Aborto de Repetição

Muitos de nós conhecem uma mulher que já sofreu um aborto. Um aborto espontâneo pode gerar sentimento de tristeza em futuros pais, que aguardam ansiosamente a chegada de um bebê.

Aborto de repetição (AR) é a definição do aborto espontâneo que se repete consecutivamente por três vezes ou mais, ocorre antes das 20-22 semanas de gestação, ou com menos de 500g de peso fetal. As causas podem ser inúmeras. Ocorre a cada 1% ou 2% das gestações e causa grande stress para as mulheres e seus familiares.

A condição não é comum, devendo ser solicitados exames criteriosos para investigação. No entanto, apesar de cuidadosa investigação, a causa não é identificável em 40%-50% dos casos. Se identificada, o tratamento é direcionado e específico.

Se não identificada, são sugeridas algumas medidas de mudança do estilo de vida, tais como eliminar uso de álcool, tabaco e cafeína, alimentação saudável e atingir metas de peso”, afirma Dra. Greyce Cristina Ferreira Russo, Ginecologista e Obstetra do Hospital São Luiz São Caetano, da Rede D’Or São Luiz.

A médica também esclarece outras questões. Confira!

Quais são as causas do aborto de repetição?

Podem ter várias associações, e as mais comuns são:

  • Alterações cromossômicas: em número, estrutura, tamanho, etc. O risco de alterações cromossômicas aumenta com a idade materna, portanto, o risco de abortamento aumenta com a idade;
  • Doenças inflamatórias e imunológicas (Trombofilias): Lúpus eritematoso sistêmico, Síndrome de Anticorpo Antifosfolípides (SAAF);
  • Alterações Anatômicas: malformações uterinas, incompetência istmo-cervical;
  • Doenças endocrinológicas: doenças de tireoide descompensadas, diabetes descompensada, hiperprolactinemia, insuficiência de corpo lúteo.

Como tratar o aborto de repetição?

Se identificado, o tratamento é direcionado e específico. Sendo assim, a mulher pode receber a prescrição de progesterona, uso de anticoagulantes e realização de cerclagem.

O uso de progestagênios nas causas não identificáveis não é consenso, e os estudos são inconclusivos, mas costumam ser recomendados, pois não foram vistos efeitos negativos ao seu uso, e alguns estudos mostram uma pequena diminuição (não estatisticamente significativa) no número de abortamentos

Os anticoagulantes não são recomendados sem identificação de trombofilia como causa.

A gestação após vários abortos pode trazer riscos ao bebê?

Abortamentos de repetição prévios não impactam na saúde do bebê que se desenvolve depois, porém há riscos em uma gravidez após curetagens uterinas repetidas. A curetagem uterina é um dos procedimentos realizados para o tratamento de um abortamento. Trata-se de uma “raspagem” do útero e pode causar cicatrizes intrauterinas, o que pode aumentar a chance de um novo aborto, dificultar uma nova gestação ou causar problemas como inserção baixa da placenta.

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