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Para que serve o abemaciclibe e quais seus efeitos colaterais?

O abemaciclibe é um medicamento utilizado no tratamento do câncer de mama avançado ou metastático com receptores hormonais positivos (HR+) e HER2 negativo (HER2-). Ele pertence à classe dos inibidores de CDK4/6 (quinases dependentes de ciclina 4 e 6), que atuam bloqueando proteínas essenciais para o ciclo celular. Com isso, ajuda a inibir a multiplicação das células tumorais, contribuindo para o controle da progressão do câncer.

Para que serve o abemaciclibe?

O abemaciclibe é indicado para o tratamento de mulheres com câncer de mama HR+/HER2-, tanto em doença localmente avançada quanto metastática. Pode ser usado de duas formas principais:

  • Em combinação com terapias endócrinas, como inibidores da aromatase ou fulvestranto, com o objetivo de melhorar o controle da doença e prolongar o tempo até a progressão do tumor.
  • Como monoterapia, especialmente em pacientes que já foram tratadas previamente com terapia hormonal e quimioterapia para doença metastática.

Além disso, o abemaciclibe também é aprovado para uso adjuvante (pós-cirurgia) em pacientes com alto risco de recidiva de câncer de mama precoce HR+/HER2-. Nesses casos, é administrado junto com terapia hormonal para reduzir a chance de retorno do câncer (recidiva), conforme demonstrado em um estudo denominado MonarchE.

Quais são os efeitos colaterais do abemaciclibe?

Como ocorre com outros medicamentos oncológicos, o abemaciclibe pode causar efeitos colaterais, que variam em intensidade e frequência. Os principais incluem:

Diarreia

É o efeito adverso mais comum, especialmente nas primeiras semanas de tratamento. Geralmente é leve a moderada, mas pode levar à desidratação se não for manejada adequadamente. O uso precoce de antidiarreicos (como a loperamida) e a hidratação oral são recomendados ao surgirem os primeiros sintomas.

Fadiga

O cansaço intenso é frequente e pode impactar a qualidade de vida. Ele tende a ser mais tolerável com o ajuste de dose e repouso adequado.

Alterações hematológicas

Incluem neutropenia (queda dos glóbulos brancos), que eleva o risco de infecções, anemia e trombocitopenia (redução de plaquetas). Embora a neutropenia com abemaciclibe tenda a ser menos grave que com outros inibidores de CDK4/6, o monitoramento regular do hemograma é fundamental.

Queda de cabelo

Embora menos comum e mais leve do que com a quimioterapia tradicional, pode ocorrer afinamento ou queda moderada dos cabelos, variável entre os pacientes.

Náuseas, vômitos e boca seca

Podem aparecer durante o uso, afetando o apetite e o bem-estar. Anti-histamínicos, antieméticos e cuidados com a higiene bucal ajudam a amenizar esses sintomas.

Eventos tromboembólicos

Casos de trombose venosa profunda e embolia pulmonar foram relatados. Os pacientes devem estar atentos a sinais como inchaço e dor nas pernas, falta de ar e dor torácica, e procurar atendimento médico imediato caso ocorram.

Alterações laboratoriais

Podem incluir elevação de enzimas hepáticas (ALT e AST) e de creatinina sérica, geralmente de forma reversível e sem sintomas clínicos. O médico pode decidir por ajustes de dose ou suspensão temporária em caso de alterações significativas.

Outros sintomas

Podem ocorrer tontura, erupções cutâneas, estomatite (inflamação da mucosa oral), alterações no paladar e lacrimejamento ocular.

Abemaciclibe faz o cabelo cair?

A queda de cabelo associada ao uso de abemaciclibe costuma ser mais leve e menos comum do que com a maioria das quimioterapias. Muitos pacientes relatam apenas afinamento dos fios ou queda discreta, o que geralmente é mais tolerável. No entanto, a reação ao medicamento é individual, e o acompanhamento médico é importante para manejar esse e outros efeitos adversos.

É essencial que os pacientes em uso de abemaciclibe mantenham acompanhamento médico rigoroso, com exames laboratoriais periódicos e ajustes de dose sempre que necessário, especialmente diante de efeitos como diarreia intensa, toxicidade hepática ou alterações hematológicas. Esse monitoramento permite um tratamento mais seguro e eficaz.

Revisor científico
Dra. Fernanda Frozoni Antonacio
Oncologista Clínica
Rede D’or – Hospital Vila Nova Star e Hospital São Luiz Itaim

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