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Doença de Bowen: o que é e qual a sua gravidade?

A doença de Bowen, também chamada de carcinoma espinocelular in situ, é uma forma precoce de câncer de pele que se origina nas camadas superficiais da epiderme, sem invadir tecidos mais profundos. Embora seja considerada um tipo de câncer não invasivo, seu diagnóstico requer atenção, pois, se não tratada adequadamente, pode evoluir para formas mais agressivas. A boa notícia é que, quando identificada precocemente, apresenta altas taxas de cura com os tratamentos disponíveis.

O que é a doença de Bowen?

Descrita pela primeira vez em 1912 por John Templeton Bowen, a doença se manifesta como manchas ou placas vermelhas, descamativas e de bordas irregulares na pele, que podem ser confundidas com condições inflamatórias como eczema ou psoríase.
Essa alteração ocorre por mutações nas células da camada basal da epiderme, geralmente causadas por exposição crônica à radiação ultravioleta do sol. Em casos menos frequentes, principalmente nas regiões genital e anal, pode estar associada à infecção pelo papilomavírus humano (HPV), especialmente pelos subtipos oncogênicos. Por se tratar de uma lesão in situ, as células malignas permanecem restritas à epiderme, sem invadir a derme ou gerar metástases, o que reduz significativamente o risco de disseminação.

É grave?

A gravidade da doença de Bowen está diretamente relacionada ao momento do diagnóstico. Enquanto a lesão permanece restrita à epiderme, é considerada de baixa agressividade, com risco mínimo de complicações.
No entanto, se for negligenciada por um longo período, pode evoluir para um carcinoma espinocelular invasivo, com maior potencial de infiltração local e risco de metástases. De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia, menos de 5% dos casos evoluem para essa forma avançada. Ainda assim, o acompanhamento médico regular é fundamental para evitar a progressão da doença.

Sintomas e diagnóstico

As lesões são mais comuns em áreas expostas ao sol, como rosto, pescoço, dorso das mãos e couro cabeludo, mas também podem surgir em regiões genitais ou perianais. Os principais sinais e sintomas incluem:

  • Manchas vermelhas ou acastanhadas que aumentam lentamente de tamanho
  • Descamação ou crostas que podem sangrar com facilidade
  • Sensação de coceira, ardência ou desconforto local

O diagnóstico é confirmado por meio de biópsia, que permite a análise histopatológica do tecido e a identificação de células displásicas confinadas à epiderme. Em casos suspeitos de infecção por HPV, exames complementares como a anuscopia podem ser indicados, especialmente para lesões anais.

Tratamentos disponíveis

A escolha do tratamento depende de fatores como o tamanho, a localização e as características da lesão. As opções terapêuticas mais utilizadas incluem:

  1. Cirurgia: a emoção cirúrgica da área afetada é considerada o método mais eficaz, especialmente para lesões extensas ou localizadas em regiões delicadas, como o rosto. A cirurgia micrográfica de Mohs, que permite a retirada do tumor camada por camada com análise microscópica, é indicada para preservar o máximo de tecido saudável.
  2. Crioterapia: consiste no congelamento das células anormais com nitrogênio líquido. É ideal para lesões pequenas e superficiais, e geralmente tem bom resultado estético.
  3. Terapia fotodinâmica: combina a aplicação de cremes fotossensibilizante à exposição a uma fonte de luz, provocando destruição seletiva das células tumorais. É indicada para áreas sensíveis, com menor risco de cicatrizes visíveis.
  4. Quimioterapia tópica: o uso de cremes como o 5-fluorouracil ou o imiquimode estimula a destruição das células cancerígenas ou ativa a resposta imunológica local. São indicados para lesões superficiais ou em pacientes que não podem se submeter à cirurgia.

Prevenção e cuidados

  • Use protetor solar diariamente, evitando a exposição direta ao sol entre 10h e 16h, e dê preferência a roupas com proteção ultravioleta
  • Fique atento a manchas ou lesões que não cicatrizam em algumas semanas e procure avaliação dermatológica
  • A vacinação contra o HPV, indicada principalmente para adolescentes e adultos jovens, ajuda a reduzir o risco de lesões cutâneas e genitais associadas ao vírus.

Revisor científico
Dra. Fernanda Frozoni Antonacio
Oncologista Clínica
Rede D’or – Hospital Vila Nova Star e Hospital São Luiz Itaim

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