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Quais são os tratamentos para câncer colorretal?

O tratamento do câncer colorretal envolve uma abordagem multidisciplinar, que varia conforme o estágio da doença, a localização do tumor, as características moleculares e as condições clínicas do paciente. As principais modalidades terapêuticas incluem cirurgia, quimioterapia, radioterapia, imunoterapia e terapias-alvo, que podem ser utilizadas isoladamente ou em combinação, de acordo com cada caso.

Cirurgia para câncer colorretal

A cirurgia é o pilar fundamental no tratamento do câncer colorretal, especialmente nos estágios iniciais. O procedimento consiste na ressecção do tumor e dos linfonodos regionais, podendo ser realizado por meio de cirurgia aberta, laparoscopia assistida por vídeo ou cirurgia robótica — a escolha depende das características do tumor, da localização e da experiência da equipe cirúrgica.
Nos tumores localizados no cólon, a cirurgia é geralmente a primeira opção com intenção curativa. Já nos tumores localizados no reto, é comum que a cirurgia seja precedida (neoadjuvante) ou seguida (adjuvante) de quimioterapia e/ou radioterapia, com o objetivo de reduzir o risco de recidiva e melhorar os desfechos clínicos.

Quimioterapia no tratamento do câncer colorretal

A quimioterapia pode ser indicada em diferentes momentos do tratamento, como adjuvante (após a cirurgia para eliminar células tumorais residuais), neoadjuvante (para reduzir o tamanho do tumor antes da cirurgia) ou paliativa (em casos avançados ou metastáticos).

Os principais agentes quimioterápicos incluem fluorouracil (5-FU), capecitabina, oxaliplatina e irinotecano, frequentemente utilizados em esquemas combinados, como o FOLFIRI (5-FU, leucovorina e irinotecano) e o FOLFOX (5-FU, leucovorina e oxaliplatina). A capecitabina, uma forma oral do 5-FU, oferece mais comodidade sem perda significativa de eficácia, sendo escolhida conforme o protocolo e o perfil do paciente.

Radioterapia

A radioterapia é mais frequentemente utilizada no tratamento do câncer de reto do que nos tumores do cólon. Sua principal aplicação acontece antes da cirurgia (radioterapia neoadjuvante) para reduzir o tamanho do tumor e facilitar a ressecção, em casos especiais pode ser utilizada após a cirurgia (adjuvante) para diminuir o risco de recorrência local. Em alguns casos, é combinada à quimioterapia (quimiorradioterapia), com efeito sinérgico que potencializa o controle tumoral.

Terapias-alvo e Imunoterapia

Nos últimos anos, o tratamento do câncer colorretal avançado ou metastático tem se beneficiado significativamente com o desenvolvimento de terapias-alvo e imunoterapias. Essas estratégias visam moléculas específicas associadas às células tumorais, proporcionando maior seletividade e menor toxicidade para os tecidos saudáveis.

Anticorpos monoclonais anti-VEGF

O bevacizumabe é um exemplo de anticorpo monoclonal que inibe o fator de crescimento endotelial vascular (VEGF), impedindo a formação de novos vasos sanguíneos (angiogênese), essencial para o crescimento tumoral. A combinação do bevacizumabe com esquemas quimioterápicos demonstrou melhora na sobrevida global em pacientes com câncer colorretal metastático.

Anticorpos monoclonais anti-EGFR

Medicamentos como cetuximabe e panitumumabe atuam bloqueando o receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR), inibindo a proliferação celular. O panitumumabe, aprovado pela Anvisa para o tratamento do câncer colorretal metastático, é totalmente humano e apresenta menor potencial imunogênico. Esses agentes são indicados para pacientes com tumores do tipo RAS selvagem (sem mutações nos genes KRAS e NRAS), já que mutações nesses genes conferem resistência ao tratamento anti-EGFR.

Inibidores de mutações específicas

Pacientes com mutações no gene BRAF (particularmente a mutação V600E) podem se beneficiar de terapias-alvo específicas, como inibidores de BRAF combinados com outros agentes, como inibidores de EGFR. A realização de testes moleculares é essencial para orientar essas decisões terapêuticas de forma personalizada.

Imunoterapia

A imunoterapia tem mostrado eficácia em subtipos específicos de câncer colorretal, como os tumores com instabilidade de microssatélites elevada (MSI-H) ou deficiência na reparação do DNA (dMMR). Nesses casos, medicamentos inibidores de checkpoint imunológico, como os anti-PD-1 (ex: pembrolizumabe e nivolumabe), demonstraram taxas de resposta clínica significativas e duradouras.

A combinação individualizada de cirurgia, quimioterapia, radioterapia, terapias-alvo e imunoterapia tem contribuído para o aumento da sobrevida e da qualidade de vida dos pacientes com câncer colorretal. A participação de uma equipe multidisciplinar — incluindo cirurgiões oncológicos, oncologistas clínicos, radioterapeutas, patologistas e geneticistas — é essencial para definir o plano terapêutico mais adequado para cada paciente, com base em evidências científicas atualizadas.

Revisor científico
Dra. Fernanda Frozoni Antonacio
Oncologista Clínica
Rede D’or – Hospital Vila Nova Star e Hospital São Luiz Itaim

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