O cortisol é um hormônio esteroide produzido pelas glândulas suprarrenais, localizado acima dos rins. Ele desempenha um papel essencial na regulação do metabolismo, na resposta ao estresse, no controle do ciclo sono-vigília, na manutenção da pressão arterial e no funcionamento do sistema imunológico.
Níveis persistentemente baixos de cortisol, condição conhecida como hipocortisolismo ou insuficiência adrenal, podem ter consequências sérias para a saúde. Neste artigo, explicamos o que significa ter cortisol baixo, suas possíveis causas, sintomas e formas de tratamento.
Quais são as causas do cortisol baixo?
Cortisol baixo é caracterizado por níveis séricos de cortisol abaixo dos valores de referência, geralmente inferiores a 5 µg/dL nas primeiras horas da manhã (entre 7h e 9h), quando os níveis devem estar mais elevados. Essa condição pode surgir devido a falhas em qualquer parte do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HHA), que regula a produção e liberação do cortisol.
Quais são as causas do cortisol baixo?
As causas do cortisol baixo são classificadas em três categorias, conforme a localização da disfunção no eixo HHA.
1. Insuficiência adrenal primária
Nesta condição, o problema está diretamente nas glândulas adrenais, que deixam de produzir cortisol adequadamente. A principal causa é a adrenalite autoimune, também conhecida como doença de Addison. Outras causas incluem:
- infecções crônicas, como tuberculose e HIV;
- metástases tumorais para as adrenais;
- doenças genéticas, como adrenoleucodistrofia;
- hemorragias adrenais, em casos de sepse grave (síndrome de Waterhouse-Friderichsen).
2. Insuficiência adrenal secundária
Ocorre quando há comprometimento da glândula pituitária (hipófise), responsável por produzir o hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), que estimula a produção de cortisol. As principais causas incluem:
- tumores hipofisários;
- cirurgias ou irradiações na região selar;
- apoplexia hipofisária;
- síndrome de Sheehan (necrose hipofisária pós-parto).
3. Insuficiência adrenal terciária
Relaciona-se a disfunções no hipotálamo, que reduz a secreção do hormônio liberador de corticotropina (CRH), comprometendo toda a cascata hormonal. Uma causa comum é a suspensão abrupta de corticosteróides exógenos, especialmente após uso prolongado, que inibe o eixo HHA.
Sintomas de cortisol baixo
Os sinais e sintomas podem variar de leves a potencialmente fatais, e tendem a se agravar gradualmente. Os mais frequentes incluem:
- fadiga intensa e fraqueza;
- perda de peso não intencional e redução do apetite;
- pressão arterial baixa (hipotensão), especialmente ortostática;
- hipoglicemia (queda de açúcar no sangue);
- alterações de humor, como irritabilidade, apatia e depressão;
- dores musculares e articulares;
- hiperpigmentação da pele, especialmente em dobras e cicatrizes, característica da forma primária da doença (pela elevação do ACTH).
Tratamento para cortisol baixo
O tratamento do cortisol baixo depende da causa subjacente e deve ser individualizado conforme a origem da insuficiência adrenal (primária, secundária ou terciária). De forma geral, envolve a reposição hormonal com glicocorticóides, como hidrocortisona, prednisona ou dexametasona, em doses que imitam a produção natural do cortisol pelo organismo.
Nos casos de insuficiência adrenal primária, pode ser necessário também o uso de mineralocorticóides, como a fludrocortisona, para manter o equilíbrio de sódio, potássio e a pressão arterial.
Quando a causa é a suspensão de corticosteróides após uso prolongado, a reintrodução gradual dos medicamentos pode ser necessária, seguida por um plano de desmame supervisionado para permitir a recuperação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal.
O acompanhamento com um endocrinologista é fundamental para monitorar a eficácia do tratamento, ajustar doses conforme situações de estresse físico (como cirurgias ou infecções), e prevenir complicações como a crise adrenal, que pode ser grave e até fatal se não tratada adequadamente.
Cortisol baixo e tumores
Embora níveis baixos de cortisol não sejam diretamente causados por todos os tipos de câncer, metástases para as glândulas adrenais ou para a hipófise podem levar à insuficiência adrenal, especialmente em neoplasias pulmonares, renais, melanomas e linfomas.
Além disso, o uso prolongado de corticosteróides em tratamentos oncológicos pode suprimir o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HHA), resultando em insuficiência adrenal secundária ou terciária após a suspensão do medicamento.
Outro fator importante é o uso de imunoterapia (como inibidores de checkpoint imunológico, por exemplo, anti-PD-1, anti-PD-L1 ou anti-CTLA-4), que pode desencadear efeitos colaterais autoimunes, incluindo adrenalite autoimune, levando à insuficiência adrenal primária. Esse efeito adverso, embora relativamente raro, deve ser monitorado em pacientes oncológicos em uso desses imunoterápicos.
A vigilância clínica e exames laboratoriais periódicos são fundamentais para diagnosticar e tratar precocemente essas alterações hormonais, garantindo maior segurança e qualidade de vida durante o tratamento oncológico.



