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Estadiamento do câncer de mama: etapa fundamental para o planejamento do tratamento

O estadiamento do câncer de mama é um dos passos mais cruciais após o diagnóstico da doença. Trata-se do processo de determinar a extensão anatômica do tumor, avaliando o tamanho da lesão primária, o comprometimento de linfonodos regionais e a presença de metástases à distância. Também se considera o grau de diferenciação celular, ou seja, o quanto as células tumorais se assemelham às células mamárias normais.

Esse processo envolve a realização de exames de imagem, exames laboratoriais e biópsias, possibilitando uma análise minuciosa de cada caso e permitindo o planejamento terapêutico mais adequado.

Por que o estadiamento é tão importante?

O estadiamento oncológico é essencial para a tomada de decisões clínicas individualizadas. Ele permite classificar o câncer em estágios – geralmente de 0 a IV, sendo o estágio 0 o mais precoce e o estágio IV o mais avançado – com base no sistema TNM (Tumor, Nódulo, Metástase).

Essa classificação orienta a escolha do tratamento e fornece informações prognósticas. Por exemplo, tumores em estágios iniciais (0 e I) são frequentemente tratados com cirurgia conservadora ou mastectomia, com ou sem radioterapia adjuvante, porém em casos selecionados inicia-se quimioterapia e/ou imunoterapia antes da cirurgia. Já os estágios mais avançados, como o III e o IV, geralmente requerem terapias combinadas, que podem incluir quimioterapia, radioterapia, terapia hormonal, terapia alvo e, em alguns casos, imunoterapia.

Os estágios do câncer de mama

A seguir, apresenta-se uma descrição simplificada dos estágios clínicos do câncer de mama com base na classificação TNM:

Estágio 0: conhecido como carcinoma in situ (principalmente o carcinoma ductal in situ – CDIS), trata-se de um tumor não invasivo, confinado aos ductos mamários, sem infiltração do tecido adjacente.
Estágio I: o tumor invasivo mede até 2 cm de diâmetro (T1), sem comprometimento linfonodal (N0) e sem metástase (M0). Representa doença em fase inicial, com altas taxas de cura.
Estágio II: Pode envolver tumores maiores (entre 2 cm e 5 cm) ou presença de comprometimento limitado de linfonodos axilares.
Estágio III: denominado câncer localmente avançado. Envolve tumores maiores, comprometimento linfonodal extenso (inclusive linfonodos infraclaviculares ou supraclaviculares) ou invasão de estruturas adjacentes, como parede torácica ou pele.
Estágio IV: Corresponde à doença metastática, com disseminação das células cancerígenas para órgãos distantes, como ossos, fígado, pulmões ou cérebro.

Como fazer o estadiamento do câncer de mama?

O estadiamento clínico e patológico do câncer de mama é realizado utilizando o sistema TNM, desenvolvido pela American Joint Committee on Cancer (AJCC). Nesse sistema:

T (Tumor): descreve o tamanho e a extensão da lesão primária.

N (Nódulo): avalia o número e o tipo de linfonodos regionais acometidos.

M (Metástase): determina a presença ou ausência de metástases à distância.

A partir da combinação desses três fatores, define-se o estágio clínico (antes do tratamento) e o estágio patológico (após cirurgia). A integração de características biológicas, como expressão de receptores hormonais (RE e RP), superexpressão de HER2 e índice de proliferação (Ki-67), também faz parte do estadiamento mais recente e auxilia na definição do subtipo molecular e da abordagem terapêutica.

Além de guiar o tratamento, o estadiamento permite a padronização internacional de condutas, viabiliza comparações entre centros de saúde e colabora com a produção científica sobre a doença. Ele também é um indicador importante da efetividade dos programas de rastreamento e do impacto das políticas públicas em oncologia.

Tecnologia e precisão no diagnóstico

A determinação precisa do estágio do câncer de mama depende de exames de imagem e análises histopatológicas. Entre os métodos empregados, destacam-se:

  • Mamografia: exame de rastreamento e avaliação inicial.
  • Ultrassonografia: útil para avaliação complementar de lesões suspeitas e linfonodos.
  • Ressonância magnética: indicada em casos selecionados, especialmente para avaliação da extensão tumoral.
  • PET-CT e tomografia computadorizada: utilizados em casos avançados ou quando há suspeita de metástase.

Além disso, exames imuno-histoquímicos e testes genéticos (como Oncotype DX, MammaPrint, entre outros) auxiliam na definição do perfil biológico do tumor, o que também impacta na decisão terapêutica.

Em resumo o estadiamento do câncer de mama é uma etapa indispensável para compreender a real extensão da doença em cada paciente. Ele orienta a equipe médica na escolha das terapias mais apropriadas, contribui para a estimativa do prognóstico e favorece melhores resultados clínicos. A precisão do estadiamento, combinada com os avanços na biologia tumoral, permite uma abordagem cada vez mais personalizada, eficaz e baseada em evidências científicas.

Revisor científico
Dra. Fernanda Frozoni Antonacio
Oncologista Clínica
Rede D’Or – Hospital Vila Nova Star e Hospital São Luiz Itaim

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