Sinais de alerta da depressão pós-parto

Tristeza profunda, pessimismo constante, desesperança e sentimento de culpa logo após o nascimento do bebê ou até cerca de seis meses após o parto podem ser sintomas de depressão pós-parto.

Estima-se que de 10% a 15% das mulheres possam apresentar um quadro de depressão nesse período. No entanto, o volume de pessoas pode ser maior, pois se acredita que haja subnotificação dos casos, segundo a psicanalista Patricia Bader, gestora dos serviços de psicologia na regional São Paulo da Rede D’Or São Luiz. “Alteração nos padrões de sono e alimentação também podem estar presentes, além de falta de concentração, pensamentos persistentes e indesejados”, acrescenta a especialista.

Abaixo, Patricia Bader esclarece algumas dúvidas comuns a respeito desse transtorno psicológico que pode acometer mulheres de qualquer idade, mas que tem tratamento.

“Como orientação, de maneira geral, é importante respeitar as mudanças que a gestação impõe e adequar-se ao momento”, diz. “Se ocorrerem emoções negativas persistentes, ter acompanhamento médico e contar com o apoio da família.”

Como identificar a depressão pós-parto? Quais as particularidades do transtorno?

Os sintomas da DPP são similares aos sintomas da depressão. Porém, ela se diferencia por ser mais focada, normalmente, na relação com o bebê. Muitas vezes, a exacerbação dos sintomas e os pensamentos se relacionam à função materna: medo de não conseguir cuidar do bebê, preocupações severas em relação à segurança do filho, eventualmente medo de provocar o mal para a criança.

Em casos mais extremos (e menos comuns), o nascimento e o encontro com o bebê podem abrir um quadro de psicose com sinais característicos de confusão e desorientação, pensamentos obsessivos sobre a relação com o filho, sinais de alterações maiores como alucinações e delírios, quadros paranoicos e mesmo o impulso de fazer mal a si ou ao filho.

Qual a orientação para apoiar quem está com depressão?

Em primeiro lugar, um pré-natal adequado contempla um acompanhamento sobre as modificações psíquicas do período. Sabe-se que uma pessoa que já teve um quadro diagnosticado de depressão tem 50% de chance de abrir outro quadro similar. Normalmente, identificam-se situações associadas que precipitam a instalação desta defesa psíquica.

Sinais precocemente identificados servem para a intervenção precoce, propondo uma direção de cuidado assertiva.

Sendo assim, perguntas que avaliem e acompanhem a saúde mental na gestação e puerpério são fundamentais.

Qual o papel da família no contexto de uma depressão pós-parto?

A família tem papel fundamental nesse momento também. O nascimento de uma criança incide sobre um núcleo familiar; a sensação e experiência de solidão e desamparo podem provocar uma identificação com a condição de desamparo estrutural da criança e interferir na forma de vinculação em construção.

A família também contribui para reconhecer quais sinais mais acentuados se mantêm na mulher. Devem sinalizar e ajudá-la a buscar ajuda, bem como a garantir uma rede de apoio que dê suporte à mãe e ao bebê nesse momento.

Acolhimento sem julgamento, colaboração sem cobranças, garantir um período efetivo de descanso, facilitar o cuidado e o contato entre mãe e bebê, são algumas das funções que a família poderia desempenhar.

Como costuma ser o tratamento?

O tratamento deve ser composto por psicoterapia e medicação associada, se necessário.

Sabemos que fragilidades psíquicas e sociais aumentam a incidência de manifestações depressivas. Problemas financeiros, gravidez solitária, gravidez adolescente e em mulheres mais velhas, antecedentes psiquiátricos, interrupção de tratamentos prévios, baixo suporte social e familiar e questões relacionadas ao bebê podem contribuir para a depressão. É importante oferecer apoio e procurar ajuda de um médico.

Qual a diferença entre depressão pós-parto e baby blues?

Baby blues, conhecido como tristeza puerperal, é um momento temporário de maior sensibilidade e cansaço que desaparece em algumas semanas. Não se caracteriza por um quadro psicopatológico, e sim como um quadro transicional.

Estudos apontam uma prevalência de baby blues em até 80% das mulheres. Eventualmente, sinais mais brandos podem se intensificar dando lugar a quadros psicopatológicos, como a depressão puerperal. O aumento da intensidade e prolongamento dos sintomas são um sinal de alerta para contatar o médico.

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