O antígeno carcinoembrionário, conhecido como CEA, é uma proteína produzida durante a fase de desenvolvimento fetal, especialmente no trato gastrointestinal. Em adultos saudáveis, os níveis dessa proteína no sangue são muito baixos.
Quando os níveis de CEA estão elevados, isso pode ser um sinal de alerta para alguns tipos de câncer — principalmente o câncer colorretal, mas também para tumores no pulmão, na mama, no pâncreas e nos ovários.
No entanto, é importante lembrar que o CEA não é um exame que diagnostica o câncer por si só. Ele funciona como uma ferramenta complementar, usada principalmente para monitorar a evolução da doença e a resposta ao tratamento.
Como o exame do CEA é usado na prática?
Imagine que uma pessoa já tenha sido diagnosticada com câncer colorretal. Nesse caso, o médico pode solicitar o exame de CEA periodicamente para avaliar como o corpo está respondendo ao tratamento.
Se os níveis dessa proteína diminuírem após cirurgia, quimioterapia ou radioterapia, é um bom sinal de que a terapia está funcionando. Por outro lado, se os níveis aumentarem, isso pode indicar que o câncer voltou ou se espalhou. O exame funciona como um “termômetro biológico”, mas deve sempre ser interpretado em conjunto com outros exames, como tomografias, colonoscopias ou biópsias.
O que pode fazer o CEA aumentar, além do câncer?
Aqui está um ponto fundamental: um CEA elevado não significa, necessariamente, que a pessoa tem câncer.
Fumantes, por exemplo, tendem a apresentar níveis naturalmente mais altos dessa proteína. Além disso, doenças inflamatórias intestinais (como doença de Crohn ou retocolite ulcerativa), pancreatite, cirrose hepática, infecções graves e até insuficiência renal podem causar aumento do CEA.
Por isso, o resultado do exame deve sempre ser analisado no contexto do histórico clínico, dos sintomas e de outros exames complementares.
Como é o exame e quem deve fazer?
O exame é simples e consiste em uma coleta de sangue venoso, geralmente realizada após jejum de 8 horas.
Ele não é recomendado como exame de rotina para pessoas saudáveis, já que um resultado elevado pode causar preocupações desnecessárias. O CEA é mais útil para pacientes que já têm diagnóstico de alguns tipos de tumor maligno ou que estão em acompanhamento após o tratamento oncológico.
Valores de referência e o que eles significam
Os valores considerados normais variam ligeiramente entre laboratórios, mas, em geral, são os seguintes:
- Não fumantes: até 3,4 ng/mL (nanogramas por mililitro de sangue)
- Fumantes: até 4,3 ng/mL
Valores acima desses limites não indicam automaticamente câncer, mas sugerem a necessidade de investigação mais detalhada. Por exemplo, se uma pessoa que não fuma apresenta CEA acima de 10 ng/mL, o médico provavelmente solicitará exames como colonoscopia ou tomografia para esclarecer a causa.
Por que o CEA não é usado para detectar câncer precoce?
A principal limitação do CEA como marcador é que ele não é específico para o câncer.
Pense no CEA como um alarme de fumaça: ele pode indicar um incêndio (câncer), mas também pode tocar por causa de uma situação menos grave (como inflamações ou infecções).
Por isso, ele não é indicado para rastreamento de câncer em pessoas assintomáticas, sendo utilizado apenas como parte de uma avaliação mais ampla, que inclui sintomas, exames de imagem e, quando necessário, biópsias.
Quando o CEA se torna realmente importante?
Para pessoas que estão em tratamento contra o câncer, o exame de CEA ganha papel relevante no acompanhamento.
Se os níveis da proteína caem após cirurgia, quimioterapia ou radioterapia, isso é um bom sinal de resposta ao tratamento. Se, meses ou anos depois, os níveis voltam a subir, isso pode ser um indício de recidiva tumoral, muitas vezes antes mesmo de surgirem sintomas clínicos.
Nesses casos, o CEA atua como um alerta precoce, permitindo ao médico solicitar exames adicionais e, se necessário, ajustar a conduta terapêutica de forma mais rápida e eficaz.
Revisor científico
Dra. Fernanda Frozoni Antonacio
Oncologista Clínica
Rede D’or – Hospital Vila Nova Star e Hospital São Luiz Itaim


