A gravidez gera um turbilhão de emoções e pensamentos. Particularmente no período da pandemia do coronavírus, as preocupações muitas vezes insistem em tirar o sono das futuras mães.
O desenvolvimento das vacinas deixa todo mundo animado, é claro! No entanto, elas também causam dúvidas nas gestantes e lactantes: é seguro tomar vacina contra a COVID-19? Há riscos para o meu bebê?
De fato, o comportamento da COVID-19, doença recém-descoberta, está sendo desvendado pelos cientistas. Muito já se sabe, mas ainda há pesquisas sendo realizadas no mundo inteiro que buscam compreender todas as reações que o novo vírus e os imunizantes são capazes de provocar em diferentes perfis de pessoas.
O médico Marco Aurélio Sáfadi coordenador do Serviço de Infectologia Pediátrica do Hospital e Maternidade São Luiz, acompanha os mais recentes estudos sobre a COVID-19. Aqui, ele esclarece questões para você.
Posso tomar vacina se estiver grávida ou amamentando?
A vacina contra a COVID-19 é recomendada para casos específicos, como o de gestantes e lactantes mais expostas à possibilidade de contágio pelo coronavírus em suas atividades profissionais (médicas, enfermeiras, etc.) e portadoras de doenças ou comorbidades que as tornam mais suscetíveis a complicações.
“A despeito de não termos ainda evidências científicas da segurança e da eficácia das vacinas contra a COVID-19 especificamente em gestantes e lactantes, temos bastante experiência com o uso de vacinas inativadas, que é o caso das atuais vacinas autorizadas para uso emergencial no Brasil e em outros países”, explica o médico.
Vacinas inativadas, como o nome sugere, contêm o vírus inativado, ou morto. O organismo pensa que ele representa um perigo real e desencadeia o processo de proteção. Assim também funcionam as já populares vacinas contra a poliomielite, hepatite, gripe, entre outras. Todas elas, por terem o vírus inativado, não devem gerar danos ao feto ou ao bebê pelo leite materno.
“A orientação é que as decisões de se vacinar ou não sejam compartilhadas entre a paciente e o médico, que tem condições de expor os benefícios e os riscos de cada procedimento.”
Gestantes correm mais riscos de complicações da COVID-19?
“Há estudos que demonstram que a COVID-19 pode ter desfechos mais graves em gestantes do que em mulheres, de forma geral”, diz o infectologista. As mudanças imunológicas e fisiológicas promovidas pela gravidez podem tornar as mulheres mais vulneráveis a infecções respiratórias virais, como a COVID-19. Os problemas incluem partos prematuros e abortos espontâneos.
Grávidas podem transmitir o vírus para o bebê?
Não há dados suficientes que comprovem a transmissão ou alterações intraútero. “De qualquer maneira, relatos indicam que esse tipo de infecção, se ocorrer, não traria grandes riscos para os fetos.”
No entanto, depois do nascimento, uma mãe infectada pode transmitir o coronavírus. A orientação é que se a mãe contrair a COVID-19 e estiver em condições de continuar a amamentação, deve prosseguir o processo, que é tão importante para o bebê. O aleitamento materno não deve ser interrompido, mas as precauções para minimizar a chance de transmissão são fundamentais, como o uso de máscara e a higienização constante.
Planejo engravidar. A vacina afeta a fertilidade?
Não há evidências de que interfira na fertilidade. “É bem provável que ocorram vários casos de mulheres que se vacinam e logo depois descobrem a gravidez.”
Segundo Sáfadi, ainda não existem elementos que permitam a identificação do comportamento das vacinas em quem planeja conceber, assim como não há informações sobre efeitos adversos em mulheres que se vacinaram e em seguida engravidaram. Portanto, os médicos não fazem restrições à vacinação nesses casos. “Quem se vacinou e posteriormente descobriu a gestação precisa se tranquilizar, pois é improvável que ocorra qualquer tipo de manifestação inconveniente para a mãe e o bebê”, enfatiza o especialista.



