Glioma: Entendendo o tumor cerebral, sintomas, diagnóstico e tratamento do glioma grau 4
Os gliomas são tumores que se originam nas células gliais do sistema nervoso central (SNC), cuja principal função é fornecer suporte estrutural e funcional aos neurônios. Esses tumores podem afetar tanto o cérebro quanto a medula espinhal e são classificados em graus de I a IV pela Organização Mundial da Saúde (OMS), com base em características histopatológicas e no comportamento clínico.
Gliomas de alto grau, especialmente os de grau IV, apresentam um crescimento rápido e invasivo, tornando o prognóstico mais reservado e o tratamento um grande desafio.
Glioma grau IV: Glioblastoma
O glioma grau IV, denominado glioblastoma multiforme (GBM), é o tumor cerebral primário mais agressivo e comum em adultos. Ele se caracteriza por um crescimento acelerado, alta capacidade de infiltração no tecido cerebral sadio e grande heterogeneidade molecular. O glioblastoma afeta predominantemente adultos entre 60 e 70 anos de idade, sendo mais frequente em homens. Devido à sua complexidade, o tratamento deve ser conduzido por uma equipe multidisciplinar.
Sintomas
Os sintomas do glioblastoma variam conforme a localização do tumor no cérebro, mas geralmente incluem:
- Cefaleia persistente: pode ser intensa e piorar progressivamente, associada a náuseas e vômitos devido ao aumento da pressão intracraniana.
- Convulsões: frequentemente representam o primeiro sintoma, podendo ocorrer mesmo em pacientes sem histórico de epilepsia.
- Alteracões neurológicas: como fraqueza em membros, dificuldades na fala, alterações na visão e perda de coordenação motora.
- Mudanças cognitivas e comportamentais: dificuldades de memória, confusão mental, alterações de humor e personalidade.
Diagnóstico
O diagnóstico do glioblastoma envolve uma abordagem multidisciplinar, combinando avaliação clínica, exames de imagem e análise molecular:
- Ressonância magnética (RM) com contraste: é o exame padrão para avaliar a extensão e caracterização da lesão tumoral.
- Biospsia cerebral: essencial para confirmar o diagnóstico e classificar o tumor histologicamente.
- Análise molecular: avalia mutações em genes como IDH1/IDH2, status da metilação do promotor do gene MGMT e alterações em EGFR, TP53 e ATRX, que influenciam no prognóstico e resposta ao tratamento.
Tratamento
O tratamento do glioblastoma visa controlar a progressão da doença e melhorar a qualidade de vida do paciente. As principais abordagens incluem:
- Cirurgia: sempre que possível, realiza-se a ressecção tumoral máxima segura para reduzir a carga tumoral e aliviar sintomas.
- Radioterapia: geralmente administrada após a cirurgia, visa retardar a recidiva tumoral.
- Quimioterapia: a temozolomida é o principal quimioterápico usado, muitas vezes em combinação com a radioterapia.
- Terapias-alvo: inibidores de BRAF/MEK como Vemurafenibe e Dabrafenibe demonstraram resposta no glioblastoma, porém, ainda é variável, sendo necessária uma seleção rigorosa dos pacientes.
- Anticorpos monocolocal: inibidores de VEGF (Fator de Crescimento Endotelial Vascular) como Bevacizumabe (Avastin) é aprovado para glioblastoma recorrente, reduzindo o tumor e o edema peritumoral e melhorando qualidade de vida.
- Terapia com Inibidores de IDH1/2: as mutações nos genes IDH1/IDH2, comuns em gliomas de baixo grau, levam à produção de 2-hidroxiglutarato, um metabólito oncometabólico. Inibidores como Ivosidenibe e Vorasidenibe estão sendo estudados para gliomas IDH-mutados, podendo modificar a progressão tumoral.
Apesar das intervenções disponíveis, o glioblastoma continua sendo um dos tumores cerebrais mais difíceis de tratar, com elevadas taxas de recorrência. Novas pesquisas são essenciais para desenvolver estratégias terapêuticas mais eficazes e melhorar a sobrevida dos pacientes.




