aumentar o risco de complicações ou reduzir a eficácia da terapia.
O tratamento geralmente não deve ser realizado em pacientes com:
- Imunodeficiência congênita ou adquirida;
- Infecção ativa no trato urinário;
- Febre de origem indefinida;
- Tuberculose ativa ou suspeita;
- Gravidez ou amamentação;
- Uso atual de medicamentos imunossupressores;
- Uso recente de antibióticos que possam inativar o BCG;
- Presença de sangue na urina no dia da aplicação.
Antes de iniciar o tratamento, o médico avalia cuidadosamente o estado clínico do paciente. Caso exista alguma contraindicação temporária, o início das instilações pode ser adiado até que seja seguro prosseguir.
Quais são os principais benefícios?
A Onco-BCG é considerada o tratamento mais eficaz para reduzir recidiva e progressão do câncer de bexiga não músculo-invasivo, especialmente para tumores de risco intermediário e alto. Entre os principais benefícios, destacam-se:
- Redução significativa das chances de o tumor voltar após a RTU;
- Diminuição do risco de progressão para formas mais agressivas;
- Possibilidade de evitar cirurgias maiores, como a cistectomia;
- Tratamento minimamente invasivo e aplicado diretamente na bexiga;
- Eficácia comprovada a longo prazo.
Quando bem indicado e acompanhado por um especialista, o tratamento pode preservar a bexiga e manter melhor qualidade de vida.
A Onco-BCG é uma vacina do câncer?
Apesar de ser popularmente chamada de “vacina do câncer”, a Onco-BCG não é uma vacina preventiva como as usadas contra vírus e bactérias. Na verdade, trata-se de um tratamento terapêutico, indicado após o diagnóstico, com o objetivo de reduzir a chance de o câncer voltar ou progredir.
O apelido “vacina” surge porque a Onco-BCG estimula o sistema imunológico, de forma semelhante ao que ocorre com as vacinas tradicionais. Porém, ao contrário delas, não é usada para prevenir o aparecimento do câncer e sim para tratá-lo, sendo indicada exclusivamente para pacientes com câncer de bexiga não músculo-invasivo.
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Revisor científico
Dra. Fernanda Frozoni Antonacio
Oncologista Clínica
Rede D’or – Hospital Vila Nova Star e Hospital São Luiz Itaim


