Terapia de células natural killer (NK): Explorando o potencial das células NK no tratamento do câncer

As células natural killer (NK) são um tipo de célula do sistema imunológico que tem a capacidade de reconhecer e eliminar as células anormais ou infectadas, como as cancerígenas. As células NK se ativam por meio de receptores que reconhecem moléculas de estresse ou de morte nas células alvo, ou por meio de anticorpos que se ligam às células alvo.

As células NK eliminam as células alvo por meio de mecanismos citotóxicos, como a liberação de grânulos contendo perforina e granzimas, que são enzimas que formam poros na membrana celular e induzem à apoptose (ou morte celular), ou a expressão de moléculas (como FasL e TRAIL), que se ligam aos receptores de morte nas células alvo e ativam a via da apoptose.

A terapia de células NK pode ser realizada por meio de diferentes estratégias, tais como:
Infusão de células NK autólogas: É uma terapia que usa as próprias células NK do paciente, que são coletadas por meio de aférese, ativadas e expandidas em laboratório e depois infundidas no paciente por via intravenosa. A infusão de células NK autólogas visa a aumentar o número e a função das células NK do paciente, que podem estar reduzidas ou comprometidas pelo câncer ou pelos tratamentos.

Infusão de células NK alogênicas: É uma modalidade de tratamento que usa as células NK de um doador compatível, coletadas por meio de aférese, ativadas e expandidas em laboratório e depois infundidas no paciente por via intravenosa. A infusão de células NK alogênicas visa aproveitar o efeito antitumoral das células NK do doador, que podem ser mais eficazes do que as células NK do paciente. A infusão de células NK alogênicas pode ser realizada após um transplante de medula óssea ou como uma terapia isolada.

Infusão de células NK geneticamente modificadas: Caracteriza-se por usar as células NK do paciente ou do doador, que são coletadas por meio de aférese, modificadas geneticamente em laboratório para expressar receptores ou moléculas específicas para o tumor e depois infundidas no paciente por via intravenosa.
A infusão de células NK geneticamente modificadas visa a aumentar a especificidade e a potência das células NK contra o tumor.
Alguns exemplos de modificações genéticas são:

  • A inserção de receptores quiméricos de antígeno (CAR), que são compostos por um fragmento de anticorpo ligado a um domínio intracelular de ativação;
  • A inserção de um receptor de células T (TCR), que identifica os antígenos tumorais expostos na membrana da célula tumoral por meio das moléculas de MHC;
  • A inserção de receptores sintéticos ativadores (SAR), que são compostos por um domínio extracelular ligante conectado a um domínio intracelular de ativação;
  • A inserção ou a remoção de genes que regulam a ativação ou a inibição das células NK.

Esta terapia representa uma nova abordagem que visa explorar o potencial das células NK no tratamento do câncer. Os resultados dos estudos clínicos com a terapia de células NK são promissores, especialmente para pacientes com tumores hematológicos, como leucemia mielóide aguda, leucemia linfocítica crônica, linfoma não Hodgkin, mieloma múltiplo, entre outros.

No entanto, a abordagem ainda está em fase de investigação e requer mais estudos para ser considerada como um tratamento padrão a ser prescrito fora de um contexto de pesquisa clínica.

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