Você está em Oncologia D`Or
Você está em Oncologia D`Or

Braquiterapia: o que é e como é feita a braquiterapia no colo do útero?

A braquiterapia é uma modalidade de radioterapia que se destaca no tratamento de diversos tipos de câncer, especialmente o ginecológico, como o câncer de colo do útero.
Diferentemente da radioterapia externa, que emite radiação a partir de uma máquina fora do corpo, a braquiterapia consiste na aplicação interna da radiação, com fontes radioativas posicionadas diretamente no tumor ou muito próximas dele. Essa técnica proporciona uma alta concentração de radiação na área afetada, minimizando os danos aos tecidos saudáveis ao redor.

Braquiterapia: o que é?

A braquiterapia é um tipo de radioterapia interna em que o material radioativo — na forma de sementes, fios ou placas — é colocado dentro do corpo, em contato direto com o tumor ou em sua proximidade. O termo vem do grego “brachy”, que significa “curto”, indicando que a radiação atua em uma curta distância, concentrando o tratamento na região afetada.
Essa técnica é utilizada em tumores ginecológicos, como o câncer do colo do útero (braquiterapia útero ou braquiterapia ginecológica), além de ser aplicada no câncer de mama (braquiterapia mama) e em outros locais, dependendo da indicação médica.
A braquiterapia pode ser feita com diferentes taxas de dose: de baixa taxa (LDR), em que o material radioativo permanece por horas ou dias, e de alta taxa (HDR), em que a radiação é aplicada por poucos minutos em sessões repetidas, geralmente em regime ambulatorial.

Como é feita a braquiterapia no colo do útero?

No tratamento do câncer de colo do útero, a braquiterapia é uma etapa fundamental, combinada com a radioterapia externa (teleterapia) e, em alguns casos, com quimioterapia. O procedimento é realizado em ambiente hospitalar, com anestesia geral, raquianestesia ou anestesia local com sedação, pois envolve a inserção de aplicadores dentro da vagina e do útero.
O processo segue algumas etapas principais:

1. Inserção dos aplicadores: o médico insere no útero e na vagina aplicadores — pequenos cateteres ou tubos — que servirão de canal para a introdução das fontes radioativas. Essa etapa é guiada por imagens, como ultrassom, raio-X ou ressonância magnética, para garantir a correta posição e evitar complicações como perfuração uterina.

2. Planejamento do tratamento: após a colocação dos aplicadores, são feitas imagens para mapear precisamente a localização do tumor e dos órgãos adjacentes. Com esses dados, o médico rádio-oncologista planeja a dose de radiação a ser administrada, buscando máxima eficácia e mínima toxicidade.

3. Aplicação da radiação: a fonte radioativa é inserida nos aplicadores por meio de um aparelho específico, que controla remotamente a liberação da radiação. No caso da braquiterapia de alta taxa de dose, a fonte permanece por alguns minutos e é removida após cada sessão. O tratamento envolve várias sessões, com intervalos de poucos dias.

4. Remoção dos aplicadores: após a última sessão, os aplicadores são retirados. O procedimento é ambulatorial e a paciente pode retornar para casa no mesmo dia.

Benefícios da braquiterapia no colo do útero

A braquiterapia oferece vantagens importantes no tratamento do câncer cervical:

Alta precisão: a radiação é direcionada diretamente ao tumor, reduzindo a exposição dos tecidos saudáveis próximos, como bexiga e reto.
Maior dose local: permite administrar doses mais elevadas na área do tumor do que a radioterapia externa isolada.
Menor duração do tratamento: com a braquiterapia de alta taxa, o tempo total de tratamento é reduzido.
Menos efeitos colaterais sistêmicos: como a radiação é local, há menor impacto em todo o organismo.

Cuidados e efeitos colaterais

Apesar da precisão, a braquiterapia pode causar efeitos colaterais, como irritação e inflamação da vagina, que pode ficar vermelha, dolorida e apresentar leve sangramento. A longo prazo, pode ocorrer perda da elasticidade vaginal, que pode ser prevenida com o uso de dilatadores vaginais conforme orientação médica.
Outros efeitos comuns incluem fadiga, alterações na pele da região tratada, náuseas e alterações intestinais, que são semelhantes aos da radioterapia externa.

Braquiterapia ginecológica e outras aplicações

Além do câncer de colo do útero, a braquiterapia ginecológica é indicada para tumores do endométrio e da vagina. No câncer de mama, a braquiterapia pode ser usada como tratamento complementar, em casos selecionados, para reduzir o risco de recidiva local.
Em resumo, a braquiterapia é uma técnica avançada e eficaz para o tratamento do câncer de colo do útero, que alia precisão, segurança e menor impacto nos tecidos saudáveis. Com o avanço das tecnologias de imagem e a adoção de protocolos modernos, como a braquiterapia de alta taxa de dose guiada por ultrassom, o procedimento tornou-se ainda mais seguro e eficiente.
Mulheres diagnosticadas com câncer cervical devem discutir com seus médicos a possibilidade da braquiterapia como parte do tratamento, entendendo seus benefícios, suas etapas e os cuidados necessários para obter um melhor resultado.

Revisor científico
Dra. Fernanda Frozoni Antonacio
Oncologista Clínica
Rede D’or – Hospital Vila Nova Star e Hospital São Luiz Itaim

Compartilhe este artigo