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O que são tumores de disseminação lateral (LSTs)?

Os tumores de disseminação lateral, chamados LSTs (do inglês Laterally Spreading Tumors), são lesões predominantemente planas ou ligeiramente elevadas que se desenvolvem na mucosa do cólon e do reto. Por definição, tratam-se de lesões não-projetantes com diâmetro geralmente ≥ 10 mm, que se espalham horizontalmente ao longo da superfície mucosa em vez de crescer em forma de pólipo pediculado ou sésseil.

Diferentemente dos pólipos redondos tradicionais, os LSTs ocupam áreas extensas da parede intestinal, o que pode dificultar sua visualização em exames convencionais quando não são usados métodos de imagem endoscópica aprimorados.
A detecção precoce e o tratamento adequado dessas lesões são fundamentais, uma vez que elas são lesões pré-malignas com potencial para evoluir para câncer colorretal se não identificadas e manejadas corretamente.

Tipos de tumor de disseminação lateral

A classificação dos tumores de disseminação lateral (LSTs) é baseada principalmente na aparência observada durante a colonoscopia, especialmente na textura da superfície e na forma de crescimento da lesão. Essa divisão ajuda a prever o risco de malignidade e orienta qual é a melhor técnica para remoção.

De acordo com a morfologia endoscópica, os LSTs são divididos em dois grandes grupos:

1. LST granular (G-LST)

Caracteriza-se por uma superfície com aspecto granular ou nodular. Esse tipo é subdividido em:

  • Granular homogêneo: apresenta granulação uniforme; geralmente possui risco menor de invasão submucosa.
  • Granular misto (mixed-nodular): apresenta áreas nodulares maiores misturadas à superfície granulada; está associado a maior risco de invasão, especialmente quando há nódulo dominante.

2. LST não granular (NG-LST ou flat/non-granular)

Possui superfície mais lisa e plana, tornando sua detecção mais difícil. Pode se apresentar de duas formas:

  • Elevado não granular (flat elevated): discreta elevação da lesão.
  • Pseudodeprimido: apresenta uma pequena depressão central, sendo o subtipo com maior probabilidade de invasão submucosa, mesmo em lesões de tamanho aparentemente pequeno.

Risco de malignidade conforme o subtipo

Entre todas as classificações, os subtipos que apresentam maior risco de invasão submucosa (e, portanto, maior potencial maligno) são:

  • LST granular misto, devido à presença de nódulo dominante;
  • LST não granular pseudodeprimido, reconhecido como o subtipo mais preocupado do ponto de vista oncológico.

Estudos multicêntricos e meta-análises demonstram que esses subtipos possuem taxas significativamente maiores de invasão em comparação com os tipos granular homogêneo ou não granular elevado.

Características clínicas

Os LSTs crescem horizontalmente ao longo da mucosa e frequentemente têm grande área de superfície (tamanho aumentado, ≥ 10 mm). Apesar da dimensão, sua elevação pode ser discreta, e a coloração por vezes é muito semelhante à da mucosa adjacente, o que dificulta a identificação sem técnicas endoscópicas adequadas. A probabilidade de invasão submucosa depende do subtipo morfológico (por exemplo, NG-pseudodeprimido tem risco significativamente maior que G-homogêneo), do tamanho e da localização da lesão.

Sinais e sintomas

Na maioria dos casos os LSTs são assintomáticos, especialmente nas fases iniciais, e são detectados em exames de rastreamento ou durante colonoscopias por outros motivos. Quando presentes, os sintomas costumam ser inespecíficos e semelhantes aos de outras lesões colônicas, por exemplo:

  • sangramento retal (por vezes discreto);
  • alterações persistentes no hábito intestinal;
  • dor ou desconforto abdominal (menos comum).

Qualquer sintoma intestinal persistente deve ser avaliado por um médico (coloproctologista ou gastroenterologista).

Causas

Os LSTs, assim como outras lesões adenomatosas do cólon, originam-se de alterações celulares da mucosa que podem evoluir por uma sequência neoplásica. Embora a transformação específica de um LST para carcinoma dependa de múltiplos elementos, fatores associados ao risco de lesões pré-neoplásicas e câncer colorretal incluem:

  • fatores alimentares e de estilo de vida (baixo consumo de fibras; alto consumo de carne vermelha e processada; obesidade; sedentarismo);
  • tabagismo e consumo excessivo de álcool;
  • doenças inflamatórias intestinais crônicas (p. ex. retocolite ulcerativa, doença de Crohn), quando de longa duração aumentam o risco de neoplasia;
  • síndromes genéticas (p. ex. polipose adenomatosa familiar — PAF — e síndrome de Lynch).

Esses fatores são reconhecidos nas revisões e diretrizes sobre epidemiologia do câncer colorretal.

Diagnóstico

O exame diagnóstico de referência é a colonoscopia com inspeção minuciosa da mucosa. Devido à apresentação muitas vezes sutil, técnicas complementares melhoram a detecção e caracterização:

  • Cromoendoscopia (tinta aplicada localmente): É uma técnica em que o médico aplica uma pequena quantidade de corante diretamente na mucosa do intestino durante a colonoscopia. Esse corante ajuda a realçar o contorno da lesão, facilitando sua visualização e destacar o “pit pattern”, que é o desenho natural formado pelas glândulas da mucosa. Esse padrão ajuda a identificar se a lesão é mais superficial ou se apresenta características suspeitas que aumentam o risco de câncer.
  • Imagem aumentada / NBI / magnificação: Esses recursos utilizam tecnologias da própria colonoscopia para aumentar e ressaltar detalhes da mucosa sem necessidade de corante.
  • NBI (Narrow Band Imaging) é um tipo de filtro de luz que melhora a visualização dos vasos sanguíneos superficiais.
  • A magnificação amplia a imagem, permitindo observar detalhes muito pequenos da superfície.

Em lesões com suspeita de invasão profunda, exames adicionais (p. ex. ecoendoscopia ou tomografia) podem ser considerados para estadiamento local.

Tratamentos

A escolha do tratamento depende do tamanho, subtipo morfológico, sinais endoscópicos de invasão submucosa e da possibilidade técnica de ressecção completa:

  • Ressecção endoscópica é a primeira linha quando possível. Para lesões superficiais e de menor risco usa-se com frequência a ressecção endoscópica da mucosa (EMR). EMR é efetiva para muitas LSTs e tem boa relação risco/benefício.
  • Dissecção endoscópica da submucosa (ESD) permite ressecção em bloco (en-bloc) de lesões maiores ou quando há suspeita de invasão limitada à submucosa superficial; é tecnicamente mais complexa, com maior tempo de procedimento e demanda de experiência, mas reduz recidiva local quando indicação adequada. Diretrizes europeias sugerem considerar ESD para lesões com suspeita de invasão limitada ou quando EMR não permite ressecção completa em bloco
  • Cirurgia (colectomia segmentar) é indicada quando há evidência de invasão profunda, câncer invasivo com risco de disseminação, linfonodos acometidos, ou quando a ressecção endoscópica não é factível ou segura. Em casos de carcinoma invasivo confirmada, o tratamento cirúrgico pode ser complementado por oncologia (quimioterapia e/ou radioterapia), conforme estadiamento e condutas do oncologista.

A decisão terapêutica deve ser individualizada, idealmente em centros com experiência em terapias endoscópicas avançadas e discussão multidisciplinar quando necessário

Leia também: Quais são os tratamentos para câncer colorretal?

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Revisor científico
Dra. Fernanda Frozoni Antonacio
Oncologista Clínica
Rede D’or – Hospital Vila Nova Star e Hospital São Luiz Itaim

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