Freio curto da língua em bebês: você sabe como pode afetar a amamentação?

Muitas mães apresentam dificuldades para amamentar logo nos primeiros dias de vida do bebê. Os problemas na amamentação podem ser vários: dores, bico do peito rachado, mamas inchadas e duras, leite empedrado, entre outros. No entanto, existe uma causa, relativamente comum, que não é tão falada como as outras,  a chamada anquiloglossia. Essa condição pode ter outros nomes, como língua presa,  freio curto da língua ou frênulo lingual, e pode trazer sérios problemas na amamentação.

O frênulo lingual, também conhecido como freio lingual, é uma membrana que liga a parte inferior da língua ao assoalho da cavidade oral. Durante a gestação, existe uma pequena porção de tecido embrionário que deveria ter sofrido uma regressão durante o seu desenvolvimento, mas ela permanece na face ventral da língua. “Essa alteração é chamada de anquiloglossia, ou língua presa, e pode restringir os movimentos da língua dependendo do grau da alteração”, explica   Aretha Tatiane Bernardi, fonoaudióloga do Hospital Sino-Brasileiro.

Aretha explica que essa alteração do frênulo lingual pode causar ferimentos nas mamas, a mãe pode relatar dor ao amamentar, pode diminuir a habilidade do bebê de fazer a adequada pega e sucção do leite materno, pode dificultar a estimulação da produção do leite materno e o esvaziamento dessa mama. “ A restrição dos movimentos da língua do bebê pode dificultar extrair o volume necessário que ele precisa durante cada mamada, inibindo o ganho de peso”, ressalta Aretha. Além disso, essa condição pode ocasionar um desmame precoce.

Outras condições podem afetar o aleitamento materno, como: mamilo ferido, baixa produção de colostro de leite, insegurança se o leite é o suficiente para nutrir o bebê naquele momento, dificuldade de pega do recém-nascido, devido ao tipo de mamilo da mãe. “Todas essas são condições que podem atrapalhar a amamentação. Por isso, manobras de massagem e orientação para que o bebê realize uma pega correta são importantes”, pontua Aretha.

Além de dificultar a amamentação, a anquiloglossia pode dificultar a fase de introdução da papinha do bebê. “Como a língua está mais presa, não tem tanta movimentação, lateralização ou anteriorização, podendo dificultar o momento da mastigação, da deglutição e, posteriormente, na aquisição da fala”, explica a fonoaudióloga. A criança com essa restrição de movimentos da língua não consegue falar corretamente determinados fonemas, resultando  nas trocas articulatórias.

As taxas de prevalência da anquiloglossia variam de 0,52% a 21%. Essa taxa pode ter sido subestimada em alguns estudos, nos quais não foi utilizado um instrumento de avaliação padronizado. Por isso, no Brasil, em junho de 2014, foi sancionada a Lei Federal n° 13.002, que obriga a realização do diagnóstico precoce da anquiloglossia em todas as maternidades do país.

A avaliação do frênulo lingual pode ser feita pelo médico pediatra ou pela fonoaudióloga. Aretha explica que no protocolo de avaliação é observada a aparência da língua, a fixação do frênulo, a elevação (ou não) de língua, a protrusão de língua (caso haja), o formato da língua, a inserção do frênulo, se a ponta da língua consegue ir atrás da gengiva, se fica sobre a gengiva.

Depois da realização desse protocolo, a fonoaudióloga dá uma nota de zero a oito para a avaliação.  “Oito é quando está normal, mas mesmo assim há uma avaliação na amamentação para ver se há algo que possa melhorar, como por exemplo a posição do bebê”, explica Aretha. Quando a nota do protocolo inicial é de quatro a cinco, a amamentação é avaliada ainda mais cautelosamente, para saber se, mesmo com o problema no frênulo, o bebê consegue sugar o leite corretamente, extraindo a quantidade de leite e de colostro suficiente para alimentá-lo, para ganhar peso.

Nos casos em que a nota da avaliação inicial é de zero a três, Aretha explica que geralmente é indicada a cirurgia de frenotomia ou frenectomia. “Quem faz essa cirurgia é o cirurgião-dentista ou a equipe de cirurgião-pediatra e, em alguns casos, pediatras fazem a cirurgia”, conclui Aretha Bernardi.

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