Você está em Oncologia D`Or
Você está em Oncologia D`Or

Glioma: Entendendo o tumor cerebral, sintomas, diagnóstico e tratamento do glioma grau 4

O glioma representa cerca de 33% dos tumores cerebrais. Saiba mais sobre os sintomas e como tratar a forma mais agressiva dessa doença.

Glioma: Entendendo o tumor cerebral, sintomas, diagnóstico e tratamento do glioma grau 4

Os gliomas são tumores que se originam nas células gliais do sistema nervoso central (SNC), cuja principal função é fornecer suporte estrutural e funcional aos neurônios. Esses tumores podem afetar tanto o cérebro quanto a medula espinhal e são classificados em graus de I a IV pela Organização Mundial da Saúde (OMS), com base em características histopatológicas e no comportamento clínico.

Gliomas de alto grau, especialmente os de grau IV, apresentam um crescimento rápido e invasivo, tornando o prognóstico mais reservado e o tratamento um grande desafio.

Glioma grau IV: Glioblastoma

O glioma grau IV, denominado glioblastoma multiforme (GBM), é o tumor cerebral primário mais agressivo e comum em adultos. Ele se caracteriza por um crescimento acelerado, alta capacidade de infiltração no tecido cerebral sadio e grande heterogeneidade molecular. O glioblastoma afeta predominantemente adultos entre 60 e 70 anos de idade, sendo mais frequente em homens. Devido à sua complexidade, o tratamento deve ser conduzido por uma equipe multidisciplinar.

Sintomas

Os sintomas do glioblastoma variam conforme a localização do tumor no cérebro, mas geralmente incluem:

  • Cefaleia persistente: pode ser intensa e piorar progressivamente, associada a náuseas e vômitos devido ao aumento da pressão intracraniana.
  • Convulsões: frequentemente representam o primeiro sintoma, podendo ocorrer mesmo em pacientes sem histórico de epilepsia.
  • Alteracões neurológicas: como fraqueza em membros, dificuldades na fala, alterações na visão e perda de coordenação motora.
  • Mudanças cognitivas e comportamentais: dificuldades de memória, confusão mental, alterações de humor e personalidade.

Diagnóstico

O diagnóstico do glioblastoma envolve uma abordagem multidisciplinar, combinando avaliação clínica, exames de imagem e análise molecular:

  • Ressonância magnética (RM) com contraste: é o exame padrão para avaliar a extensão e caracterização da lesão tumoral.
  • Biospsia cerebral: essencial para confirmar o diagnóstico e classificar o tumor histologicamente.
  • Análise molecular: avalia mutações em genes como IDH1/IDH2, status da metilação do promotor do gene MGMT e alterações em EGFR, TP53 e ATRX, que influenciam no prognóstico e resposta ao tratamento.

Tratamento

O tratamento do glioblastoma visa controlar a progressão da doença e melhorar a qualidade de vida do paciente. As principais abordagens incluem:

  • Cirurgia: sempre que possível, realiza-se a ressecção tumoral máxima segura para reduzir a carga tumoral e aliviar sintomas.
  • Radioterapia: geralmente administrada após a cirurgia, visa retardar a recidiva tumoral.
  • Quimioterapia: a temozolomida é o principal quimioterápico usado, muitas vezes em combinação com a radioterapia.
  • Terapias-alvo: inibidores de BRAF/MEK como Vemurafenibe e Dabrafenibe demonstraram resposta no glioblastoma, porém, ainda é variável, sendo necessária uma seleção rigorosa dos pacientes.
  • Anticorpos monocolocal: inibidores de VEGF (Fator de Crescimento Endotelial Vascular) como Bevacizumabe (Avastin) é aprovado para glioblastoma recorrente, reduzindo o tumor e o edema peritumoral e melhorando qualidade de vida.
  • Terapia com Inibidores de IDH1/2: as mutações nos genes IDH1/IDH2, comuns em gliomas de baixo grau, levam à produção de 2-hidroxiglutarato, um metabólito oncometabólico. Inibidores como Ivosidenibe e Vorasidenibe estão sendo estudados para gliomas IDH-mutados, podendo modificar a progressão tumoral.

Apesar das intervenções disponíveis, o glioblastoma continua sendo um dos tumores cerebrais mais difíceis de tratar, com elevadas taxas de recorrência. Novas pesquisas são essenciais para desenvolver estratégias terapêuticas mais eficazes e melhorar a sobrevida dos pacientes.

Revisão médica:

Dra. Fernanda Frozoni Antonacio

Oncologista Clínica

Compartilhe este artigo