Última atualização: 25 de setembro de 2022 às 00:01
Estudos científicos mostraram uma associação entre hipertensão e casos graves de COVID-19. Isso acontece também em outras infecções graves, pois pacientes portadores de hipertensão, diabetes e outras doenças cardíacas e pulmonares são frequentemente idosos e têm uma capacidade reduzida de resistir a essas infecções. Ainda assim, a maioria dos hipertensos que adquiriram a COVID-19 se recuperou plenamente.
Alguns medicamentos para hipertensão e anti-inflamatórios aumentam os níveis de uma enzima conhecida como ACE2, que é utilizada pelo coronavírus para entrar nas células dos pulmões e coração. Essa observação já havia sido feita em epidemias de outros coronavírus causadores de infecção pulmonar grave. Não há, no entanto, qualquer evidência de que o uso desses medicamentos aumenta o risco de infecção ou a gravidade da COVID-19. O artigo publicado pela revista científica Lancet, e frequentemente compartilhado em mídias sociais, não traz qualquer resultado de pesquisas, apenas levanta uma questão sobre essa possível associação entre o uso desses medicamentos e infecções por coronavírus.
Nesse momento, portanto, a recomendação é manter o uso de todas as medicações regulares para o tratamento da hipertensão. A suspensão ou troca de anti-hipertensivos sem a orientação do médico pode trazer sérias complicações.
Anti-inflamatórios como ibuprofeno são frequentemente utilizados para febre ou dor. Mas todas as sociedades médicas no mundo sempre recomendaram parcimônia e cuidado no seu uso, pois essas substâncias podem piorar a função dos rins e do coração, descontrolar a pressão arterial e causar sangramentos. Portanto, independentemente de uma possível, e não demonstrada, associação com o coronavírus, esse grupo de medicamentos deve ter o uso restrito à menor dose e ao menor tempo possível, particularmente em idosos e portadores de doenças crônicas.
Eduardo S. Darze (CRM 11402 – BA)
Cardiologista, Diretor Médico e de Qualidade do Hospital Cárdio Pulmona
A cloroquina e a hidroxicloroquina são medicamentos disponíveis há muitos anos para a prevenção e tratamento da malária e também para o tratamento de algumas doenças reumáticas como artrite reumatoide e lúpus.
Investigadores chineses demostraram a capacidade dessas drogas de inibir a replicação do coronavírus in vitro. Um estudo francês mostrou que a eliminação do coronavírus da garganta de portadores da COVID-19 se deu de forma mais rápida com a utilização da combinação de hidroxicloroquina e o antibiótico azitromicina, quando comparados a pacientes que não usaram as drogas. Entretanto, não há estudos demonstrando melhora clínica dos pacientes com COVID-19 quando tratados com hidroxicloroquina.
A Cloroquina e a hidroxicloroquina não são inóquas. Elas podem causar sérios efeitos colaterais como redução dos glóbulos brancos, disfunção do fígado, disfunção cardíaca e arritmias, e alterações visuais por danos na retina (A hidroxicloroquina é menos tóxica e mais bem tolerada que a cloroquina). Além disso, essa droga é muito importante para o tratamento de pacientes com malária, lúpus e artrite reumatoide – ao contrário do que ocorre com a COVID-19, a hidroxicloriquina já foi bastante estudada e traz grandes benefícios para esses pacientes.
O ministério da saúde, apesar de considerar o medicamento como experimental, liberou a cloroquina para uso em pacientes muito graves e entubados, a critério da equipe médica. A ANVISA anunciou restrições na compra dessas medicações nas farmácias para evitar a escassez para os pacientes portadores de malária, lúpus e artrite reumatoide.
Não tente comprar a hidroxicloroquina nas farmácias. Deixe o medicamento para quem verdadeiramente precisa dela!