É possível parto normal após cesárea?

As mães que tiveram o primeiro parto com cesariana e estão passando por uma nova gravidez se perguntam se é possível ter um parto normal para o próximo filho. Existe um mito de que parto normal após cesárea não é seguro. No Brasil, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), 57% dos nascimentos acontecem cirurgicamente. Esse número está bem acima dos 15% recomendados pela organização.

O VBAC (sigla para Vaginal Birth After Cesarian, em inglês), como é chamado o parto normal depois de uma cesárea, é uma pauta recorrente na gravidez, já que existe a chance de ruptura uterina. “Uma nova cirurgia aumenta o risco de hemorragia e transfusão sanguínea, lesões de bexiga e intestino e acretismo placentário nas gestações“, explica Dr. Gustavo Ventura, Ginecologista e Obstetra do Hospital São Luiz Itaim, da Rede D’Or São Luiz

No entanto, é possível sim ter um parto normal após cesárea. Segundo a OMS, de 60% a 80% das gestantes podem ser submetidas a um parto normal depois da primeira cesárea, sem riscos graves para a saúde da mãe e do bebê. Dr. Gustavo explica que no Brasil existe o mito de que uma vez cesariana, sempre cesariana. “Então a decisão do parto de uma mulher com cesariana prévia é sempre feita com base nas orientações acerca dos riscos”, pontua o médico.

A respeito do tempo após uma cesárea que se pode ter um parto normal, o médico ginecologista explica que o risco de ruptura uterina sempre vai existir, mas que estudos recentes apontam que esses riscos são menores após 18 meses da cesariana.

Em contrapartida, a recomendação da FEBRASGO em seu último Tratado de Obstetrícia inclui a mulher com duas ou mais cesarianas prévias no grupo de indicações relativas para uma nova cesariana. “Isso ocorre pois há um aumento substancial no risco de ruptura uterina ao se comparar com o grupo de apenas uma cesariana anterior”, explica.

Segundo o médico, é possível, sim, haver parto normal após mais de uma cesárea. “Porém, o obstetra deve orientar acerca dos riscos de ruptura uterina e estar atento aos sinais de iminência dessa ruptura, encaminhando para uma nova cesariana e resguardando o binômio mãe e filho”, conclui.

Encontre um especialista