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Mielodisplasia: entenda a síndrome mielodisplásica e seus sintomas

A síndrome mielodisplásica (SMD), também conhecida como mielodisplasia, é um grupo de doenças hematológicas caracterizadas por uma produção ineficaz de células sanguíneas pela medula óssea. Essa falência parcial da hematopoiese leva à formação de células anômalas e disfuncionais, o que pode evoluir para leucemia mieloide aguda (LMA) em parte dos casos. Por essa razão, a SMD é classificada como uma neoplasia mieloide crônica pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

O que é a síndrome mielodisplásica?

A SMD ocorre quando as células-tronco hematopoéticas na medula óssea sofrem mutações genéticas adquiridas, que comprometem sua capacidade de amadurecer e se diferenciar adequadamente. Como consequência, há citopenias — diminuição dos glóbulos vermelhos (hemácias), glóbulos brancos (leucócitos) e plaquetas — no sangue periférico.

A OMS classifica a SMD em diferentes subtipos.

  • Mielodisplasia de linhagem única: compromete apenas uma das linhagens hematopoiéticas (eritroide, mieloide ou megacariocítica).
    Mielodisplasia com displasia em duas linhagens: afeta simultaneamente duas das três linhagens hematopoiéticas.
  • Mielodisplasia com displasia multilinear: envolve as três linhagens hematopoiéticas, gerando manifestações clínicas mais intensas.

Mielodisplasia é câncer?

A síndrome mielodisplásica é considerada uma neoplasia clonal da medula óssea. Embora nem sempre se manifeste inicialmente como uma forma agressiva de câncer, ela é reconhecida como uma condição pré-leucemia. A progressão para leucemia mieloide aguda ocorre em aproximadamente 30% dos pacientes, especialmente naqueles com formas de alto risco.

Quais são os sintomas da síndrome mielodisplásica?

Os sintomas da SMD estão diretamente relacionados ao tipo e grau de citopenia. Confira abaixo os principais sinais clínicos.

  • Anemia: causa fadiga, fraqueza, palidez e, em casos graves, dispneia aos esforços, devido à baixa de hemoglobina.
  • Neutropenia: a redução de neutrófilos aumenta o risco de infecções recorrentes e febre persistente.
  • Trombocitopenia: pode levar a sangramentos espontâneos, formação de hematomas e petéquias (pequenos pontos vermelhos ou roxos na pele e mucosas).

Outros sintomas inespecíficos incluem perda de peso, inapetência, sudorese noturna e dor óssea. Em muitos casos, a SMD é detectada de forma incidental em exames de sangue de rotina.

Diagnóstico da síndrome mielodisplásica

O diagnóstico é feito a partir de uma combinação de exames laboratoriais e análise da medula óssea.

  • Hemograma completo: identifica as citopenias e alterações morfológicas das células sanguíneas.
  • Punção e biópsia da medula óssea: analisam o grau de displasia, percentual de blastos e a celularidade.
  • Estudos citogenéticos e moleculares: detectam alterações cromossômicas (como deleções em 5q, 7q) e mutações em genes como TP53, TET2, ASXL1 e SF3B1, úteis na classificação e prognóstico da doença.

Tratamentos para a síndrome mielodisplásica

O tratamento da SMD varia de acordo com o escore prognóstico (IPSS ou IPSS-R), a idade do paciente, comorbidades e o risco de progressão para LMA. Veja a seguir as principais abordagens.

1. Medicamentos

  • Agentes hipometilantes (azacitidina e decitabina): melhoram a hematopoiese e reduzem o risco de transformação leucêmica.
  • Agentes estimuladores da eritropoiese (como eritropoetina recombinante): usados principalmente em pacientes com anemia sintomática.
  • Em casos selecionados, podem ser indicados imunossupressores, lenalidomida (em SMD com deleção do 5q) ou luspatercepte (para anemia refratária associada à mutação de SF3B1).

2. Transplante de células-tronco hematopoiéticas

É o único tratamento com potencial curativo. Indicado principalmente para pacientes mais jovens e com doença de alto risco, que tenham um doador compatível e condições clínicas favoráveis.

3. Cuidados de suporte

Incluem transfusões de hemocomponentes, uso de antibióticos em caso de infecção, quelantes de ferro (para sobrecarga por transfusões frequentes) e suporte nutricional.

Mielodisplasia tem cura?

O transplante alogênico de células-tronco hematopoiéticas é atualmente a única opção curativa para a SMD. No entanto, nem todos os pacientes são candidatos a esse procedimento devido à idade avançada ou outras comorbidades. Assim, o tratamento na maioria dos casos tem como objetivo principal controlar os sintomas, prevenir complicações e melhorar a qualidade de vida.

A expectativa de vida varia amplamente conforme o subtipo da SMD, os achados genéticos e a resposta ao tratamento. Pacientes com formas de baixo risco podem ter sobrevida prolongada, enquanto os casos de alto risco demandam intervenções mais agressivas e acompanhamento intensivo.

Revisão médica:

Dra. Fernanda Frozoni Antonacio

Oncologista Clínica

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