A presença de líquido acumulado no abdômen, conhecida popularmente como “água na barriga” ou ascite, é um sintoma que frequentemente gera preocupação. Muitas pessoas se questionam: essa condição pode ser um indicativo de câncer? Para esclarecer essa dúvida crucial, é fundamental compreender o que é a ascite, suas causas e manifestações, e como ela se relaciona com doenças malignas, como o câncer de fígado e outros tipos de tumores
O que é ascite?
Ascite é o termo médico para o acúmulo anormal de líquido na cavidade abdominal. Essa condição pode levar a diversos sintomas, incluindo ganho de peso, inchaço abdominal, uma persistente sensação de barriga cheia, perda de apetite, náuseas e vômitos. Em situações mais graves, a ascite pode até mesmo dificultar a respiração devido à pressão exercida sobre o diafragma.
Embora a ascite seja mais frequentemente associada a doenças hepáticas, como a cirrose, ela também pode ocorrer em pacientes com insuficiência renal, pancreatite ou infecções. No entanto, é importante ressaltar que a ascite também pode ter uma origem maligna, sendo então denominada ascite maligna.
Ascite maligna: sintomas e relação com o câncer
A ascite maligna ocorre quando o acúmulo de líquido é provocado pela presença de tumores. Os cânceres mais comumente relacionados a este tipo de ascite incluem o câncer de ovário, fígado, peritônio, estômago, cólon e pâncreas.
Os sintomas da ascite maligna são bastante semelhantes aos da ascite de origem benigna. A principal diferença é que, na ascite maligna, eles tendem a surgir em conjunto com outros sintomas sistêmicos característicos do câncer, como fadiga persistente, perda de peso não intencional, febre de origem desconhecida, náuseas e vômitos frequentes. O diagnóstico preciso da ascite e de sua causa é realizado principalmente por meio da análise laboratorial do líquido ascítico obtido por um procedimento chamado paracentese. Além disso, pode-se lançar mão de ultrassonografia abdominal, tomografia computadorizada e, em alguns casos, de laparoscopia (procedimento cirúrgico) para precisão diagnóstica.
No contexto do câncer de fígado, por exemplo, a ascite é um dos principais sintomas que surgem em estágios avançados da doença. Nesses casos, ela geralmente vem acompanhada de outros sinais, como dor abdominal, inchaço, veias abdominais dilatadas (circulação colateral), perda de peso inexplicável, falta de apetite e icterícia (coloração amarelada da pele e dos olhos).
Quando a ascite indica câncer?
Embora a ascite seja mais comumente observada em condições benignas, sua presença em pacientes com histórico de câncer ou que apresentam outros sintomas suspeitos deve ser sempre investigada para identificar uma possível origem maligna.
A ascite maligna é particularmente mais frequente em cânceres que afetam as regiões abdominal e pélvica, como os de ovário, estômago, cólon e fígado. No caso específico do câncer de fígado, a ascite geralmente indica que a doença já se encontra em um estágio avançado e pode vir acompanhada de dor abdominal, inchaço, veias abdominais dilatadas (circulação colateral), perda de peso inexplicável, falta de apetite e icterícia (coloração amarelada da pele e dos olhos). tornando-se um importante sinal de alerta para a busca imediata por atendimento médico especializado.
Tratamento e acompanhamento
O tratamento da ascite maligna é diretamente dependente da doença subjacente que a está causando. Quando a ascite é decorrente de câncer, o manejo pode incluir quimioterapia, imunoterapia, terapia-alvo ou cirurgia, conforme o tipo do tumor e seu estágio. Além das terapias oncológicas, são implementadas medidas para aliviar os sintomas da ascite, como a restrição de sódio na dieta, o uso de diuréticos e, em situações de grande volume de líquido, a drenagem abdominal por meio da paracentese. O acompanhamento médico contínuo é essencial para definir a melhor estratégia terapêutica e monitorar a evolução do quadro clínico.
Revisor científico
Dra. Fernanda Frozoni Antonacio
Oncologista Clínica
Rede D’Or – Hospital Vila Nova Star e Hospital São Luiz Itaim


