O câncer do mediastino é relativamente raro em comparação com outras neoplasias. Ele surge na região central do tórax, o mediastino, que fica entre os pulmões e contém estruturas vitais como o coração, grandes vasos, traqueia, esôfago, glândula timo, linfonodos e nervos. Por concentrar órgãos essenciais em espaço reduzido, mesmo tumores de pequeno tamanho podem causar sintomas por compressão e comprometer a qualidade de vida.
Ao longo deste texto você vai entender como esse câncer se forma, quais os tipos mais comuns, os sinais e sintomas, possíveis causas, como é feito o diagnóstico e quais são as opções de tratamento.
Como o câncer no mediastino se forma?
O câncer no mediastino costuma iniciar-se quando células locais sofrem mutações genéticas que as fazem crescer e multiplicar de maneira desordenada. Essas alterações podem ocorrer de forma espontânea, podem estar associadas a alterações genéticas herdadas ou ser influenciadas por exposições ambientais (por exemplo, radiação) ou outras condições que alterem o sistema imunológico. Conforme a origem celular e a localização no mediastino, surgem diferentes tipos de tumores com comportamentos clínicos distintos.
Quais são os tipos de tumores no mediastino?
Os tumores mediastinais são classificados segundo a localização (anterior, médio ou posterior) e a origem celular. Entre os mais frequentes estão:
- Tumores tímicos (anteriores): originam-se na glândula timo. O timoma é o mais comum nessa categoria e costuma ter comportamento mais indolente, enquanto o carcinoma tímico é menos frequente e habitualmente mais agressivo.
- Linfomas: podem surgir nos linfonodos do mediastino, tanto o linfoma de Hodgkin quanto os linfomas não-Hodgkin. Existe um subtipo específico chamado primary mediastinal large B-cell lymphoma (linfoma primário do mediastino de grandes células B), que costuma apresentar massa volumosa na região anterior e afeta com frequência adultos jovens.
- Tumores de células germinativas: mais comuns nos testículos e ovários, mas que podem originar-se no mediastino a partir de restos de células embrionárias; incluem lesões benignas (teratomas) e malignas (seminoma e não-seminoma).
- Tumores neurogênicos (posteriores): originam-se de nervos ou tecidos de suporte, como schwannomas ou neurofibromas, e são os achados mais típicos do mediastino posterior; muitos são benignos, mas alguns podem ser malignos.
- Sarcomas e tumores mesenquimais: raros e frequentemente mais agressivos, derivam dos tecidos moles (músculo, gordura, vasos).
Além desses, o mediastino pode ser acometido por metástases, ou seja, tumores que se originaram em outra parte do corpo (pulmão, mama, tireoide, rim, entre outros) e se espalharam para a região mediastinal. Metástase não é tumor primário do mediastino, mas também pode causar massa e sintomas na área.
Leia também: Como saber se o câncer se espalhou?
Quais fatores aumentam a chance de ter a doença?
Não existe uma única causa para todos os tumores mediastinais, mas alguns fatores podem aumentar a probabilidade de desenvolvimento, entre eles:
- Alterações genéticas ou síndromes associadas a maior risco de neoplasia;
- Imunossupressão (por exemplo, após transplante ou em doenças que comprometem a defesa);
- Exposição prévia à radiação torácica ou a certas substâncias químicas;
- Doenças autoimunes associadas a tumores tímicos, como a miastenia gravis;
- Anomalias do desenvolvimento embrionário (em contextos específicos, relacionadas a tumores germinativos).
A presença de um ou vários desses fatores não determina que a pessoa terá câncer, apenas indica maior probabilidade, reforçando a importância do acompanhamento médico quando há sinais ou fatores de risco. A associação entre timomas e miastenia gravis, por exemplo, é bem descrita na literatura.
Quais são os sinais e sintomas?
