O tumor cerebral é o segundo tipo de câncer mais comum em crianças e adolescentes, ficando atrás apenas das leucemias. Ele ocorre quando células do cérebro começam a se multiplicar de forma descontrolada, formando uma massa anormal. Essa condição pode ser benigna (não cancerosa) ou maligna (cancerosa), mas, em ambos os casos, a atenção médica especializada é essencial, pois o cérebro é uma área vital para o funcionamento do corpo.
As causas exatas dos tumores cerebrais na infância ainda não são completamente conhecidas. Diferentemente dos tumores em adultos, que frequentemente estão associados a fatores ambientais e hábitos de vida, nos casos pediátricos acredita-se que alterações genéticas, herdadas ou adquiridas, desempenham um papel importante no desenvolvimento da doença.
Principais tipos
Existem diferentes tipos de tumores cerebrais que podem afetar crianças, cada um com características, localização e comportamento próprios. Compreender essas diferenças é fundamental para um diagnóstico preciso e para definir o tratamento mais adequado. A maioria dos tumores infantis está localizada na região da “fossa posterior”, que abriga o cerebelo e o tronco encefálico.
A seguir, alguns dos principais tipos de tumor cerebral infantil:
- Meduloblastoma
É o tumor cerebral maligno mais frequente na infância, originando-se no cerebelo, região responsável pelo equilíbrio e pela coordenação motora. O meduloblastoma tem crescimento rápido e pode se disseminar pelo líquido cefalorraquidiano. Apesar de agressivo, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado aumentam significativamente as chances de controle da doença.
- Astrocitoma
Formado a partir dos astrócitos, células que sustentam e protegem os neurônios, o astrocitoma pode afetar várias áreas do cérebro, especialmente o cerebelo. Em crianças, os astrocitomas de baixo grau são mais comuns e geralmente apresentam bom prognóstico. Os astrocitomas de alto grau, como o glioblastoma, são mais raros e apresentam comportamento mais agressivo.
- Ependimoma cerebral
Embora ependimomas possam surgir em diferentes partes do sistema nervoso, em crianças eles predominam nos ventrículos cerebrais, cavidades por onde circula o líquido cefalorraquidiano. O crescimento do tumor pode provocar acúmulo de líquido no cérebro, resultando em aumento da pressão intracraniana.
- Glioma do tronco encefálico
Esse tumor se desenvolve no tronco encefálico, região essencial para funções vitais, como respiração, controle da fala e movimentos musculares. O glioma pontino intrínseco difuso (DIPG) é uma forma agressiva e de difícil tratamento, devido à localização profunda e sensível, que torna a cirurgia complexa.
- Craniofaringioma
Geralmente benigno, esse tumor surge próximo à hipófise, glândula responsável por regular hormônios essenciais ao crescimento e ao metabolismo. Apesar de não ser canceroso, o craniofaringioma pode afetar o desenvolvimento físico, o metabolismo e a visão da criança, exigindo acompanhamento especializado e abordagem multidisciplinar.
Sinais e sintomas
Os sintomas dos tumores cerebrais infantis variam conforme o tipo, tamanho e localização da lesão. Como o cérebro controla diversas funções corporais, alterações estruturais podem gerar manifestações neurológicas e comportamentais.
Muitos tumores interferem na circulação do líquido cefalorraquidiano, aumentando a pressão intracraniana. Esse quadro, chamado hipertensão intracraniana, pode causar sintomas que exigem atenção médica imediata.
Entre os sinais e sintomas mais frequentes estão:
- Dor de cabeça persistente;
- Alterações visuais;
- Náuseas e vômitos;
- Dificuldade de equilíbrio e coordenação;
- Mudanças de comportamento ou personalidade;
- Fraqueza ou dormência em partes do corpo;
- Crescimento anormal do crânio (em bebês).
Alguns tumores podem causar sequelas neurológicas, principalmente quando afetam áreas sensíveis do cérebro ou quando o diagnóstico é tardio. Possíveis complicações incluem dificuldades motoras, problemas de fala, alterações cognitivas e distúrbios hormonais. O acompanhamento multidisciplinar, envolvendo neurologistas, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos e endocrinologistas, é essencial para garantir o melhor desenvolvimento possível e qualidade de vida, durante e após o tratamento.
Diagnóstico
O diagnóstico precoce aumenta significativamente as chances de sucesso no tratamento. Em presença de sintomas persistentes ou neurológicos, o médico pode suspeitar de tumor cerebral e iniciar uma investigação detalhada. O processo geralmente começa com avaliação clínica, seguida de exames de imagem, como ressonância magnética e tomografia computadorizada.
Em alguns casos, pode ser necessária a realização de punção lombar para análise do líquido cefalorraquidiano ou de uma biópsia cerebral, que consiste na retirada de uma pequena amostra do tumor para exame laboratorial.
Exames complementares, como análises de sangue, avaliação oftalmológica e testes hormonais, podem ser solicitados para investigar efeitos do tumor ou descartar outras condições com sintomas semelhantes.
Tratamentos disponíveis
O tratamento dos tumores cerebrais em crianças depende de múltiplos fatores, incluindo tipo de tumor, localização, grau de agressividade, idade da criança e estado geral de saúde. Em muitos casos, a abordagem terapêutica combina diferentes modalidades, como cirurgia, quimioterapia, radioterapia, imunoterapia e terapias-alvo, além de cuidados de suporte e reabilitação. O objetivo é controlar a doença, minimizar efeitos adversos e preservar a qualidade de vida da criança.
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Revisor científico
Dra. Fernanda Frozoni Antonacio
Oncologista Clínica
Rede D’or – Hospital Vila Nova Star e Hospital São Luiz Itaim
