O colangiocarcinoma é um tipo raro e agressivo de câncer que se origina nas células epiteliais dos ductos biliares — estruturas responsáveis por conduzir a bile do fígado até o intestino delgado. Dependendo da localização anatômica do tumor, ele pode ser classificado como intra-hepático (localizado dentro do fígado) ou extra-hepático (fora do fígado). Dentro da forma extra-hepática, os tumores localizados na confluência dos ductos hepáticos (região hilar) são chamados de tumores de Klatskin.
Sintomas de colangiocarcinoma
Nos estágios iniciais, o colangiocarcinoma frequentemente é assintomático, o que dificulta o diagnóstico precoce. À medida que a doença progride, podem surgir sinais e sintomas característicos, tais como:
- Icterícia (amarelamento da pele e das escleras como olho e mucosas).
- Perda de peso inexplicada.
- Dor abdominal, principalmente no quadrante superior direito.
- Prurido intenso (coceira).
- Urina escura e fezes esbranquiçadas.
- Febre e sintomas compatíveis com colangite (infecção das vias biliares), como a tríade de
- Charcot: febre, icterícia e dor abdominal.
- Vesícula biliar palpável e hepatomegalia (aumento do fígado).
Esses sintomas geralmente resultam da obstrução biliar causada pelo crescimento tumoral, sendo manifestações indiretas da doença.
Diagnóstico
O diagnóstico do colangiocarcinoma é baseado na combinação de exames laboratoriais e de imagem. Os exames de sangue avaliam a função hepática (bilirrubinas, fosfatase alcalina, GGT) e podem incluir marcadores tumorais como o CA 19-9, que embora não específico, pode estar elevado. Métodos de imagem como ultrassonografia, tomografia computadorizada (TC), ressonância magnética com colangiopancreatografia por ressonância magnética (CPRM), e ultrassonografia endoscópica são fundamentais para a avaliação da localização, extensão do tumor e possibilidade de ressecção cirúrgica. A confirmação diagnóstica é feita por biópsia, obtida por métodos percutâneos, endoscópicos ou cirúrgicos, e analisada por exame histopatológico.
Tem cura?
O colangiocarcinoma é considerado uma neoplasia de prognóstico reservado e, frequentemente, é diagnosticado em estágios avançados, o que limita as opções curativas. A possibilidade de cura ocorre por meio da ressecção cirúrgica completa do tumor, o que é viável em apenas cerca de 25% a 30% dos casos, devido à apresentação tardia da doença.
Para tumores distais (mais próximos ao intestino), a cirurgia pode proporcionar uma sobrevida de cinco anos em 23% a 50% dos casos, quando há margem cirúrgica livre.
Para tumores intra-hepáticos e peri-hilares, a taxa de sobrevida em cinco anos após a ressecção varia entre 15% e 40%, sendo inferior nos tumores peri-hilares.
Em casos de doença avançada, metastática ou irressecável, o tratamento é tem objetivo de controle de sintomas e qualidade de vida. A quimioterapia e, em alguns casos, a radioterapia, são empregadas com o objetivo de controle sintomático e prolongamento da sobrevida. Nestes casos, a taxa de sobrevida em cinco anos é inferior a 5%.
Tratamentos disponíveis
Cirurgia
É a modalidade com potencial curativo. Pode incluir ressecção dos ductos biliares, hepatectomia parcial e, em casos de tumores distais, a duodenopancreatectomia (procedimento de Whipple).
Quimioterapia
Utilizada como terapia adjuvante após a cirurgia para reduzir o risco de recidiva, ou como tratamento paliativo nos casos avançados. Os esquemas mais utilizados incluem a combinação de gemcitabina com cisplatina, e outras opções como FOLFOX (5-fluorouracil, leucovorina e oxaliplatina), especialmente após falha da primeira linha. Na doença avançada, a quimioterapia visa controlar a progressão da doença, aliviar sintomas e oferecer ganho de sobrevida.
Radioterapia
Pode ser utilizada como terapia adjuvante após cirurgia ou para controle local em pacientes com doença avançada não ressecável.
Transplante de fígado
Indicado apenas em casos altamente selecionados de colangiocarcinoma peri-hilar precoce e irressecável. Nesses casos, a taxa de sobrevida em cinco anos pode ultrapassar 60%.
Terapias locorregionais
Incluem quimioembolização transarterial (TACE) e radioembolização (com microesferas de ítrio-90), voltadas para o controle da doença intra-hepática em pacientes não candidatos à cirurgia
Revisor científico
Dra. Fernanda Frozoni Antonacio
Oncologista Clínica
Rede D’or – Hospital Vila Nova Star e Hospital São Luiz Itaim