Muitos tumores mediastinais crescem sem provocar sintomas por tempo prolongado; diversos são identificados incidentalmente em exames de imagem realizados por outros motivos. Quando aparecem sintomas, geralmente decorrem da compressão de estruturas próximas, traqueia, esôfago, veias cavas, nervos e coração, ou de manifestações sistêmicas. Os sinais e sintomas mais comuns incluem:
- Rouquidão;
- Tosse persistente (eventualmente com sangue);
- Falta de ar (dispneia);
- Dor torácica;
- Disfagia (dificuldade para engolir);
- Suor noturno, calafrios e febre (sintomas sistêmicos — “B symptoms” — mais típicos de linfoma);
- Perda de peso sem causa aparente;
- Linfonodos aumentados;
- Sinais de síndrome da veia cava superior (inchaço facial, distensão das veias do pescoço);
- Alterações visuais ou sinais neurológicos em casos de compressão neural ou síndromes paraneoplásicas.
É importante procurar avaliação médica quando sintomas respiratórios, de compressão ou sintomas constitucionais persistirem ou não tiverem explicação clara.
Como é feito o diagnóstico?
A investigação costuma incluir avaliação clínica detalhada, exames de imagem e confirmação histológica. A sequência típica engloba radiografia de tórax e tomografia computadorizada (TC) do tórax; em muitos casos a ressonância magnética (RM) ajuda a avaliar relação com estruturas vasculonervosas; ultrassonografia pode ser útil em massas cervicais/mediastinais inferiores; marcadores tumorais no sangue auxiliam quando há suspeita de tumores germinativos; e a biópsia (por agulha guiada por imagem ou por via cirúrgica) é essencial para determinar o tipo de tumor e planejar tratamento. Após a confirmação, faz-se o estadiamento para avaliar extensão local e presença de metástases.
Observação importante: muitos achados radiológicos sugerem a origem e a melhor via de biópsia (por exemplo, timoma vs linfoma vs tumor germinativo), por isso a investigação costuma ser orientada por equipes multidisciplinares (radiologia, cirurgia torácica, oncologia e hematologia).
Câncer no mediastino tem cura?
A possibilidade de cura depende do tipo de tumor, do estágio ao diagnóstico, da relação com estruturas vizinhas, do estado geral do paciente e da resposta às terapias. Tumores localizados e que permitem ressecção cirúrgica completa (por exemplo, alguns timomas ou teratomas benignos) têm maior chance de cura. Por outro lado, tumores avançados, com invasão de órgãos essenciais ou metástases, podem não ser curáveis, e o foco do tratamento pode passar a ser o controle da doença e a melhora da qualidade de vida. Em linfomas e em alguns tumores sensíveis à quimioterapia e radioterapia, também é possível alcançar cura ou remissão longa com terapia adequada.
Quais são os tratamentos disponíveis?
O tratamento varia conforme o tipo histológico, a localização e o estágio, e costuma ser multidisciplinar. As modalidades mais usadas incluem:
- Cirurgia — indicada sempre que possível para tumores ressecáveis (principalmente timomas, algumas massas benignas e sarcomas selecionados);
- Radioterapia — papel importante em controle local, adjuvante à cirurgia em alguns casos ou como tratamento principal quando a ressecção não é factível;
- Quimioterapia — usada em linfomas, tumores germinativos malignos, em indução para reduzir tumores volumosos e em doença sistêmica;
- Terapia-alvo e imunoterapia — têm papel crescente dependendo do tipo tumoral e de alvos moleculares específicos;
- Cuidados de suporte e reabilitação — fundamentais para manejo de sintomas, complicações e qualidade de vida.
A escolha do plano terapêutico é individualizada e feita por uma equipe especializada, considerando benefícios e riscos para cada paciente.
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Revisor científico
Dra. Fernanda Frozoni Antonacio
Oncologista Clínica
Rede D’or – Hospital Vila Nova Star e Hospital São Luiz Itaim


