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Mioma uterino: é câncer ou apenas um tumor benigno?

Miomas uterinos são tumores benignos que raramente estão associados ao câncer. Entretanto, é importante esclarecer dúvidas com especialistas e realizar exames regulares para monitorar a saúde do útero. Em caso de sintomas persistentes ou alterações suspeitas, procure orientação médica.

O mioma uterino é um tumor benigno que se origina a partir da proliferação anormal das células musculares do miométrio, a camada muscular do útero. Essa condição é uma das mais comuns entre as mulheres em idade reprodutiva, com uma prevalência estimada de até 40% das mulheres brasileiras, podendo chegar a 70% em algumas populações.

Apesar de sua alta frequência, muitas mulheres têm dúvidas sobre a relação entre miomas e câncer, frequentemente questionando: “Mioma pode virar câncer?” ou “Mioma no útero é sinal de câncer?”. Neste artigo, abordaremos essas questões e esclareceremos os principais aspectos científicos sobre o tema.

O que são miomas uterinos?

Os miomas são tumores sólidos compostos por células musculares lisas e tecido conjuntivo fibroso sem malignidade. Eles podem variar em tamanho, desde poucos milímetros até formações volumosas que alteram o contorno uterino, e se classificam de acordo com sua localização:

  • Subserosos – crescem na parte externa do útero e podem comprimir órgãos adjacentes, causando sintomas como aumento da frequência urinária.
  • Intramurais – desenvolvem-se na parede muscular do útero e, dependendo do tamanho, podem causar sangramento menstrual intenso e aumento do volume abdominal.
  • Submucosos – localizam-se na camada interna do útero, podendo provocar sangramentos intensos e dificuldades para engravidar.

Embora a maioria dos miomas não causem sintomas, cerca de 30% das mulheres com essa condição podem apresentar complicações como sangramentos anormais, cólicas intensas e impacto na fertilidade.

Mioma pode virar câncer?

Uma das dúvidas mais comuns é se os miomas podem sofrer transformação maligna. A resposta é não. Os miomas são tumores benignos e não possuem potencial para se tornar câncer ao longo do tempo.

Entretanto, existe um tipo raro de câncer denominado leiomiossarcoma uterino, que é um tumor maligno originado diretamente do tecido muscular liso do útero. Apesar da semelhança no nome e na localização, os leiomiossarcomas não se desenvolvem a partir de um mioma pré-existente, mas podem ser confundidos com eles em exames de imagem.

Estudos indicam que menos de 0,1% dos miomas apresentam características atípicas que poderiam sugerir um risco aumentado de malignidade, como os leiomiomas com alterações celulares incomuns (leiomiomas atípicos ou mitoticamente ativos). No entanto, esses casos são extremamente raros e requerem avaliação histopatológica detalhada.

Câncer pode ser confundido com mioma?

Sim, em alguns casos, o câncer endometrial e outros tipos de tumores malignos podem ser erroneamente interpretados como miomas devido à semelhança dos sintomas e às características observadas em alguns exames de imagem.

Sintomas como sangramentos anormais, dor pélvica persistente e crescimento rápido de uma massa uterina devem ser investigados com maior rigor para descartar malignidade. Exames como ultrassonografia transvaginal, ressonância magnética e, em alguns casos, biópsia podem ser necessários para um diagnóstico preciso.

Fatores de risco e sintomas

  • Hormônios: o estrogênio e a progesterona estimulam o crescimento dos miomas, explicando sua predominância durante a idade reprodutiva e a regressão após a menopausa.
  • Idade: mulheres entre 30 e 50 anos apresentam maior predisposição ao desenvolvimento de miomas.
  • Histórico familiar: a presença de miomas em parentes de primeiro grau aumenta o risco de desenvolver a condição.
  • Obesidade: níveis elevados de estrogênio associados ao excesso de tecido adiposo podem favorecer o crescimento dos miomas.

Sintomas mais comuns

Os miomas podem ser assintomáticos, mas quando manifestam sintomas, os principais incluem:

  • Sangramento menstrual intenso e prolongado, podendo levar à anemia.
  • Dor pélvica ou sensação de pressão abdominal, especialmente em miomas volumosos.
  • Aumento da frequência urinária, devido à compressão da bexiga.
  • Dores durante as relações sexuais (dispareunia).
  • Dificuldade para engravidar, no caso de miomas que alteram a cavidade uterina.

Tratamento e acompanhamento médico

O tratamento dos miomas uterinos depende da intensidade dos sintomas, do tamanho e da localização dos nódulos. As principais abordagens incluem:

  • Tratamento medicamentoso: pode envolver o uso de hormônios, como análogos de GnRH, moduladores seletivos de receptores de progesterona e anti-inflamatórios para controle dos sintomas.
  • Embolização uterina: procedimento minimamente invasivo que bloqueia o fluxo sanguíneo para o mioma, levando à sua redução.
  • Miomectomia: cirurgia para remoção seletiva dos miomas, preservando o útero, indicada para mulheres que desejam manter a fertilidade.
  • Histerectomia: remoção total do útero, recomendada em casos de miomas volumosos ou sintomáticos quando outros tratamentos não são eficazes.

O acompanhamento ginecológico regular é essencial para monitorar a evolução dos miomas e garantir o manejo adequado da condição.

Revisão médica:

Dra. Fernanda Frozoni Antonacio

Oncologista Clínica

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