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Pangastrite enantematosa moderada pode virar câncer?

A infecção pela Helicobacter pylori (H. pylori) é um dos principais fatores associados ao desenvolvimento do câncer gástrico, especialmente quando provoca um processo inflamatório crônico na mucosa do estômago. No entanto, é importante destacar que a presença da bactéria não implica necessariamente que a pessoa desenvolverá câncer. A maioria dos indivíduos infectados pelo H. pylori permanece assintomática e não apresenta complicações graves ao longo da vida.

O que é pangastrite enantematosa moderada?

A pangastrite enantematosa moderada é uma inflamação difusa da mucosa gástrica, caracterizada pelo aparecimento de eritema (vermelhidão) na superfície interna do estômago, evidenciado por endoscopia digestiva alta. Essa condição pode provocar sintomas como dor epigástrica, azia, queimação, náuseas, vômitos, sensação de estômago cheio e perda de apetite. A causa mais frequente é a infecção pelo H. pylori, mas outros fatores contribuintes incluem o uso prolongado de anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), consumo excessivo de álcool, tabagismo, além de estresse e hábitos alimentares inadequados.

A doença pode evoluir para câncer?

A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica o H. pylori como um agente carcinogênico do tipo I, ou seja, com potencial comprovado para causar câncer gástrico. A progressão da gastrite crônica para atrofia gástrica, metaplasia intestinal, displasia e, eventualmente, câncer gástrico segue um modelo conhecido como “cascata de Correa”. No entanto, essa evolução ocorre em uma minoria dos casos — estudos sugerem que entre 0,1% e 3% dos indivíduos infectados desenvolvem câncer gástrico. Assim, embora a pangastrite enantematosa moderada não seja uma condição maligna, ela pode representar um estágio inicial dentro desse espectro, especialmente na presença de infecção crônica por H. pylori não tratada.

Fatores de risco

  • Infecção por H. pylori: principal causa de gastrite crônica e fator de risco reconhecido para o desenvolvimento de adenocarcinoma gástrico.
  • Uso prolongado de AINEs: medicamentos como ibuprofeno e diclofenaco podem comprometer a integridade da mucosa gástrica, favorecendo inflamações e erosões.
  • Consumo excessivo de álcool e tabaco: ambos são irritantes diretos da mucosa gástrica e estão associados a maior risco de lesões e neoplasias.
  • Dieta pobre em frutas e vegetais e rica em alimentos ultraprocessados ou defumados: pode aumentar a suscetibilidade a lesões gástricas e favorecer a carcinogênese.
  • Estresse e ansiedade: embora não causem gastrite diretamente, podem agravar os sintomas e afetar o controle da secreção gástrica.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico da pangastrite é feito por endoscopia digestiva alta, que permite a visualização direta da mucosa gástrica e, quando necessário, a realização de biópsias para investigação histopatológica e identificação do H. pylori.

O tratamento deve ser conduzido por um gastroenterologista e, na presença do H. pylori, envolve o uso de terapia erradicadora com antibióticos e inibidores da bomba de prótons (IBPs), seguindo esquemas padronizados. Além disso, é fundamental o controle dos fatores desencadeantes, como o uso racional de medicamentos irritantes, cessação do tabagismo e adequações alimentares.

A inflamação crônica da mucosa gástrica, especialmente quando associada à infecção persistente por H. pylori, pode aumentar o risco de neoplasia gástrica ao longo do tempo. Por isso, o acompanhamento médico regular e o tratamento adequado são medidas essenciais para reduzir esse risco e prevenir complicações mais graves, como o câncer gástrico.

Revisor científico
Dra. Fernanda Frozoni Antonacio
Oncologista Clínica
Rede D’or – Hospital Vila Nova Star e Hospital São Luiz Itaim

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