A leucemia é um tipo de câncer que afeta as células do sangue e da medula óssea, especialmente os glóbulos brancos. Ela pode ser classificada como aguda (de progressão rápida) ou crônica (de evolução lenta), de acordo com a velocidade de desenvolvimento das células doentes. Além disso, a leucemia é dividida em linfoide ou mieloide, conforme o tipo de célula sanguínea afetada.
Quais são os principais tipos de leucemia?
Leucemia linfoide aguda (LLA)
A leucemia linfoide aguda é a forma mais comum de leucemia em crianças, embora também possa ocorrer em adultos. Afeta os linfócitos, células do sistema imunológico responsáveis por combater infecções.
Características: células imaturas, chamadas blastos, se multiplicam de forma descontrolada e substituem as células sanguíneas saudáveis, comprometendo a função da medula óssea.
Sintomas: febre persistente, fadiga intensa, sangramentos, manchas roxas na pele e infecções recorrentes.
Tratamento: envolve quimioterapia intensiva em fases, podendo incluir o transplante de medula óssea em casos de alto risco ou recaída.
Leucemia mieloide aguda (LMA)
Mais frequente em adultos com mais de 65 anos, mas pode ocorrer em qualquer faixa etária. Afeta as células mieloides, precursoras de glóbulos vermelhos, plaquetas e certos tipos de glóbulos brancos.
Subtipos: classificados de M0 a M7, de acordo com a classificação FAB (French-American-British), com base no grau de maturação celular.
Sintomas: anemia, sangramentos, formação de hematomas e maior risco de infecções.
Tratamento: geralmente envolve quimioterapia combinada com terapia-alvo. Em pacientes mais jovens, as chances de cura são maiores. O transplante de medula óssea pode ser indicado em casos de risco elevado ou recaída.
Leucemia linfoide crônica (LLC)
Mais comum em pessoas idosas, especialmente homens entre 60 e 70 anos. Afeta os linfócitos B, que se acumulam de forma anormal no sangue, na medula óssea e nos linfonodos.
Características: tem evolução lenta e, muitas vezes, não causa sintomas nas fases iniciais.
Sintomas: aumento de linfonodos, fadiga persistente, perda de peso e infecções frequentes.
Tratamento: em estágios iniciais, pode não ser necessário tratamento imediato, apenas acompanhamento. Em casos mais avançados, pode-se utilizar quimioterapia, imunoterapia ou inibidores de vias moleculares específicas, como o ibrutinibe.
Mais comum em idosos, especialmente homens entre 60 e 70 anos. Afeta os linfócitos B,
Leucemia mieloide crônica (LMC)
Está associada a uma alteração genética conhecida como cromossomo Philadelphia, resultado de uma translocação entre os cromossomos 9 e 22, que forma o gene BCR-ABL1. Esse gene produz uma proteína anormal que estimula o crescimento descontrolado das células mieloides.
Características: curso dividido em três fases — crônica, acelerada e blástica —, sendo esta última a mais agressiva e semelhante à leucemia aguda.
Sintomas: sudorese noturna, dor ou desconforto abdominal devido ao aumento do baço, perda de peso e fadiga.
Tratamento: uso de inibidores da tirosina quinase, como imatinibe, dasatinibe ou nilotinibe, que permitem o controle da doença por muitos anos e, em alguns casos, alcançam remissão duradoura.
Outros tipos menos comuns
- Leucemia de células pilosas: forma rara da LLC, que afeta linfócitos B com projeções citoplasmáticas que lembram pelos. É mais comum em homens adultos de meia-idade. Costuma apresentar evolução lenta e, em muitos casos, é diagnosticada por acaso em exames de sangue de rotina. O tratamento pode incluir agentes quimioterápicos como a cladribina ou a pentostatina, com altas taxas de resposta e remissão prolongada.
- Leucemia de células T do adulto: tipo agressivo de leucemia associada à infecção pelo vírus HTLV-1. É mais prevalente em regiões endêmicas, como o Japão, Caribe e algumas áreas do Brasil.
- Leucemia promielocítica aguda (LPA): subtipo da LMA caracterizado por alto risco de sangramentos devido à coagulação intravascular disseminada. Apesar da gravidade inicial, apresenta altas taxas de cura com tratamento baseado em ácido trans-retinoico e arsênico trióxido.
Diagnóstico e avanços
O diagnóstico da leucemia envolve inicialmente exames laboratoriais como o hemograma completo, que pode revelar alterações nas contagens de glóbulos brancos, vermelhos e plaquetas. A confirmação exige a avaliação da medula óssea por meio de dois procedimentos: o mielograma (aspiração da medula, que permite analisar a morfologia e proporção das células) e a biópsia de medula óssea (retirada de um fragmento do osso, geralmente da crista ilíaca, para estudo do seu aspecto arquitetural).
Esses exames são complementados por testes imunofenotípicos, citogenéticos e moleculares que identificam características específicas das células leucêmicas, como mutações genéticas ou rearranjos cromossômicos.
Entre os avanços mais recentes, destaca-se a terapia com células CAR-T (receptores de antígeno quimérico), em que linfócitos T do próprio paciente são modificados geneticamente para reconhecer e destruir células tumorais. Essa abordagem tem demonstrado resultados promissores em leucemias resistentes, principalmente na leucemia linfoide aguda recidivada ou refratária.
Revisor científico
Dra. Fernanda Frozoni Antonacio
Oncologista Clínica
Rede D’or – Hospital Vila Nova Star e Hospital São Luiz Itaim


