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Abiraterona: para que serve e quais são os efeitos colaterais?

A abiraterona é um medicamento utilizado no tratamento do câncer de próstata avançado, especialmente nos casos de câncer de próstata metastático resistente à castração (mCRPC) e, em determinados pacientes, no câncer de próstata metastático sensível à castração (mCSPC) de alto risco. Esses dois cenários representam estágios avançados da doença, em que o tumor já se disseminou para outros órgãos e, no caso do mCRPC, continua a progredir mesmo após a supressão dos níveis de testosterona — hormônio que estimula o crescimento das células tumorais.

Para que serve a abiraterona?

A abiraterona atua como um inibidor potente e seletivo da enzima CYP17 (17α-hidroxilase/C17,20-liase), essencial na biossíntese de andrógenos como a testosterona, tanto nos testículos quanto nas glândulas suprarrenais e, em menor grau, nas próprias células tumorais da próstata.
Ao bloquear essa enzima, a abiraterona reduz drasticamente os níveis de testosterona e outros hormônios androgênicos que alimentam o crescimento das células cancerígenas prostáticas. Esse mecanismo de ação contribui para retardar a progressão da doença e prolongar a sobrevida dos pacientes.
O medicamento é administrado por via oral e, geralmente, é combinado com corticosteroides — como prednisona ou prednisolona — para minimizar efeitos adversos relacionados à supressão do eixo adrenal e ao desequilíbrio eletrolítico.

Efeitos colaterais da abiraterona

Como todo tratamento oncológico, a abiraterona pode causar efeitos colaterais, cuja intensidade e frequência variam entre os pacientes. Os eventos adversos mais relatados incluem:

  • Retenção de líquidos, com inchaço (edema) em membros inferiores;
  • Hipertensão arterial;
  • Hipocalemia (níveis baixos de potássio), que pode causar fraqueza muscular, câimbras e arritmias;
  • Infecções do trato urinário;
  • Dislipidemia (alterações nos níveis de colesterol e triglicerídeos);
  • Eventos cardiovasculares, como dor torácica, insuficiência cardíaca e arritmias;
  • Distúrbios gastrointestinais, como diarreia, dispepsia e náuseas;
  • Elevação das enzimas hepáticas, indicando possível toxicidade hepática;
  • Reações cutâneas, como erupções ou manchas vermelhas na pele.

Devido a esses riscos, o uso da abiraterona exige acompanhamento médico contínuo, com monitoramento regular da pressão arterial, níveis séricos de potássio, função hepática e parâmetros cardíacos.

Contraindicações e cuidados

A abiraterona é contraindicada para mulheres grávidas ou com potencial de engravidar, devido ao risco de efeitos teratogênicos. Também deve ser evitada em pacientes com insuficiência hepática grave, insuficiência cardíaca grave ou hipersensibilidade a qualquer componente da fórmula. A administração deve ocorrer longe das refeições, pois a ingestão de alimentos pode aumentar significativamente a absorção do fármaco e, consequentemente, os efeitos adversos.

A importância do acompanhamento oncológico

O tratamento do câncer de próstata deve ser individualizado, levando em conta o estágio da doença, as comorbidades do paciente, suas preferências e a resposta ao tratamento. A abiraterona representa uma opção terapêutica eficaz, sobretudo quando inserida em um plano de cuidado multidisciplinar.

Para pacientes e familiares, entender para que serve a abiraterona e conhecer seus possíveis efeitos colaterais é fundamental para garantir boa adesão ao tratamento e preservar a qualidade de vida. O acesso à informação confiável, aliado ao suporte contínuo de uma equipe médica especializada, pode fazer toda a diferença no desfecho clínico e no bem-estar do paciente.

Revisor científico
Dra. Fernanda Frozoni Antonacio
Oncologista Clínica
Rede D’or – Hospital Vila Nova Star e Hospital São Luiz Itaim

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