A eritroplasia de Queyrat é uma lesão pré-maligna que acomete principalmente a pele do pênis, especialmente a glande e o prepúcio, mas também pode afetar a vulva, a uretra e, mais raramente, a mucosa oral.
Essa condição se manifesta como placas ou manchas avermelhadas, bem delimitadas, com aspecto aveludado e finamente granuloso. Geralmente é assintomática, embora em alguns casos possa causar coceira, dor ou sangramento. A doença é mais frequente em homens acima dos 50 anos, com maior incidência entre os 65 e 74 anos.
Relação com o câncer de pele genital
A eritroplasia de Queyrat é considerada uma lesão intraepitelial de alto grau, com potencial de progressão para carcinoma espinocelular invasivo (câncer de pele), uma forma agressiva de câncer de pele que pode acometer a região genital.
A transformação maligna ocorre em uma proporção significativa dos casos, especialmente quando não há diagnóstico e tratamento precoces. Por isso, o reconhecimento clínico e a intervenção adequada são essenciais para prevenir complicações mais graves.
Sintomas e diagnóstico
As manifestações clínicas incluem manchas ou placas vermelhas, de superfície aveludada, que podem ser únicas ou múltiplas, localizadas na glande, no prepúcio ou em outras regiões da genitália.
Embora muitas vezes indolor, a lesão pode causar desconforto, coceira, dor, sangramento ou sensibilidade, especialmente durante relações sexuais ou ao urinar.
O diagnóstico é feito com base no exame clínico e confirmado por biópsia, que revela alterações histológicas compatíveis com neoplasia intraepitelial escamosa (carcinoma in situ).
Fatores de risco
A etiologia da eritroplasia de Queyrat não é totalmente compreendida, mas há forte associação com a infecção pelo papilomavírus humano (HPV), especialmente os subtipos oncogênicos, como o HPV-16.
Outros fatores de risco incluem imunossupressão (por exemplo, em transplantados ou pacientes com HIV), infecções genitais recorrentes, tabagismo, má higiene íntima, ausência de circuncisão e acúmulo de esmegma, que pode favorecer inflamações crônicas locais.
Tratamento e prevenção
O tratamento pode variar conforme o tamanho e a localização da lesão. Entre as opções terapêuticas estão medicamentos tópicos como 5-fluorouracil ou imiquimode, terapia fotodinâmica, crioterapia, laser de CO₂ e excisão cirúrgica.
Nos casos mais persistentes, extensos ou com risco aumentado de progressão, pode ser necessária a realização de circuncisão ou até intervenções cirúrgicas mais amplas.
A prevenção inclui medidas como boa higiene genital, uso de preservativos e vacinação contra o HPV. O acompanhamento médico periódico é fundamental para monitorar a resposta ao tratamento e detectar precocemente possíveis recorrências.
A importância do diagnóstico precoce
A identificação precoce da eritroplasia de Queyrat é crucial para evitar sua progressão para carcinoma invasivo. Qualquer alteração cutânea persistente na região genital deve ser avaliada por um urologista ou dermatologista.
A realização de biópsia em lesões suspeitas permite o diagnóstico preciso e o início do tratamento oportuno, aumentando significativamente as chances de cura e reduzindo o risco de complicações mais severas.
Revisor científico
Dra. Fernanda Frozoni Antonacio
Oncologista Clínica
Rede D’Or – Hospital Vila Nova Star e Hospital São Luiz Itaim


