MÉDICOS PROPÕEM DISTRIBUIÇÃO GRATUITA DE FILTRO SOLAR NAS PRAIAS PARA AUMENTAR A PREVENÇÃO DO C NCER DE PELE

A medida já é adotada nos Estados Unidos por meio de parcerias entre prefeituras e a iniciativa privada.

Dispensers com filtro solar instalados próximos à entrada de praias, postos de salva-vidas e parques incentivam moradores e turistas de Miami, nos Estados Unidos, a se protegerem contra os raios solares, prevenindo o câncer de pele. A medida, lançada em 2015, já foi adotada por outras cidades daquele país, graças a parcerias entre as prefeituras e a iniciativa privada. O cirurgião plástico Guilherme Furtado, da Oncologia D’Or, acredita que esta ação poderia ser realizada nas principais praias do Brasil. “Somos um país tropical com uma incidência de sol muito grande e, por causa do preço, o filtro solar ainda é inacessível para boa parte da população”, afirma.

O câncer de pele não melanoma é o mais prevalente no País. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca)1, em 2023 serão diagnosticados 220 mil casos da doença. O especialista defende a ampliação do acesso ao filtro solar para a prevenção da enfermidade como parte de uma política pública, assim como a distribuição de preservativos para o incentivo ao sexo seguro e a proteção contra as doenças sexualmente transmissíveis, incluindo o HIV.

A  médica Camila Jappour Naegele, da Oncologia D’Or, vai mais além. Para ela, o  filtro solar poderia ser um dos itens fornecidos pelo Programa da Farmácia Popular. “Esta medida teria o caráter de educar a população sobre a importância do uso do produto”, declara.

A prevenção do câncer de pele inclui uma série de medidas como  evitar a exposição ao sol das 10 às 16 horas e o uso de protetor solar ou proteção física –  chapéus, blusas de mangas compridas e barracas –  mesmo em dias nublados. Outros fatores de risco para a doença são ter pele e olhos claros, ser albino, ter vitiligo, ter histórico familiar da enfermidade e fazer uso de medicamentos imunossupressores.

Inteligência artificial e outros recursos tecnológicos

Além de evitar a doença, as pessoas precisam fazer consultas periódicas ao dermatologista para propiciar o diagnóstico precoce de lesões. Nos casos de pacientes com  muitas pintas, pintas irregulares e histórico  familiar de melanoma, o médico pode prescrever o exame de dermatoscopia confocal, que faz o mapeamento corporal da pessoa.

Os pacientes podem ainda fazer o autoexame usando o método ABDCE –  uma referência para identificar as potenciais mudanças em sinais e pintas. São  elas:  A=Assimetria, B=Borda, C=Cor, D=Dimensão e E=Evolução. Pessoas que possuem pintas com posições e bordas assimétricas, cores não uniformes, diâmetros superiores a 6 mm e que crescem devem buscar ajuda médica.

Aplicativos podem favorecer o diagnóstico precoce. O médico Guilherme Furtado alerta que essas ferramentas não substituem a consulta ao dermatologista, mas incentivam o paciente a ficar atento à própria pele. Para ele, a inteligência artificial será um instrumento fundamental para o aprimoramento desses aplicativos.

Uma ferramenta interessante é o  UmSkinCheck, daUniversidade de Michigan, nos Estados Unidos. O dispositivo permite ao usuário fotografar o corpo inteiro, rastrear lesões manchas, armazenar as imagens para acompanhamento e acessar vídeos e a literatura sobre câncer de pele. O aplicativo opera pelos sistemas Apple e Android e pode ser acessado gratuitamente pelo endereço https://play.google.com/store/apps/details?id=edu.umich.MySkinCheck.

Tratamentos

O câncer de pele é dividido em melanoma e não melanoma. Embora acometa só 3% da população, o melanoma é mais preocupante por seu alto potencial de provocar metástase. Em casos iniciais, a lesão é retirada por meio de cirurgia. Os quadros mais avançados requerem um tratamento complementar com imunoterapia ou terapia alvo. Já o tumor não melanoma é mais frequente e dificilmente evolui para metástase. Por isso, o tratamento é basicamente cirúrgico. Em até 2% dos casos, causa metástase, necessitando de tratamento adicional à cirurgia.

Hoje existem terapias de última geração para tratar o melanoma. A imunoterapia, por exemplo, estimula o sistema imunológico a reconhecer e destruir as células cancerígenas. É o caso dos medicamentos Pembrolizumab e Nivolumab, indicados para melanoma em fase inicial e avançada.  Este ano, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou mais um imunoterápico (Relatlimab combinado com Nivolumab) que deverá ser comercializado em 2024.

Já os medicamentos da classe de terapia alvo funcionam como mísseis teleguiados que destroem o tumor, mas funcionam apenas para os pacientes que possuem uma determinada mutação em um gene chamado BRAF. Ente eles estão o Dabrafenibe e o Trametinibe, já amplamente utilizados no Brasil. Em 2023, houve o lançamento dos medicamentos Encorafenib e Binimetinib, ampliaram as alternativas de tratamento.

“Para a doença avançada, podemos combinar imunoterapia, como Ipilimumab e Nivolumab, e para pacientes com a mutação BRAF, temos a opção de oferecer também a terapia alvo” explica a médica Camila Jappour Naegele.

Paralelamente, a indústria farmacêutica está ampliando os arsenal terapêutico contra o câncer. Estudos apresentados em renomados congressos médicos revelaram bons resultado da vacina de neo-antigenos que é usada em combinação com Pembrolizumab a fim de potencializar o efeito da imunoterapia em pacientes com melanoma. O imunizante usa o material conhecido por RNA mensageiro, o mesmo empregado na vacina contra a covid. Ele é produzido de forma individualizada, a partir do material coletado na biópsia do paciente.

Sobre a Oncologia D’Or

Criada em 2011, a Oncologia D’Or é o projeto de oncologia da Rede D’Or formada por clínicas especializadas no diagnóstico e tratamento oncológico e hematológico, com padrão de qualidade internacional e que, atualmente, está presente em onze estados brasileiros e Distrito Federal. O trabalho da Oncologia D’Or tem por objetivo proporcionar, não apenas serviços integrados e assistência ao paciente com câncer com elevados padrões de excelência médica, mas um ambiente de suporte humanizado e acolhimento. A área de atuação da Oncologia D’Or conta com uma rede de mais de 55 clínicas, tem em seu corpo clínico mais de 500 médicos especialistas nas áreas de oncologia, radioterapia e hematologia e equipes multidisciplinares que trabalham em estreita parceria com o corpo clínico da maioria dos mais de 75 hospitais da Rede D’Or. Além disso, a presença das clínicas da Oncologia D’Or em mais de 20 hospitais da Rede, abrange a área de atuação em toda a linha de cuidados, seguindo os moldes mais avançados de assistência integrada, proporcionando maior agilidade no diagnóstico, mais conforto e eficiência para o tratamento completo dos pacientes.

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