O câncer de mama é o tumor maligno mais comum entre mulheres no Brasil e no mundo. Ele ocorre quando há crescimento anormal e descontrolado de células na mama. O diagnóstico precoce e o tratamento adequados aumentam muito as chances de cura e ajudam a preservar a qualidade de vida.
Hoje sabemos que “o câncer de mama” não é uma única doença: existem subtipos com comportamento e respostas ao tratamento diferentes. Por isso é essencial identificar características moleculares do tumor, por exemplo, a presença de receptores hormonais (estrogênio e progesterona) e de uma proteína chamada HER2, para definir a estratégia terapêutica mais eficaz.
O que é HER2?
HER2 (do inglês human epidermal growth factor receptor 2) é uma proteína presente na membrana de algumas células que integra uma família de receptores responsáveis por regular sinais de crescimento, divisão e reparação celular. Em condições normais, o HER2 atua como um “mensageiro” que transmite sinais do exterior para o interior da célula, ajudando a controlar funções biológicas importantes.
Em alguns tumores de mama, porém, há superexpressão dessa proteína ou amplificação do gene HER2, ou seja, as células passam a produzir muito mais HER2 do que o esperado. Isso faz com que as células cresçam e se multipliquem de forma mais rápida e desordenada. Esses tumores são chamados de HER2-positivos.
Cerca de 15–20% dos cânceres de mama apresentam superexpressão de HER2 (HER2-positivo). Esse subtipo tende a ser mais agressivo, com maior velocidade de crescimento e potencial de disseminação, embora hoje existam tratamentos específicos que alteraram muito o prognóstico desses pacientes.
HER2+, HER2- e HER2-low: quais são as diferenças?
Depois da biópsia, os laboratórios informam o “status” do HER2, isto é, se o tumor é HER2-positivo, HER2-negativo ou HER2-low, informação que orienta a escolha do tratamento.
HER2-positivo (HER2+)
Tumores HER2+ têm grande quantidade da proteína na superfície celular ou amplificação do gene HER2. Historicamente, isso esteve associado a pior prognóstico, mas o desenvolvimento de terapias-alvo transformou o tratamento dessa condição. Medicamentos como o trastuzumabe (Herceptin®) bloqueiam o receptor HER2 e, quando indicados, são combinados com quimioterapia ou outras drogas (por exemplo, pertuzumabe, trastuzumabe-emtansina, T-DM1 e trastuzumabe deruxtecana). A escolha do esquema depende do estágio da doença e das condições clínicas de cada paciente.
HER2-negativo (HER2-)
Tumores HER2-negativos não apresentam superexpressão ou amplificação do gene e, portanto, não respondem às terapias que agem especificamente contra o HER2. O tratamento desses casos varia conforme a presença de receptores hormonais: se o tumor é hormônio-receptor-positivo, pode-se usar hormonioterapia; se for triplo-negativo (sem HER2 nem receptores hormonais), a opção costuma ser quimioterapia e, em alguns cenários, imunoterapia. A decisão terapêutica é individualizada.
Leia também: Câncer de mama triplo negativo: o que é, sintomas, tratamento e expectativa de vida
HER2-low: uma nova categoria
A categoria chamada “HER2-low” descreve tumores com expressão baixa, mas detectável, de HER2, ou seja, níveis que não alcançam o corte tradicional para HER2+ (IHC 3+), mas também não são totalmente ausentes.
Habitualmente, considera-se HER2-low os resultados IHC 1+ ou IHC 2+ com ISH/FISH negativo. Até recentemente, esses tumores eram tratados como HER2-negativos, mas estudos clínicos mostraram que alguns medicamentos podem atingir benefícios mesmo quando a expressão de HER2 é baixa.
O conjugado anticorpo-fármaco trastuzumabe deruxtecana (conhecido por Enhertu) demonstrou, em ensaios como o DESTINY-Breast04, benefício claro em pacientes com câncer de mama metastático HER2-low previamente tratados. O estudo mostrou redução do risco de progressão da doença e melhora na sobrevida em comparação com a quimioterapia padrão; com base nesses dados, o medicamento recebeu aprovação regulatória para essa indicação em 2022. Esses avanços abriram novas opções para pacientes que antes não eram considerados elegíveis para terapias dirigidas ao HER2.
Como os níveis de HER2 são identificados?
A avaliação do HER2 é feita a partir do tecido retirado na biópsia, por dois exames principais:
Imuno–histoquímica: é o exame inicial que quantifica a proteína na membrana das células tumorais e usa uma escala de 0 a 3+:
• 0 ou 1+: considerado negativo (1+ hoje pode ser classificado como HER2-low, dependendo do contexto laboratoral);
• 2+: resultado indeterminado, que exige confirmação por outro método;
• 3+: considerado positivo para HER2.
Hibridização in situ por fluorescência (FISH): detecta amplificação do gene HER2 (aumento do número de cópias). É usado para confirmar casos 2+ em IHC; se o ISH/FISH for positivo, o tumor é classificado como HER2-positivo. As normas de interpretação são padronizadas por consensos internacionais para reduzir erros e aumentar a reprodutibilidade dos resultados
Por que é importante classificar os níveis de HER2?
Classificar os níveis de HER2 no câncer de mama é um processo fundamental no diagnóstico e no planejamento do tratamento. Essa avaliação possibilita entender como o tumor se comporta, quais medicamentos serão mais eficazes e qual o prognóstico da paciente.
Ao saber se o tumor é HER2-positivo, HER2-negativo ou HER2-low, os médicos conseguem personalizar o tratamento, de modo a oferecer alternativas mais direcionadas. Dessa forma, a classificação colabora porque:
- Permite personalizar o tratamento e aumentar a chance de resposta;
- Evita oferecer terapias que provavelmente não terão efeito;
- Reduz efeitos colaterais ao escolher abordagens mais direcionadas;
- Ajuda a definir o acompanhamento e as estratégias de controle, considerando o risco de progressão ou recidiva.
Em resumo, conhecer o status do HER2 não é apenas um detalhe técnico, mas uma informação decisiva para garantir que cada paciente receba o melhor tratamento possível para o seu tipo de câncer de mama.
A maioria das alterações relacionadas ao HER2 em câncer de mama são alterações somáticas do tumor (ocorrem nas células do tumor) e não costumam ser hereditárias — isto é, geralmente não são passadas de pais para filhos. As causas exatas das alterações que levam à superexpressão do HER2 não são completamente conhecidas. A escolha do melhor tratamento depende de uma avaliação do oncologista, do perfil molecular do tumor e das características clínicas de cada pessoa.
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Revisor científico
Dra. Fernanda Frozoni Antonacio
Oncologista Clínica
Rede D’or – Hospital Vila Nova Star e Hospital São Luiz Itaim


