O câncer em estado terminal está associado a uma série de sintomas debilitantes, entre eles o inchaço, também conhecido como edema. Esse fenômeno pode afetar diversas regiões do corpo, incluindo rosto, membros inferiores e abdômen, impactando significativamente a qualidade de vida dos pacientes e gerando preocupação entre familiares e cuidadores.
Causas do inchaço em pacientes com câncer
Com a progressão da doença, o inchaço pode ser desencadeado por múltiplos mecanismos fisiopatológicos. A invasão tumoral nos tecidos e a obstrução dos vasos linfáticos dificultam a drenagem adequada de fluidos, favorecendo o acúmulo de líquidos. Esse quadro é particularmente comum em casos de metástases, quando as células cancerígenas se disseminam para órgãos distantes, comprometendo a circulação linfática e venosa.
O tratamento quimioterápico também pode contribuir para o desenvolvimento do edema. Alguns medicamentos utilizados em conjunto com o tratamento como corticosteroides, afetam a permeabilidade vascular e a retenção de sódio e água, levando ao inchaço facial e periférico. Além disso, a quimioterapia pode prejudicar a função renal, reduzindo a capacidade do organismo de eliminar líquidos de forma eficiente.
Outras condições clínicas frequentemente associadas ao câncer em estágio avançado também exacerbam o edema. Insuficiência hepática e insuficiência cardíaca, por exemplo, são complicações comuns que comprometem a regulação do volume de fluidos no organismo. Além disso, pacientes oncológicos frequentemente apresentam hipoalbuminemia (baixos níveis de proteínas plasmáticas), um fator que reduz a pressão dos vasos sanguíneos e facilita o extravasamento de líquido para os tecidos.
Inchaço facial: um sintoma prevalente
O edema facial é um dos sintomas mais relatados por pacientes com câncer em estágio terminal. Muitos familiares e cuidadores questionam se “o câncer pode causar inchaço no rosto”, e a resposta é afirmativa. Esse sintoma pode ser causado por fatores como compressão da veia que leva sague a região facial (veia cava superior) por tumores no tórax, obstrução de vasos linfáticos, mal funcionamento renal ou efeitos colaterais da terapia antineoplásica.
Além disso, o desequilíbrio na administração de fluidos intravenosos e a desidratação também podem agravar o edema facial. A hiponatremia (redução dos níveis de sódio no sangue) é outra condição frequente nesses pacientes e pode desencadear inchaço, incluindo a região da face.
O papel da nutrição e cuidados gerais
A abordagem multidisciplinar para o controle do inchaço em pacientes com câncer é fundamental para proporcionar conforto e melhorar a qualidade de vida.
É crucial que os pacientes recebam cuidados adequados para minimizar os efeitos do do tratamento e da própria doença.
A nutrição desempenha um papel fundamental no controle do edema em pacientes com câncer. Uma alimentação balanceada, rica em proteínas, auxilia na manutenção dos níveis de albumina no sangue, reduzindo o extravasamento de líquidos para os tecidos. Além disso, a ingestão adequada de líquidos deve ser monitorada para evitar tanto a desidratação quanto a sobrecarga hídrica. O acompanhamento de um nutricionista é essencial para ajustar a dieta conforme as necessidades individuais do paciente, garantindo um suporte nutricional adequado.
Algumas outras recomendações incluem:
Redução do consumo de sódio
Diminuir a ingestão de sal é uma estratégia para reduzir a retenção de líquidos. Dietas com baixo teor de sódio ajudam a minimizar a sobrecarga nos rins e a diminuir o inchaço.
Atividade física moderada
Movimentar-se regularmente, dentro dos limites do paciente, pode melhorar a circulação sanguínea e linfática, reduzindo o acúmulo de fluidos nos tecidos. Exercícios leves, como caminhadas ou mobilização passiva, podem ser benéficos.
Uso de meias ou luvas compressivas
A terapia compressiva auxilia na prevenção e no tratamento do edema nos membros inferiores e superiores, promovendo o retorno venoso e linfático. Essa abordagem pode ser recomendada por profissionais de saúde para pacientes que apresentam inchaço significativo.
O controle adequado do inchaço em pacientes com câncer exige uma abordagem multidisciplinar, envolvendo oncologistas, nutricionistas, fisioterapeutas e profissionais de cuidados paliativos. O manejo cuidadoso desses sintomas pode proporcionar maior conforto e dignidade ao paciente nos estágios finais da doença.



