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Procedimento médico para câncer de estômago: tipos de cirurgia, recuperação e tratamento complementar

O câncer de estômago, também conhecido como câncer gástrico, é uma das neoplasias malignas mais comuns do trato gastrointestinal. O tratamento inclui diversas abordagens médicas, sendo a cirurgia o principal método curativo quando a doença é localizada e considerada ressecável.

Cirurgia para câncer de estômago

A cirurgia é o tratamento de escolha na maioria dos casos de câncer gástrico localizado. O tipo de procedimento cirúrgico depende da localização, do tamanho do tumor e da extensão da doença:

Gastrectomia parcial

Consiste na remoção de parte do estômago, preservando-se a porção restante do órgão. É indicada quando o tumor está restrito ao antro ou à região distal.

Gastrectomia total

Envolve a retirada completa do estômago. É indicada quando o tumor está localizado no fundo gástrico, na transição esofagogástrica ou acomete grandes extensões do órgão.

Linfadenectomia

Trata-se da remoção dos linfonodos regionais, sendo essencial tanto para o estadiamento quanto para o controle locorregional da doença. A linfadenectomia D2 (remoção de linfonodos de dois níveis) é considerada o padrão em centros especializados.

Cirurgia minimamente invasiva

Técnicas como a laparoscopia e a cirurgia robótica são indicadas em centros com experiência, oferecendo menores taxas de complicação, menor tempo de internação e recuperação mais rápida, com resultados oncológicos semelhantes à cirurgia aberta em casos bem selecionados.

Cirurgia endoscópica

Indicada apenas para lesões iniciais muito superficiais, sem invasão da submucosa, geralmente diagnosticadas por meio de rastreamento. Envolve métodos como dissecção endoscópica da submucosa (ESD).

A escolha entre cirurgia aberta ou minimamente invasiva depende da extensão da doença, da condição clínica do paciente e da experiência da equipe cirúrgica. Após a gastrectomia, realiza-se a reconstrução do trânsito gastrointestinal por meio de anastomoses entre o esôfago ou a porção restante do estômago e o intestino delgado (geralmente o jejuno), permitindo a continuidade da alimentação.

Recuperação de cirurgia de câncer no estômago

O período de recuperação varia conforme o tipo de gastrectomia e as condições clínicas do paciente. Em média, após a gastrectomia parcial, a internação dura entre 5 a 7 dias; já nos casos de gastrectomia total, pode chegar a 8 a 10 dias.

Durante esse período, o paciente pode necessitar de suporte nutricional, incluindo nutrição enteral ou parenteral nos primeiros dias, além de acompanhamento com nutricionista para reeducação alimentar. A capacidade gástrica reduzida após a cirurgia, principalmente nas gastrectomias totais, pode exigir refeições mais frequentes e em menores volumes. O seguimento clínico é essencial para a identificação precoce de complicações como refluxo biliar, síndrome de dumping, perda de peso e deficiência de vitaminas e minerais.

Quantas sessões de quimioterapia são necessárias para o câncer de estômago?

A quimioterapia é frequentemente associada à cirurgia nos estágios II e III do câncer gástrico. O tratamento perioperatório, que combina ciclos de quimioterapia antes (neoadjuvante) e após (adjuvante) à cirurgia, é considerado o padrão em diretrizes nacionais e internacionais, como as da ESMO e NCCN.

Tradicionalmente, o esquema FLOT (5-fluorouracil, leucovorina, oxaliplatina e docetaxel) é amplamente utilizado, com 4 ciclos antes e 4 após a gastrectomia, totalizando cerca de 6 meses de tratamento.

Entretanto, dados recentes do estudo MATTERHORN, um ensaio clínico de fase III, trouxeram evidências promissoras ao avaliar o acréscimo de durvalumabe (um inibidor de PD-L1) ao esquema FLOT no cenário perioperatório do adenocarcinoma gástrico ou da junção esofagogástrica localmente avançado.

Erosões no estômago podem ser câncer?

Erosões gástricas são lesões superficiais da mucosa do estômago e, na maioria das vezes, têm origem benigna. São comumente associadas a fatores como infecção por Helicobacter pylori, uso prolongado de anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), álcool, tabagismo ou estresse.

Contudo, erosões persistentes ou atípicas, especialmente em pacientes com fatores de risco ou sintomas persistentes, devem ser investigadas com endoscopia digestiva alta. Se necessário, realiza-se biópsia para avaliar a presença de displasia ou neoplasia, uma vez que algumas lesões malignos podem inicialmente se apresentar como erosões superficiais.

Considerações finais

A cirurgia continua sendo a principal abordagem curativa para o câncer gástrico localizado, podendo ser combinada com quimioterapia e imunoterapia em casos localmente avançados e, em situações específicas, com radioterapia. A escolha do tipo de procedimento e do tratamento complementar deve ser individualizada, considerando o estágio da doença, o estado geral do paciente e a experiência da equipe médica. O acompanhamento multidisciplinar no pós-operatório é fundamental para garantir recuperação adequada, nutrição adequada e qualidade de vida.

Revisor científico
Dra. Fernanda Frozoni Antonacio
Oncologista Clínica
Rede D’Or – Hospital Vila Nova Star e Hospital São Luiz Itaim

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