As mutações no gene TP53 são um tema crucial na oncologia, devido ao papel essencial desse gene na regulação do ciclo celular e na prevenção do câncer. Conhecido como o “guardião do genoma”, o TP53 é fundamental para a manutenção da integridade genética, e sua disfunção está associada a uma ampla variedade de tumores malignos.
Neste artigo, explicamos o que é a mutação TP53, seu impacto na carcinogênese e como os exames genéticos podem auxiliar na detecção e no manejo dessa alteração.
O que é a mutação TP53?
O gene TP53, localizado no cromossomo 17 (17p13.1), codifica a proteína p53, que atua como um supressor tumoral. Essa proteína desempenha um papel fundamental na resposta ao estresse celular, sendo responsável por detectar danos no DNA e ativar mecanismos de reparo. Caso os danos sejam irreparáveis, a p53 pode induzir a apoptose (morte celular programada) ou interromper o ciclo celular, evitando a proliferação descontrolada de células danificadas.
As mutações no TP53 são as mais frequentes em tumores humanos, sendo identificadas em aproximadamente 50% dos cânceres. Elas ocorrem em diversos tipos de neoplasias, incluindo câncer de mama, pulmão e cólon, ovário e cérebro. Essas alterações podem resultar na perda da função da p53, permitindo que células com DNA danificado continuem se dividindo e favorecendo a progressão tumoral.
Além das mutações somáticas, que surgem ao longo da vida e estão presentes apenas nas células tumorais, existem mutações germinativas no TP53, herdadas geneticamente. Essas mutações estão associadas à síndrome de Li-Fraumeni (SLF), uma condição hereditária rara que predispõe ao desenvolvimento precoce de múltiplos tipos de câncer.
Para que serve o exame?
Os testes genéticos para mutações no TP53 são ferramentas essenciais na oncologia, auxiliando no diagnóstico, prognóstico e definição de estratégias terapêuticas. Esses exames podem ser realizados a partir de amostras de tecido tumoral ou de fluidos corporais, como sangue, por meio de biópsia líquida. A análise genética tem diversas aplicações clínicas:
Avaliar o risco de câncer
Pacientes com histórico familiar de câncer podem se beneficiar da triagem genética para mutações germinativas no TP53, especialmente aqueles com suspeita de síndrome de Li-Fraumeni. Essa avaliação permite a adoção de medidas preventivas e o monitoramento precoce para a detecção de neoplasias.
Personalizar o tratamento
A presença de mutações no TP53 pode influenciar decisões terapêuticas, pois algumas variantes estão associadas à resistência a tratamentos convencionais, como quimioterapia e radioterapia. Isso impulsiona o desenvolvimento de estratégias terapêuticas personalizadas, incluindo novas abordagens com inibidores de checkpoint imunológico e terapias-alvo.
Monitorar a progressão da doença
Exames genéticos podem ser utilizados ao longo do tratamento para avaliar a resposta tumoral e identificar a emergência de novas mutações.
Como é feito o exame?
A detecção de mutações no TP53 envolve um processo laboratorial estruturado, que inclui:
- Coleta da amostra: pode ser realizada por biópsia do tumor ou coleta de sangue periférico, no caso de análise por biópsia líquida.
- Análise genética: as amostras são submetidas a técnicas de sequenciamento de nova geração (NGS) ou PCR em tempo real, que identificam mutações no gene TP53.
- Interpretação dos resultados: um especialista em genética avalia a patogenicidade das variantes identificadas, determinando seu impacto clínico e implicações terapêuticas.
As mutações no TP53 desempenham um papel crítico na carcinogênese e influenciam a resposta ao tratamento oncológico. A detecção dessas alterações é essencial para a estratificação de risco, escolha terapêutica e monitoramento da doença. Com o avanço das tecnologias de sequenciamento genético, a identificação precoce dessas mutações tem se tornado cada vez mais acessível, abrindo caminho para estratégias de medicina personalizada no combate ao câncer.



