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Endometriose pode virar câncer?

Embora a relação entre endometriose e câncer ainda esteja sendo estudada, mulheres devem estar cientes do aumento do risco de câncer de ovário e procurar acompanhamento médico regular para monitorar sua saúde reprodutiva. A endometriose não é câncer, mas a sua presença pode justificar uma vigilância adicional, devido ao pequeno aumento no risco associado.

Endometriose pode virar câncer?

A endometriose é uma condição comum e complexa, afetando mulheres em idade reprodutiva e gerando dúvidas quanto à sua possível relação com o câncer. Embora a endometriose seja uma condição benigna, há investigações científicas sobre o potencial de desenvolvimento de câncer a partir desse quadro.

O que é endometriose?

A endometriose ocorre quando o tecido semelhante ao endométrio – o revestimento interno do útero – cresce fora da cavidade uterina, atingindo principalmente os ovários, trompas de Falópio e, em alguns casos, órgãos mais distantes, como intestinos e bexiga. Essa condição pode resultar em sintomas debilitantes:

  • Dor pélvica intensa: Geralmente durante o período menstrual, mas pode persistir em outras fases do ciclo.
  • Dispareunia: Dor durante relações sexuais, o que pode impactar a qualidade de vida.
  • Infertilidade: A endometriose é uma das principais causas de infertilidade, dificultando a concepção em algumas mulheres.

Embora seja uma condição benigna, a endometriose requer acompanhamento, especialmente devido à preocupação com o aumento do risco de certos tipos de câncer.

Endometriose pode causar câncer?

A endometriose não é um câncer e, em geral, não causa câncer diretamente. No entanto, estudos sugerem que a endometriose pode compartilhar fatores de risco genéticos e hormonais que predispõem a um pequeno aumento no risco de alguns tipos de câncer, especialmente o câncer de ovário. A transformação maligna das células endometriais ectópicas (fora do útero) é rara, mas o ambiente inflamatório criado pela endometriose, junto com o desequilíbrio hormonal (principalmente o excesso de estrogênio), pode contribuir para essa evolução em casos específicos.

Algumas teorias sobre essa transformação sugerem que:

  • Processos inflamatórios crônicos: A endometriose causa inflamação constante nas áreas afetadas, o que pode gerar alterações celulares ao longo do tempo.
  • Fatores genéticos: Mulheres com histórico familiar de câncer de ovário podem ter um risco ligeiramente maior de desenvolver a malignização da endometriose.

Essas associações não significam que todas as mulheres com endometriose estão destinadas a desenvolver câncer, mas justificam o acompanhamento cuidadoso.

Endometriose no ovário pode virar câncer?

Estudos indicam que mulheres com endometriose têm um risco discretamente elevado de desenvolver alguns tipos de câncer, especialmente o câncer de ovário. Esse risco, embora baixo, é mais associado a subtipos específicos de câncer de ovário:

  • Carcinoma de células claras: Um tipo raro de câncer de ovário, mas que tem sido identificado com maior frequência em mulheres com histórico de endometriose.
  • Carcinoma endometrioide: Outro subtipo de câncer ovariano também ligado à endometriose.

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o risco de desenvolver câncer de ovário em mulheres com endometriose é de 1 a 2%. Esse risco, embora estatisticamente significativo, permanece baixo, e a maioria das mulheres com endometriose não desenvolverá câncer de ovário. A presença de endometriomas (cistos de endometriose nos ovários) é um fator que pode elevar ligeiramente esse risco, mas é importante lembrar que essa transformação maligna é rara.

Endometriose pode ser confundida com câncer?

Sim, a endometriose pode ser confundida com câncer durante exames de imagem, como ultrassonografias ou ressonâncias magnéticas. Os cistos ovarianos associados à endometriose, chamados endometriomas, podem se assemelhar a tumores ovarianos. Essa semelhança visual pode gerar preocupação e levar a investigações adicionais para confirmar o diagnóstico.

Além disso, os sintomas da endometriose – como dor pélvica crônica, irregularidades menstruais e desconforto abdominal – podem ser semelhantes aos sintomas iniciais de alguns cânceres ginecológicos, tornando a distinção clínica mais difícil. A realização de exames complementares, incluindo biópsias em casos suspeitos, é fundamental para um diagnóstico correto e para diferenciar as condições O acompanhamento regular tem o potencial de ajudar na detecção precoce de qualquer alteração que possa indicar a transformação maligna das células endometriais.

Prevenção e acompanhamento

Mulheres com endometriose devem manter um acompanhamento regular com ginecologistas para monitorar a evolução da doença e detectar possíveis complicações, incluindo o surgimento de cistos ovarianos suspeitos. Algumas estratégias de prevenção e monitoramento incluem:

  • Exames de imagem regulares: Ultrassonografias e ressonâncias magnéticas podem ajudar a identificar alterações nos ovários e outros órgãos, permitindo a detecção precoce de qualquer transformação suspeita.
  • Controle hormonal: O uso de anticoncepcionais ou outras terapias hormonais pode auxiliar na redução da progressão da endometriose e minimizar os efeitos do estrogênio, que podem estimular o crescimento de células endometriais fora do útero.
  • Estilo de vida saudável: Manter uma dieta equilibrada, praticar exercícios físicos regularmente e evitar o tabagismo pode reduzir processos inflamatórios sistêmicos e contribuir para a saúde geral, o que é benéfico para mulheres com endometriose.

Para mulheres com histórico familiar de câncer de ovário ou outros fatores de risco, é recomendável discutir com o médico a possibilidade de exames preventivos mais frequentes. A vigilância constante é essencial, pois pode ajudar a detectar precocemente qualquer alteração maligna.

Revisão médica:

Dra. Fernanda Frozoni Antonacio

Oncologista Clínica

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