Estima-se que 246 milhões de indivíduos no mundo tenham perda moderada ou severa da visão, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A mesma entidade aponta que 2/3 das pessoas cegas são mulheres. Mesmo com um número tão expressivo, a grande maioria das maternidades, sobretudo as públicas, não contam com recursos de acessibilidade para atender a esse público.
Um estudo realizado em Fortaleza, no Ceará, entrevistou 20 mães cegas para compreender o acolhimento das pessoas com deficiência visual nos serviços de saúde pública. Além da falta de preparo dos profissionais para atendê-las, constatou-se que as gestantes não recebem as informações necessárias sobre o cuidado materno e infantil. Também foi relatado que os exames do pré-natal se limitam aos testes físicos, como a medição da circunferência abdominal.
Durante a gestação da mulher com ausência ou redução da visão, a maior deficiência enfrentada é a falta de humanização e acessibilidade nas unidades de saúde. E, para minimizar esses obstáculos, hospitais e maternidades devem adotar cuidados especiais, além de implementar técnicas e recursos que contribuam para a satisfação e a dignidade da paciente.
Preparo da equipe
O primeiro passo para assegurar uma assistência humanizada e respeitosa é investir na implementação do treinamento pessoal. Muitas vezes, os profissionais da área de saúde não contam com formações que visam capacitá-los para atender de maneira apropriada às gestantes com deficiência visual. A comunicação e a relação interpessoal entre equipe e paciente devem ser adaptadas para esse público, buscando evitar o descumprimento dos seus direitos e atitudes capacitistas.
Piso tátil
Instalar esse recurso nas unidades de saúde faz toda a diferença. Afinal, serve para orientar as pessoas cegas ou com baixa visão, garantindo maior segurança e autonomia. Os pisos táteis buscam alertar a paciente sobre obstáculos à frente, como escadas e portas de elevadores, além de direcionar o seu trajeto em ambientes amplos. Eles são feitos de borracha antiderrapante e possuem texturas que os diferenciam do piso comum.
Sinalização em braille
O braille é um sistema tátil usado para a escrita e a leitura de pessoas cegas ou com baixa visão. A sinalização em braille pode ser colocada em um corrimão para facilitar a sua locomoção, mas também deve constar em placas, como aquelas utilizadas para indicar a sala do médico ou o banheiro, por exemplo.
Audiodescrição
Traduzir imagens em palavras é a principal função da audiodescrição. Esse recurso pode ser especialmente importante durante o parto de mulheres com deficiência visual, além de ser utilizado em situações como o primeiro ultrassom e o chá de bebê. Com riqueza de detalhes, a mãe consegue “enxergar” momentos mágicos como o de dar à luz.
Impressão 3D
Tocar o filho pela primeira vez, antes mesmo do seu nascimento, é uma experiência emocionante, sobretudo para as gestantes com deficiência visual. Isso é possível por meio da impressão 3D feita em gesso, capaz de reproduzir réplicas da criança. Dessa forma, a paciente pode sentir o formato, a posição e o tamanho do filho ainda na barriga.
Na Maternidade São Luiz Star, as mães cegas ou com baixa visão recebem uma placa com a imagem em 3D do rosto do bebê. A unidade conta com todas as especialidades para atendimento a gestantes e recém-nascidos e ainda oferece serviços de diagnóstico por imagem, cirurgia fetal e cirurgia neonatal.



