Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), estima-se que cerca de 704 mil pessoas por ano recebam o diagnóstico de câncer no Brasil, durante o triênio 2023–2025. Apesar desse número expressivo, o próprio INCA aponta que ao menos 30% dos casos poderiam ser evitados por meio de mudanças no estilo de vida. Investir em bons hábitos cotidianos é, portanto, uma forma eficaz de reduzir o risco de desenvolver a doença. Neste artigo, você conhecerá as medidas mais recomendadas pelos especialistas para fortalecer a proteção à sua saúde.
Como ocorre o surgimento do câncer
Antes de conhecer as medidas preventivas, é essencial compreender como um tumor se forma. O câncer tem origem em alterações no funcionamento celular. Em condições normais, as células do organismo crescem, se dividem e morrem de forma controlada. No entanto, mutações no DNA celular podem fazer com que essas células passem a se multiplicar de maneira desordenada e incontrolável. Com o tempo, essa proliferação anormal pode dar origem a uma massa de tecido o tumor.
Alguns tumores são benignos, ou seja, não invadem tecidos nem se espalham para outras regiões do corpo. Já os tumores malignos, o câncer propriamente dito possuem a capacidade de infiltrar estruturas vizinhas e se disseminar para órgãos distantes, por meio da corrente sanguínea ou linfática, em um processo conhecido como metástase. O desenvolvimento do câncer é multifatorial, envolvendo a interação entre fatores genéticos, ambientais e comportamentais.
Fatores modificáveis e não modificáveis
Na prevenção do câncer, é importante distinguir os fatores de risco que podem ser alterados daqueles que não estão sob nosso controle. Os fatores não modificáveis incluem idade, sexo, histórico familiar e predisposição genética. Já os fatores modificáveis estão associados principalmente ao estilo de vida, como alimentação inadequada, sedentarismo, tabagismo, consumo excessivo de álcool e exposição solar desprotegida.
Adotar hábitos saudáveis pode reduzir significativamente o risco de câncer, mesmo quando existem fatores não modificáveis presentes. Por isso, a prevenção deve focar nos aspectos que podem ser modificados com atitudes conscientes e consistentes.
A relação entre alimentação e câncer
A alimentação inadequada é considerada a segunda principal causa evitável de câncer, segundo o INCA, ficando atrás apenas do tabagismo. Por isso, é fundamental adotar uma dieta rica em alimentos de origem vegetal, como frutas, legumes, verduras, cereais integrais e leguminosas. Esses alimentos são fontes importantes de fibras, vitaminas, minerais e compostos bioativos com ação antioxidante e anti-inflamatória, que ajudam a proteger as células contra danos.
Manter uma alimentação equilibrada também é essencial para prevenir o sobrepeso e a obesidade condições reconhecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como fatores de risco para pelo menos 13 tipos de câncer, incluindo o de mama, intestino, fígado e pâncreas.
Por outro lado, é recomendável evitar o consumo de alimentos ultraprocessados, carnes processadas (como embutidos), bebidas açucaradas e frituras em excesso. Esses produtos estão associados a inflamações crônicas e à disfunção metabólica, favorecendo alterações celulares potencialmente carcinogênicas. Optar por preparações caseiras, com menor teor de sal, açúcar e gordura, é uma estratégia eficaz para a saúde a longo prazo.
Também é importante evitar o consumo de bebidas muito quentes (acima de 60 °C), como chás ou cafés ferventes, pois essa prática está relacionada ao aumento do risco de câncer de esôfago, conforme evidências da Agência Internacional para a Pesquisa sobre o Câncer (IARC/OMS).
Estilo de vida e hábitos saudáveis
A adoção de práticas saudáveis no dia a dia está fortemente associada à prevenção de diferentes tipos de câncer. A atividade física regular, por exemplo, contribui para o equilíbrio hormonal, melhora da função imunológica, controle do peso corporal e redução de processos inflamatórios. A recomendação geral é praticar ao menos 150 minutos por semana de atividade física de intensidade moderada, conforme orientações da OMS.
Escolher uma modalidade que traga prazer, como caminhada, dança, natação, ciclismo ou musculação facilita a adesão à prática. No entanto, em casos específicos, é importante consultar um médico antes de iniciar qualquer programa de exercícios.
