Hiperêmese gravídica – incidência maior de vômitos na gestação

A maioria das mulheres grávidas sofre com enjoos e vômitos durante a gestação. Esse problema afeta cerca de 80% das gestantes nas primeiras semanas de gravidez, mas esses sintomas geralmente diminuem ou desaparecem depois da 14ª semana. A condição tem o nome de êmese gravídica e é decorrente das mudanças hormonais da gestante.

No entanto, 1% das mulheres grávidas sofre de hiperêmese gravídica, uma condição em que a frequência de enjoos e vômitos é mais elevada do que a média da população e impossibilita que a mulher se alimente como esperado e impede a mulher de ter uma rotina normal. Uma mulher com hiperêmese gravídica pode vomitar até 50 vezes por dia, e essa condição pode levar a um quadro de desidratação, que demanda internação hospitalar.

Conversamos com a Dra. Aline Mara Barreira Begoti, ginecologista e obstetra do Centro Médico – Hospital e Maternidade São Luiz Anália Franco, sobre essa condição.

O que causa a hiperêmese gravídica?

Tanto a êmese quanto a hiperêmese estão relacionadas com os níveis do hormônio hCG, produzido pela placenta. Quanto maiores os níveis do hormônio, maiores as chances de de êmese e hiperêmese. Porém, nem sempre essa afirmação é verdadeira, já que a hiperemêse gravídica é mais comum em mulheres com algum distúrbio psicológico, como depressão. “A causa ainda não está bem definida, acredita-se que está relacionada aos elevados níveis de Beta HCG, mas também a fatores emocionais, nutricionais e metabólicos”, explica a médica.

Qual a diferença entre hiperêmese e o enjoo/vômito normais da gestação?

A náusea e o vômito são condições clínicas comuns reversíveis, em sua maioria com tratamento medicamentoso ambulatório e dieta adequada”, explica Aline. Já a hiperêmese gravídica ocorre em 0,5% a 2% das gestações e se caracteriza por vômitos mais frequentes, que não respondem ao tratamento. Os vômitos excessivos podem causar desidratação, alterações hidroeletrolíticas e perda de peso. Segundo a médica, como a gestante não consegue se alimentar nem ingerir líquidos, o quadro pode levar a internação hospitalar, para que se possa administrar fluidos e alguns nutrientes por via intravenosa.

Quanto tempo dura a hiperêmese gravídica?

O início pode ser em torno da 5ª semana de gestação, o pico entre a 8ª e a 9ª semanas de gestação e a condição cessa, geralmente, na 16ª semana. “No entanto, há casos em que a gestante persiste com os sintomas e, portanto, é necessária a investigação da presença de outras doenças e do acompanhamento multidisciplinar”, pontua.

Quais os riscos da hiperêmese gravídica e como isso afeta o bebê?

O principal risco é a desidratação e a perda de peso da gestante no primeiro trimestre. “Isso pode causar alterações metabólicas, que, em alguns casos, pode acarretar na internação hospitalar”, explica Aline. As mulheres afetadas apresentam baixo risco de aborto espontâneo, mas existe o risco de parto prematuro. “Em geral não há repercussão fetal, no entanto, em casos mais graves, o bebê pode apresentar um ganho de peso inadequado ou até parto prematuro”, afirma a médica.

Quais as recomendações para quem sofre de hiperêmese gravídica e qual a melhor maneira de lidar/tratar a condição?

A gestante que sofre dessa condição deve estar sempre monitorada pelo médico pré-natal e por um nutricionista. A recomendação principal é evitar alimentos gordurosos, frituras e doces. A mulher precisa consumir alimentos de digestão fácil e evitar comer muito “O ideal é optar por alimentos secos ou dieta líquida fria”, conclui a médica obstetra.

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