Endometriose e infertilidade

A Endometriose é uma doença inflamatória que modifica o funcionamento normal do organismo. Essa patologia é provocada por células do endométrio (tecido que reveste internamente o útero) que não são expelidas na menstruação, mas deslocam-se no sentido oposto e caem na cavidade abdominal ou nos ovários, onde voltam a multiplicar-se e a sangrar.

Dados da Sociedade Brasileira de Endometriose (SBE) revelam que entre 10% a 15% das mulheres em idade fértil têm endometriose. Essa doença é uma das principais causas da infertilidade feminina, já que entre 30% e 40% das mulheres que sofrem de endometriose são inférteis. Em contrapartida, das mulheres que têm infertilidade, 50% são diagnosticadas com endometriose. Um fato importante é que a maioria das mulheres descobrem que têm endometriose quando encontram dificuldades para engravidar.

Dr. Paulo Ayroza Ribeiro, Ginecologista e Obstetra do Hospital São Luiz Itaim, da  Rede D’Or São Luiz, e Diretor do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Santa Casa de São Paulo e explica que a endometriose acontece quando, durante a menstruação, pequenas gotinhas do sangue, que contêm células do endométrio, ao invés de seguirem o caminho natural – que é passar pelo colo do útero e se exteriorizar pela vagina – voltam pelo interior do útero e caem dentro do abdômen da mulher. “É importante entender também que a mulher com endometriose tem uma certa deficiência imunológica, então não é só ter a célula do endométrio caindo dentro do abdômen, dentro da barriga.”, pontua Dr. Paulo.

Como já foi apontado, a endometriose muitas vezes é responsável pela infertilidade. A questão imunológica está diretamente relacionada com a fertilidade. “As mulheres com endometriose produzem na região pélvica um líquido, que muitas vezes contém anticorpos que dificultam tanto a união do óvulo com o espermatozoide quanto a implantação do embrião dentro do endométrio”, explica Paulo.

A endometriose, por causa de sua característica inflamatória, pode causar deformações dos órgãos da anatomia pélvica. Essas deformações levam, como consequência, à formação de aderências, que acontecem quando estruturas grudam umas nas outras. Segundo o ginecologista, se a tuba uterina gruda no ovário, no útero ou no intestino, por exemplo, essa tuba perde a sua motilidade e capacidade de trazer o óvulo para dentro de si e facilitar a união do óvulo com o espermatozoide. “Então as principais causas da infertilidade em decorrência da endometriose são a deformidade anatômica, as famosas aderências ou as causas imunológicas”, pontua o médico.

Apesar da endometriose ser uma das principais causas de infertilidade, é possível, sim, engravidar com essa condição. A gravidez é possível através do tratamento adequado e, segundo Dr. Paulo, 60% das mulheres que tratam a endometriose conseguem engravidar. O tratamento pode ser medicamentoso, cirúrgico ou através de técnicas de reprodução assistida.

É importante, também, frisar e salientar que muitas mulheres com endometriose conseguem engravidar naturalmente sozinhas. “Tudo depende do diagnóstico, da quantidade (estadiamento da doença) e da extensão da doença, para que então seja possível definir a chance real de cada casal de conseguir engravidar”, conclui.

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