Além disso, não fumar e evitar o consumo de bebidas alcoólicas são medidas essenciais. O tabagismo é a principal causa evitável de câncer no mundo, estando ligado a mais de 15 tipos de tumores, como os de pulmão, bexiga, esôfago e pâncreas. A fumaça do cigarro contém mais de 60 substâncias comprovadamente cancerígenas. O álcool, por sua vez, é metabolizado no organismo em compostos tóxicos, como o acetaldeído, que podem causar danos ao DNA celular e favorecer o desenvolvimento de cânceres, inclusive em pessoas que consomem quantidades moderadas.
Outro fator relevante é a qualidade do sono. Dormir bem influencia a regulação hormonal, o sistema imunológico e a reparação celular. A privação ou baixa qualidade do sono está associada a distúrbios metabólicos, inflamação e maior suscetibilidade a alterações celulares que podem levar ao câncer.
Exames preventivos e rastreamento
Realizar exames de rotina e participar de programas de rastreamento oncológico são estratégias fundamentais para detectar lesões em estágio inicial ou alterações pré-cancerosas. A detecção precoce aumenta significativamente as chances de tratamento eficaz e cura, muitas vezes com abordagens menos invasivas.
O rastreamento é voltado a pessoas assintomáticas, mas que, por idade, sexo, histórico familiar ou exposição a fatores de risco, apresentam maior probabilidade de desenvolver determinados tipos de câncer. Entre os exames recomendados, conforme protocolos do Ministério da Saúde e sociedades médicas, destacam-se:
- Mamografia – recomendada anualmente ou bianualmente para mulheres a partir dos 40 anos, independentemente do histórico familiar, para detecção precoce do câncer de mama;
- Papanicolau – indicado a partir dos 25 anos até os 64 anos, para rastreamento do câncer de colo do útero;
- Colonoscopia – indicada a partir dos 45 anos para adultos sem fatores de risco, podendo ser antecipada para indivíduos com histórico familiar ou condições predisponentes, para prevenção do câncer colorretal;
- PSA e toque retal – recomendados, de forma individualizada, a partir dos 50 anos para homens, ou a partir dos 45 anos para aqueles com histórico familiar ou grupos de risco, para avaliação do câncer de próstata;
- Tomografia computadorizada de baixa dosagem (TCBD) do tórax – indicada para rastreamento do câncer de pulmão em pessoas com histórico significativo de tabagismo (por exemplo, 30 anos ou mais), geralmente entre 55 e 74 anos, visando detectar lesões pulmonares precocemente em grupos de risco.
A indicação e a periodicidade de cada exame devem ser definidas por um profissional de saúde, após avaliação individualizada do risco de cada paciente.
Vacinas na prevenção de cânceres
As vacinas também desempenham papel importante na prevenção de alguns tipos de câncer. Certas infecções virais estão associadas ao surgimento de tumores, e a imunização pode bloquear esse processo.
O exemplo mais emblemático é a vacina contra o HPV (papilomavírus humano), que previne infecções associadas a diversos cânceres, como os de colo do útero, vulva, vagina, ânus, pênis e orofaringe (garganta). A vacina é segura, eficaz e está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) para meninas e meninos a partir dos 9 anos de idade.
Outro imunizante essencial é a vacina contra hepatite B, que protege contra o vírus HBV, um dos principais agentes associados ao câncer de fígado (carcinoma hepatocelular). A vacinação é recomendada para pessoas de todas as faixas etárias que ainda não foram imunizadas.
Acompanhamento médico regular
Manter um acompanhamento regular com profissionais de saúde é uma medida preventiva valiosa, mesmo na ausência de sintomas. Médicos clínicos, ginecologistas, urologistas e outros especialistas podem identificar precocemente sinais de risco, orientar sobre exames apropriados e indicar mudanças no estilo de vida com base nas necessidades individuais.
Essa abordagem personalizada permite um monitoramento mais eficaz da saúde e contribui para a prevenção e o diagnóstico precoce de diferentes tipos de câncer, promovendo maior qualidade de vida e melhores desfechos clínicos.
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Revisor científico
Dra. Fernanda Frozoni Antonacio
Oncologista Clínica
Rede D’or – Hospital Vila Nova Star e Hospital São Luiz Itaim


