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Síndrome de Li-Fraumeni: o que é, sintomas, diagnóstico, tratamento e se tem cura

Saiba mais sobre essa condição hereditária rara que aumenta o risco de diversos tipos de câncer ao longo da vida, tanto na infância quanto na idade adulta.

Síndrome de li fraumeni: o que é, sintomas, diagnóstico, tratamento e se tem cura

A Síndrome de Li-Fraumeni (SLF) é uma condição genética rara e hereditária que predispõe os indivíduos a um risco significativamente elevado de desenvolver diversos tipos de câncer ao longo da vida. Entre os cânceres mais comuns associados à SLF estão sarcomas de partes moles e ósseos, tumores cerebrais, câncer de mama, tumores hematológicos e carcinoma adrenocortical. Essa síndrome é causada por mutações germinativas no gene TP53, que codifica a proteína p53, fundamental na regulação do ciclo celular e na prevenção do crescimento descontrolado das células.

O que é Síndrome de Li-Fraumeni?

A SLF é uma doença autossômica dominante, o que significa que a presença de uma única cópia mutada do gene TP53 é suficiente para que a pessoa seja portadora da síndrome e tenha um risco aumentado de desenvolver câncer. Indivíduos com SLF não apresentam sintomas específicos da síndrome em si, mas possuem uma predisposição significativa ao desenvolvimento precoce de neoplasias malignas. Estudos indicam que aproximadamente 50% dos portadores desenvolvem algum tipo de câncer antes dos 30 anos de idade, e a maioria é diagnosticada com neoplasias malignas antes dos 70 anos.

Sintomas

Os sintomas associados à SLF estão diretamente relacionados aos tipos específicos de câncer que os portadores podem desenvolver. Alguns dos sinais e sintomas comuns incluem:​

  • Convulsões e dores de cabeça: Podem ser indicativos de tumores cerebrais.​
  • Nódulos na mama: Podem sugerir câncer de mama.​
  • Dor óssea ou inchaço: Podem ser sinais de osteossarcoma ou outros sarcomas ósseos.​
  • Dor abdominal ou massa abdominal: Podem estar associados a carcinoma adrenocortical.
  • Vômitos e sangramento nas gengivas: podem se relacionar com leucemias

É importante ressaltar que a presença desses sintomas não confirma a SLF, mas deve motivar uma avaliação médica detalhada, especialmente em indivíduos com histórico familiar de câncer em idades jovens.

Diagnóstico

O diagnóstico da SLF é confirmado por meio de testes genéticos que identificam mutações no gene TP53. Esses testes podem ser realizados a partir de amostras de sangue ou saliva. A indicação para a realização do teste genético baseia-se em critérios clínicos, como histórico pessoal ou familiar de cânceres associados à SLF em idades precoces. A identificação de uma mutação germinativa no TP53 confirma o diagnóstico da síndrome.​

Acompanhamento

O acompanhamento de indivíduos com Síndrome de Li-Fraumeni (SLF) exige uma vigilância rigorosa devido ao alto risco de desenvolvimento precoce e múltiplo de neoplasias malignas. Diversos protocolos internacionais recomendam estratégias de rastreamento intensivo, sendo um dos principais a realização de ressonância magnética de corpo inteiro (RM-CI) anual, um exame altamente sensível para a detecção precoce de tumores sólidos sem a exposição à radiação ionizante.

Tratamento

Atualmente, não há cura para a SLF. No entanto, os cânceres desenvolvidos por indivíduos com a síndrome podem ser tratados de acordo com o tipo e o estágio da doença no momento do diagnóstico. Devido ao alto risco de múltiplas neoplasias, é essencial um acompanhamento médico rigoroso e contínuo. Medidas preventivas, como cirurgias profiláticas (por exemplo, mastectomia bilateral para reduzir o risco de câncer de mama), podem ser consideradas. Além disso, a adoção de um estilo de vida saudável é recomendada para minimizar riscos adicionais.

Prevalência no Brasil

No Brasil, a SLF apresenta uma prevalência mais elevada em comparação com outras regiões do mundo, principalmente devido à presença da mutação fundadora R337H no gene TP53. Essa mutação é especialmente frequente nas regiões Sul e Sudeste do país. Estudos indicam que, nessas áreas, a incidência da SLF pode ser de aproximadamente 1 a cada 300 pessoas, uma taxa significativamente superior à média global, que varia de 1 em 5.000 a 1 em 20.000 indivíduos. Essa alta prevalência está associada a um efeito fundador, onde a mutação R337H foi transmitida por ancestrais comuns. Consequentemente, há uma maior incidência de cânceres relacionados à SLF nessas regiões, destacando a importância de programas de rastreamento genético e aconselhamento para famílias afetadas.​

A identificação precoce de portadores da mutação R337H permite a implementação de medidas de vigilância e prevenção, visando à detecção precoce e ao tratamento adequado das neoplasias associadas à SLF.​

Revisão médica:

Dra. Fernanda Frozoni Antonacio

Oncologista Clínica

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