O sangramento nasal, chamado tecnicamente de epistaxe, é um evento comum e, na maioria das vezes, não indica nenhuma condição grave. Em grande parte dos casos, ocorre por causas benignas, como clima seco, alergias, pequenos traumas locais (por exemplo, assoar o nariz com força), uso de medicamentos tópicos ou hipertensão arterial. No entanto, em situações menos frequentes, o sangramento nasal persistente ou associado a outros sintomas pode representar um sinal de alerta para condições mais sérias, incluindo tumores nasais ou de vias aéreas superiores.
Quando o sangramento nasal merece atenção médica?
Na maioria das vezes, o sangramento cessa espontaneamente ou com medidas simples, como compressão da narina e inclinação da cabeça levemente para frente. A possibilidade de câncer é bastante rara, mas certos sinais devem motivar uma avaliação médica mais aprofundada:
Sangramentos frequentes
se ocorrerem episódios mais de uma vez por semana, sem causa aparente (como resfriado, trauma ou esforço físico).
Intensidade anormal
quando há dificuldade para estancar o sangue ou quando a quantidade é volumosa e recorrente.
Sintomas associados
Presença de dor facial, obstrução nasal unilateral persistente, secreção nasal purulenta com odor desagradável, diminuição do olfato, surgimento de nódulos no pescoço (linfadenopatia cervical) ou perda de peso inexplicada.
Quais tipos de câncer podem causar sangramento no nariz?
Os tumores relacionados ao sangramento nasal são raros, mas incluem:
- Câncer da cavidade nasal ou seios paranasais: afeta principalmente pessoas expostas ao cigaroo por tempo prolongado e à poeiras industriais (madeira, couro, níquel, cromo, solventes orgânicos). Além da epistaxe, pode provocar dor facial, inchaço ao redor dos olhos, obstrução nasal persistente e mobilidade dentária.
- Câncer de nasofaringe: mais prevalente em determinadas regiões da Ásia e relacionado ao vírus Epstein-Barr (EBV). Pode causar sangramento nasal, obstrução nasal, zumbido e perda auditiva unilateral, especialmente em adultos jovens.
- Tumores benignos: o nasoangiofibroma juvenil é um tumor benigno, mas altamente vascularizado, que ocorre predominantemente em adolescentes do sexo masculino. É caracterizado por episódios repetidos de sangramento nasal, obstrução e, em casos avançados, deformidade facial.
Como é feito o diagnóstico?
Na suspeita de uma causa mais séria, o paciente deve ser avaliado por um otorrinolaringologista, que pode solicitar:
- Nasofibroscopia: exame com câmera para visualização direta da cavidade nasal e identificação de lesões.
- Biópsia: retirada de um fragmento do tecido suspeito para análise histopatológica.
- Exames de imagem: como tomografia computadorizada ou ressonância magnética, úteis para determinar a extensão da lesão e o comprometimento de estruturas adjacentes.
Prevenção e cuidados
É possível reduzir o risco de sangramentos e doenças mais graves com medidas simples:
- Evite fumar e mantenha distância de substâncias químicas irritantes ou potencialmente cancerígenas.
- Use equipamentos de proteção em ambientes com poeiras ou vapores industriais.
- Hidrate as vias nasais, especialmente em ambientes secos, com o uso de soro fisiológico.
Busque avaliação médica se os episódios forem frequentes, acompanhados de sintomas associados ou se não houver melhora com medidas domiciliares.
Importante: A maioria dos casos de sangramento nasal está relacionada a causas benignas, como a fragilidade dos vasos sanguíneos da mucosa nasal, especialmente em climas secos ou em pessoas que usam medicamentos tópicos com frequência.
O tratamento depende da causa
Nos casos em que um tumor é diagnosticado, o tratamento pode envolver cirurgia, radioterapia, quimioterapia e/ou imunoterapia, dependendo do tipo, localização e estágio da doença. Já os sangramentos comuns são tratados com técnicas simples, como cauterização dos vasos ou uso de pomadas cicatrizantes e lubrificantes.
O mais importante é não negligenciar sintomas persistentes. A avaliação precoce permite descartar doenças graves e, se necessário, iniciar o tratamento adequado o quanto antes.
Revisor científico
Dra. Fernanda Frozoni Antonacio
Oncologista Clínica
Rede D’or – Hospital Vila Nova Star e Hospital São Luiz Itaim


