Terapias antiangiogênicas: inibindo o crescimento de vasos sanguíneos em tumores

As terapias antiangiogênicas são tratamentos que visam bloquear a formação de novos vasos sanguíneos nos tumores, impedindo o seu suprimento de oxigênio e nutrientes e limitando o seu crescimento e disseminação. A angiogênese, ou seja, o processo de formação de novos vasos sanguíneos, é estimulada por fatores de crescimento produzidos pelas células normais e tumorais ou pelas células do microambiente tumoral, como o fator de crescimento endotelial vascular (VEGF). As terapias antiangiogênicas atuam sobre esses fatores de crescimento ou sobre os seus receptores nas células endoteliais, que são as células que revestem os vasos sanguíneos.

As terapias antiangiogênicas podem ser divididas em diferentes classes, de acordo com o mecanismo de ação e o tipo de agente usado, tais como:

  • Anticorpos monoclonais anti-VEGF: São proteínas produzidas em laboratório que se ligam ao VEGF e impedem que ele se conecte aos seus receptores nas células endoteliais, bloqueando a sinalização para a angiogênese. Um exemplo de anticorpo monoclonal anti-VEGF amplamente utilizado é o bevacizumabe (para câncer colorretal, câncer de pulmão, câncer renal, câncer ovariano, entre outros) e o ramucirumabe (para câncer gástrico, câncer de pulmão e câncer colorretal); aflibercepte (para câncer colorretal); entre outros.
  • Inibidores de tirosina quinase (TKIs) anti-VEGF: São medicamentos que bloqueiam a atividade dos receptores de tirosina quinase nas células endoteliais, que são ativados pelo VEGF e por outros fatores de crescimento, inibindo a angiogênese. Alguns exemplos de TKIs anti-VEGF usados em Oncologia são: sorafenibe (para câncer hepático e câncer renal e de tireoide); sunitinibe (para câncer renal e câncer gastrointestinal); pazopanibe (para câncer renal e sarcoma); entre outros.
  • Inibidores da integrina alfa-v beta-3: Consistem em fármacos que bloqueiam a atividade da integrina alfa-v beta-3, uma proteína que é expressa nas células endoteliais e que participa da adesão, migração e sobrevivência das mesmas durante a angiogênese. Um exemplo de inibidor da integrina alfa-v beta-3 é a cilengitide e volociximabe.
  • Inibidores da angiopoietina 2: Tratam-se de fármacos que bloqueiam a atividade da angiopoietina 2, uma proteína que é produzida pelas células tumorais e que atua em conjunto com o VEGF para estimular a angiogênese. Um exemplo de inibidor da angiopoietina 2 é o trebananibe.

A terapia de medicamentos antiangiogênicos representa uma abordagem terapêutica alvo-específica e personalizada para o tratamento do câncer. Os resultados dos estudos clínicos com os medicamentos antiangiogênicos têm mostrado benefícios em termos de resposta, sobrevida e qualidade de vida dos pacientes com câncer, especialmente aqueles com tumores altamente vascularizados ou hipóxicos. No entanto, a terapia de medicamentos antiangiogênicos também apresenta limitações, como o desenvolvimento de resistência, a ocorrência de efeitos adversos e o alto custo. Por isso, é importante que os pacientes com câncer sejam avaliados individualmente e orientados pelo médico oncologista sobre as melhores opções disponíveis para o seu caso.

Revisão médica:

Dra. Fernanda Frozoni Antonacio

Oncologista Clínica

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